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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARPAQUISTÃO E NÓS, HÁ ALGO EM COMUM?

Registros históricos indicam que a área do atual Paquistão foi habitada desde a época dos sumérios, 5.000 antes de Cristo, que por volta do ano 2.500, povos integrantes da civilização do Vale do Indo ocuparam o mesmo território, que no período compreendido entre os anos 321 e 185 antes de Cristo pertenceu ao poderoso Império Maurya e que integrou o Império criado pelo Xá Nader, o “Napoleão da Pérsia” entre os anos de 1.736 e 1.747.

Somente em 1.947 com a solução criada pela Liga Muçulmana e pelo Congresso Nacional Indiano para superar os conflitos entre os hindus e mulçumanos, o Paquistão foi desmembrado do território indiano, apesar da oposição de Gandhi, grande líder espiritual hindu.

Desde sua criação o país asiático nunca teve um longo período sem lutas por questões religiosas e poucas vezes experimentou um regime democrático de governo. As primeiras eleições nacionais foram realizadas em 1970, isto é, 23 anos depois da sua criação. Desde 1971, posse do primeiro ministro eleito nas primeiras eleições até os dias atuais, os períodos de instabilidade política do Paquistão ganharam dos períodos estáveis com muita sobra.

Eis que durante o regime Taliban, cuja grafia também pode ser Taleban, Talibã ou Talebã, surge a menina Malala Yousafzai para rogar o direito das meninas estudarem e/outros direitos básicos que o regime não permitia. Em função da sua luta foi baleada em 09.10.12 e salva em um Hospital de Londres.

Em 12.07.13 Malala fez um discurso na ONU onde clamou por educação gratuita para todas as crianças do mundo, ou seja, sua luta extrapolava os limites do seu amado Paquistão e entrava na esfera mundial. A ativista paquistanesa dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 2014 com o indiano Kailash Satyarhi que, no estilo de não violência de Gandhi, liderou vários movimentos em favor das crianças.

No livro “Eu sou Malala – A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã” traz um registro sobre um assunto que conhecemos de perto, não deve ser mera coincidência. Registra a autora: “Os políticos costumam aparecer só em época de eleição, prometendo estradas, eletricidade, água tratada e escolas, e dando dinheiro e geradores para as pessoas influentes, que chamamos de interesseiros e que devem instruir suas comunidades sobre como votar.”

Percebam caros leitores e leitoras lá como cá o método é o mesmo, inclusive, sobre o sumiço deles após os pleitos, Christina Lamb, autora da obra deixa claro que após eleitos “… não tínhamos mais notícias deles nem de suas promessas.” 2016 se aproxima será que a história será repetida?

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELNÓS E OS OUTROS.

Num momento em que os santos milagreiros são os “justiceiros togados” da Justiça Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Contas, torna-se incompreensível convivermos com as situações abaixo, detectadas e apuradas em viagem recente.

Atendentes de estabelecimentos comerciais são orientados a perguntar: quer a nota fiscal? Ora se o documento fiscal, seja nota ou cupom, é o registro da compra e da prestação do serviço no sistema tributário porque a indagação? O fato pode ser explicado pelo jeito brasileiro de ser. Reclamamos da carga tributária, do custo Brasil e da qualidade dos produtos e serviços e como vingança embarcamos para os E.U.A. para comprar muamba em Miami ou em Nova Yorque. Lá não questionamos nada, tudo é perfeito.

Temos a mania de exigir dos outros o que não damos. Cobramos um nível de honestidade que não temos e assim o mundo gira. Terceirizamos a educação dos nossos filhos com os educadores das creches e das escolas do primeiro nível e compensamos a ausência com a oferta de aparelhos de telefonia móvel de última geração, com assinatura de TV a cabo e outras modernidades.

Estamos indo aos templos religiosos como desencargo de consciência, pouco aplicamos da mensagem recebida, julgamos que o dizimo é suficiente para encontramos o caminho da salvação.

No transito reclamamos de tudo e de todos e estacionamos em vagas de pessoas com dificuldade de locomoção e ao sermos flagrados temos a resposta na ponta da língua.

Nos aviões insistimos em embarcar com malas fora dos padrões uma vez que temos pressa no desembarque, retirar a bagagem na esteira é para os “babacas”. No interior das aeronaves “coletamos” os utensílios que as empresas aéreas oferecem aos usuários da primeira classe, quando por lá passamos rumo à saída, ao deslocarmos da classe econômica.

As carteiradas são praticadas todos os dias em diversos lugares e as “autoridades” que o fazem conseguem alegar que foram atendidos de forma inadequada, que merecem atenção especial ou outras alegações sem qualquer princípio defensável.

Utilizamos nossa rede de amizade para conseguir vacinas ofertadas para públicos que não fazemos parte e “negociamos” com funcionários de consultórios atendimentos encaixados em vagas de desistentes, numa afronta aos que estão na sala de espera. Vivemos em um ambiente onde tudo a nosso favor é possível, sendo em favor dos outros é regalia inadmissível.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARATÉ TÚ, RUI?

Inúmeras vezes que li conteúdos relacionados com padrão ético desejável encontrei a citação: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” Este verdadeiro tratado, lapidado por Rui Barbosa, servia como base para o texto.

Ocorre que, recentemente, ao ler o livro “A crise financeira da abolição”, do americano John Schulz, professor de história das finanças e executivo da Business School, deparei-me com o seguinte texto: “Apesar dessa contribuições, minha opinião e a que Rui foi um oportunista corrupto.” As contribuições de que fala o autor são as decisões tomadas pelo jurista na época que ocupou o cargo de Ministro da Fazenda.

Tomei um susto e ao seguir com leitura da obra encontrei relatos de discordâncias sobre o legado do jurista baiano, traduzidas nas opiniões de Raimundo Magalhães Júnior, autor de “O homem e o mito” e de Américo Jacobina Lacombe, autor de “À sombra de Rui Barbosa”, o primeiro defendendo e o segundo contestando atos praticados pelo político da Bahia.

No capítulo que trata do encilhamento – crise financeira provocada por bolha econômica que ocorreu no Brasil, entre o final da Monarquia e início da República -, John Schulz detalha ações de Rui Barbosa em favor de republicanos paulistas, de Francisco de Paula Mayrink e do seu Banco dos Estados Unidos do Brasil. Afirma com todas as letras que dos primeiros o Ministro recebeu apoio e do banqueiro recebeu benefícios pecuniários e cargos de diretoria em empresas do grupo Mayrink.

Como esta coluna não tem a marca de acusar ou de apontar o dedo em direção a quem quer que seja deixo as conclusões a cargo dos leitores e das leitoras, nosso papel é trazer informações e provocar reflexões.

Uma coisa fica clara ao lermos o livro sobre o período pós-abolição. Invariavelmente as decisões relacionadas com nossa economia são tomadas de acordo com as conveniências de cada momento e muito distantes dos interesses do país, naquela época, igualzinho aos dias atuais, o imediatismo e a improvisação são as bases das ações. Os problemas com elas gