Por Renata Bezerra de Melo/Folha Política
A filiação do governador Flávio Dino e do deputado federal Marcelo Freixo ao PSB, ontem, avaliam parlamentares da sigla, confere uma nitidez ideológica do caminho que o partido adotará no pleito de 2022. Os discursos, feitos durante o evento em que ambos se filiaram, em Brasília, foram marcados por falas no seguinte sentido: a eleição será plebiscitária e é preciso derrotar o bolsonarismo para evitar um regime de exceção. “Não podemos cometer erros e minimizar o mal. Derrotá-lo (Bolsonaro) não é tarefa de poucos, nem de muitos. É de todos. Temos que nos unir. A conjuntura não comporta posturas narcisistas nem celebração de nossas virtudes. A conjuntura exige que nos juntemos”, pregou Dino. Freixo afirmou que a disputa eleitoral do ano que vem “pode ser a última”, porque a “democracia está em risco”. O PSB caminha com a responsabilidade de apontar “uma saída”, apresentar um pensamento e juntar um time que represente a unidade do campo das esquerdas numa construção capaz de contemplar também o centro. Dino e Freixo são vistos como nomes que carregam histórico de vida orgânica e partidária e que chegam como um marco da retomada do curso natural da história do PSB. Em outras palavras, a sigla enfrentou diversos questionamentos desde que adotou a posição de apoiar Aécio Neves, no 2º turno, em 2014.
As novas filiações carregam, agora, o efeito de um verniz de esquerda. Em meio a esse ambiente, o encontro que o prefeito do Recife, João Campos, registrou em suas redes sociais com o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho, ontem, embora tenha provocado um zum zum zum entre aliados, não gera, nas coxias do PSB, expectativas de reaproximação na prática. João conversou com Fernando, ontem, antes do ato de filiação e os dois marcaram uma reunião com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Os três foram à mesa por volta das 12h30. A pauta foi administrativa: ações para melhoria da infraestrutura da cidade com ampliação de parcerias com banco público. Como, em política, os gestos contam, Houve, no PSB, nos bastidores, quem lembrasse que os Coelho são os maiores adversários dos socialistas no Estado e que a chance seria zero de uma recomposição. A conferir.