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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Neste ano que de forma voluntária estou aderindo ao ócio criativo, desenhado pelo italiano Domenico de Masi na virada do século passado, remeto a atenção dos internautas para as diversas formas como trataram o assunto ao longo dos tempos, sob diversos ângulos.
Na bíblia encontramos em 1 Coríntios 3.8 “… cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho”; em Eclesiastes 3.13 “… que todo homem, coma e beba e goze do bem de todo o seu trabalho…” o Alcorão 37.61 registra: “Que trabalhem por isso, os que aspiram lográ-lo!”. Considerando que minha subsistência terá origem no rendimento da aposentadoria e das economias feitas durante a fase ativa, espero atender estes antigos preceitos.
Voltaire, filosoficamente ensinou: “O trabalho nos afasta de três grande males: o ócio, o vício e a pobreza”. Como o ócio que almejo é o ócio criativo, não tenho energias capazes de absorver vícios e a pobreza nos ronda trabalhando ou não. Acredito que posso passar pelo teste do filósofo sem grandes embaraços.
Adam Smith ponderou: “Onde predomina o capital o trabalho prevalece”. O pensador por não ter convivido com o neoliberalismo deixou de assistir a plena negação do seu pensamento. Em tal sistema econômico o predomínio e prevalência são do capital, do capital e capital, nada sobra para o trabalho.
Existe um ditado europeu que afirma: “Se o trabalho dá saúde, que trabalhe os doentes”. Pelo que acima narrei e pela minha vida laboral nego este ditado ao sugerir: “Trabalhemos com sentido de missão, quando o trabalho virar um estorvo, troque de trabalho”.
Em resumo o que pretendo é usar de forma lúdica e lúcida os recursos que gerei, inclusive via aposentadoria, na época de trabalho árduo. Não pretendo deixar de trabalhar definitivamente, desejo produzir em escala compatível com a capacidade de uma máquina que durante quarenta anos foi muitas vezes exposta a condições adversas e com alta sobrecarga de tensão e entrega.
Jamais direi que a missão está cumprida, tal afirmativa não consta em meu dicionário. Sempre temos algo para fornecer ao mundo que nos rodeia e dele receber. Neste espaço estarei cada segunda-feira, no face book postarei poemas aos domingos e na condição de voluntário ajudarei, sem medir esforços, aos que necessitarem da ação cidadã de um nordestino de volta ao lar.
O Norte será trocado pelo Nordeste e o trabalho regular e sistematizado será permutado pelo trabalho espontâneo e sem amarras legais, assim espero. Uma coisa está clara: Somente Deus sabe quando, onde, e como iremos parar, o resto é suposição cuja realização total depende de ação do agente.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Quando em agosto de 2012 optei por parar minhas atividades laborais no Pará e voltar ao nordeste em 2015 desconhecia que os motivos escondidos em minha carcaça humana foram escritos em 1647 por Baltazar Gracián, no livro “A arte da prudência”.
No aforismo cento e dez o espanhol escreveu: “Constitui uma máxima para quem é prudente abandonar as coisas antes de ser abandonado por elas. Devemos fazer até do nosso fenecer um triunfo. Às vezes, o próprio Sol se esconde por trás de uma novem, de modo que ninguém o veja se pôr, deixando-nos em dúvida se já se pôs ou não. Não fique esperando lhe darem as costas, que o sepultarão vivo para seu pesar e morto para a estima. Os prudentes sabem quando aposentar um cavalo de corrida, e não esperam que este caia no meio da carreira para provocar o riso de todos. Que a beleza quebre o espelho sagazmente, na hora certa, e não tarde demais, quando este lhe revelará a verdade”.
Comprei o livro em julho de 2014, quase dois anos após a decisão, mas, seu conteúdo veio para sanar qualquer dúvida sobre o novo caminho. Tenho, neste momento, plena convicção que a hora é esta.
Em 1971 quando deixei o Sítio Quixaba em Jabitacá para estudar em Iguaraci era somente um jovem cuja única ambição era concluir o ginásio. Em 1972 ao chegar a Afogados da Ingazeira comecei a sonhar mais alto. O ingresso no Banco do Brasil em 1977 deu novo rumo em minha vida. A grande escola “BB” moldou o profissional, o cidadão foi moldado com leituras, muitas leituras e aprendizado duro pelo Brasil..
Fora do Banco tive vários mestres, os dois maiores Aniceto Elias de Brito, na fase anterior e Leonildo Borges Rocha na fase posterior. Ambos empresários cujos olhares sempre estiveram muito além do tempo que nasceram. O primeiro ainda nos recebe em sua residência e na empresa lá no interior de Pernambuco, o segundo nos deixou em julho de 2013. Os ensinamentos ficarão até os últimos dias da minha existência e foram repassados via salas de aulas e empresas públicas e privadas onde atuei.
Sai de cena o Gerente, o Professor, o Diretor Financeiro. Entra em campo “Ademário” nome de batismo pelo qual os amigos de infância ainda me chamam, volta a atuar “Mané do Carvão” apelido que Quincas Rafael colocou no final dos anos 60, reassume a cadeira “Desmantelo” forma como sempre fui tratado por Júnior de Zé Mariano e retoma o posto “Papa-Sebo” alcunha pela qual fui tratado no Banco do Brasil – após ser batizado pelo colega Edson Bigodão -, depois foi abreviado para somente para “Papa”, nada disso foi ou será bullying. Entre amigos isto não existe. Que 2015 seja de paz e luz para todos nós.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Diante da nossa mania de apontar o dedo em direção às Câmaras de Vereadores, às Assembleias Legislativas, à Câmara dos Deputados e ao Senado para denegrir a imagem de tais instituições em época de votações de alto interesse do executivo, movidos pelas denúncias de favorecimentos aos parlamentares, nesta penúltima crônica de 2014 convido os internautas para uma reflexão sobre como operam os parlamentos no Brasil e no mundo.
Neste mesmo espaço em 18.03.13 na crônica “O xerife virou inspetor de quarteirão” fiz alusão à forma que ocorreu a votação das propostas do Presidente Abraham Lincoln, conforme cenas do documentário “Lincoln, de 2012”.
Nesta oportunidade transcrevo texto do livro “Como a picaretagem conquistou o mundo – Equívocos da modernidade”, de Francis Wheen. Ao narrar à votação que selou a queda do trabalhista James Callaghan e levou a conservadora Margaret Thatcher ao poder.
Assim escreveu o repórter do Reino Unido: “O debate foi precedido por barganhas febris e, em muitos casos, burlescas. Depois de conquistar os nacionalistas galeses na última hora, mediante a promessa de um novo projeto de compensação para os mineradores de carvão que sofrem de doenças pulmonares… O Ministro do Trabalho, Roy Hattersley, deu a Frank Maguire, deputado independente por Fermanagh e South Tyrone, três garrafas de uísque e a promessa de uma investigação sobre os preços dos alimentos na Irlanda do Norte. Alguns unionistas do Ulster tentaram sem sucesso trocar seus votos pelo compromisso da construção de um dispendioso gasoduto para o gás natural sob o mar da Irlanda”.
Em referida obra Wheen afirma que a Dama de Ferro antes de assumir o posto recitou palavras de São Francisco de Assis oportunas para o momento, segundo seu juízo de valor.
Da forma que na crônica de março de 2013 apresentei dados comprovando que o “mensalão” não foi criação da dupla Marcos Valério e Eduardo Azeredo agora apresento fatos que garantem que a paternidade da politica “dando que se recebe” não é do nosso parlamento, conforme mencionou o Deputado Roberto Cardoso Alves, líder do Centrão na época de Sarney.
Precisamos entender que o parlamento é o universo dos debates, das negociações, dos acordos e das trocas de favores. O problema é que nossos parlamentares, alguma vezes, têm exagerado na dose de favores e as compensações algumas vezes são impublicáveis em ambientes onde a moral se faça presente. Neste momento vamos perdoar nossos “negociadores” e orar para que sejam franciscanos na cobrança da fatura.
Por: Ademar Rafael
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PLANOS DE SAÚDE
Os planos de saúde no Brasil jogam por terra uma das máximas do mundo dos negócios que afirma: “O negócio é bom quando é bom para os dois lados”. Esta teoria foi perfeitamente adaptada por Celso Russomanno para angariar votos, via programa popular em que as operadoras de planos de saúde têm presença contumaz.
O mercado de plano de saúde possivelmente é o único setor da economia que é ruim para os quatro lados. As operadoras dizem que o sistema está em fase de exaustão, os usuários enchem os PROCONS e as ouvidorias de reclamações, as clínicas e os médicos dizem que o sistema é péssimo e a ANS – Agência Nacional de Saúde reconhece as deficiências e fica brincando com as operadoras. Suspende a venda de determinados planos, autoriza comercialização dos mesmos com nova roupagem e assim a roda gira.
Para tentar entender vamos aos números. Em 2013 o sistema que conta com algo próximo a mil operadoras faturou R$ 108 bilhões em mensalidades e contrapartidas de 50 milhões de usuários. Segundo dados oficiais as despesas das operadoras ficaram em torno de R$ 90 bilhões no mesmo período.
Em uma economia que cresceu somente 2,3% ao ano quem explora uma atividade com lucro de 16,6% no mesmo horizonte temporal – R$ 18 bilhões (R$ 108 – 90) -, alegar exaustão é algo estranho. Outro fato que causa perplexidade é o em 2014 o setor continua crescendo em faturamento e número de adesões. Que crise é esta amigas operadoras?
Para os usuários o sistema é bruto. No dia 31.07.14, por volta de 11h30min, fui a uma grande clínica na cidade de Porto Velho-RO para marcar uma consulta com um especialista utilizando meu plano de saúde. A atendente comunicou que teria vaga no dia 20.08.14. Perguntei: “Se for pagamento em dinheiro?”. Ela respondeu: “Temos vaga hoje às 14 horas”. Esta situação é repetida, com maior ou menor prazo em todo país.
As clinicas e os médicos alegam que os valores pagos pelos planos de saúde não cobrem os custos. Os médicos abrem o jogo: “Como posso deixar de atender um paciente que paga R$ 350,00 por uma consulta para atender um usuário de um plano que repassa R$ 40,00? Tenho custos elevados”.
A Agência Nacional de Saúde tem uma vinculação promíscua com o setor, é menor que a força dos fiscalizados, diz que fiscaliza e nada faz. Suspensão de vendas de planos não atinge o bolso das operadoras o volume de recursos dos planos contratados continua ingressando no caixa.
Uma coisa é certa os usuários têm razão plena em reclamar, os médicos têm razão parcial. Quanto às razões das operadoras e da ANS? Decida você caro leitor.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Sempre que são realizadas as provas dos famigerados ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes e ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio é o mesmo “lengalenga”.
São questões burramente respondidas, quesitos e mais quesitos anulados pela indústria de cursinhos e vazamento de temas de redação, gabaritos e outros. Um dia entenderei porque o Ministério da Educação continua insistindo em “coisas” tão manipuláveis como os “exames” em questão.
As faculdades e as universidades brasileiras buscam de forma “criminosa” estimular seus alunos a demonstrarem, durante as provas do ENADE, uma capacidade que não têm. São cursinhos, atividades de nivelamento, seminários e outros mecanismos para tentar fazer o que deveria ter sido feito durante os cursos: Formar bons profissionais.
Para alcançar a nota CINCO vale tudo e muito mais. Ao ser publicado o edital com as regras a “corrida maluca” é iniciada. As gráficas imprimem provas anteriores, provas com similaridades extraídas de concursos públicos, apostilas, simulados e outras ferramentas. A ordem geral é: Decore e faça uma boa prova, sua instituição de ensino deve ficar bem na foto.
A compensação vem de vários formatos. São prêmios, notas adicionais em provas regulares, viagens, descontos em mensalidades. A criatividade não tem limite. O Ministério da Educação tudo sabe e nada faz para impedir.
No caso do ENEM o estrago é maior. O certame é a porta de entrada para grande número de faculdades e universidades brasileiras e é pré-requisito para adesão a programas do governo dentro e fora do país.
Já fomos classificados para ingressar em cursos superiores pelos “vestibulares unificados”, provas regionalizadas, vestibulares autônomos da cada instituição e outros modelos. Hoje o ENEM dar as cartas.
Nos grandes centros os cursinhos jogam os estudantes em programas de imersão, com cem, duzentos alunos aglomerados em espaços que cabem menos da metade e tome “lavagem cerebral”, tome conteúdos de origem duvidosa. A receita é: Seja gênio somente no dia da prova, depois é empurrar o curso com a barriga e fazer um nivelamento para o ENADE.
Nada disto invalida o ingresso dos bons alunos, aqueles que se prepararam, em cursinhos sérios, por meio de metodologias testadas, contudo joga no mesmo ambiente alunos preparados e alunos que decoraram um conteúdo para passar em um certame manipulável. Vamos incentivar os cursinhos com sentido de missão que buscam formação e não apenas aprovar uma legião de analfabetos funcionais, gênios da decoreba.
Por: Ademar Rafael
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A RUA…
O antropólogo Roberto Da Matta, em seu livro “O Que faz o brasil, Brasil?”, traça um lógico paralelo entre a casa e a rua. Além de abordar que tais ambientes se completam ele afirma “A rua compensa a casa e a casa equilibra a rua”. Essa convivência é algumas vezes pacífica outras vezes conflituosa.
Eu, particularmente, gosto mais da rua; nela encontro a diversidade que alimenta meus sonhos, minhas tentações e fomenta o conforto que encontro em casa.
Como amante de feiras livres, depois da praia, o ambiente público mais democrático do Brasil, percebo sua perfeita harmonização com as características da rua: Trabalho e liberdade caminhando juntos.
A rua acolheu os manifestantes da “Primavera de Praga”, em 1968, na Tchecoslováquia e da “Revolução dos Cravos”, no ano de 1974 em Portugal. No Brasil poderíamos citar o movimento das “Diretas Já”, os “Caras Pintadas” da era Collor e as manifestações de 2013.
Fora da área política, destacamos o rebuliço do espaço durante o carnaval. “O galo da madrugada”, em Recife; “Os bonecos de Olinda” e os circuitos “Barra/Ondina e Campo Grande/Praça Castro Alves”, em Salvador, fazem da rua o mais eletrizante ambiente do mundo.
O cenário também recebe grande manifestações católicas como: o “Círio de Nazaré”, em Belém-PA; o “Pau da Bandeira” em Barbalha-CE, as procissões da Santa Luzia em Mossoró, Nossa Senhora da Conceição em Recife-PE e Nossa Senhora de Penha em Vitória-ES, podem ser citados como as de maior destaque.
Portanto, nada mais democrático que a rua. O perigo é quando tentam fazer de um movimento minúsculo uma coisa grandiosa. Assim foram os movimentos denominados “Fora Dilma” e “Fora PT”, após o resultado do segundo turno da eleição presidencial.
Qualquer cidadão minimamente coerente deseja imediata mudança no governo petista, contemplando os quesitos redução do aparelhamento do Estado e da corrupção. O primeiro para níveis aceitáveis e o último combater até zerar. Agora tentar via prática do “quanto pior melhor” na rua, iludindo grupos
manipuláveis é outra coisa.
Tivemos a oportunidade de mudar pelo voto, única receita apesar de comprovadamente ineficiente, não o fizemos. Agora é democraticamente esperar pelo próximo pleito. Quem pede a intervenção militar deve ter suas razões. Difícil é encontrarmos, nas experiências anteriores, nutrição para
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Por: Ademar Rafael
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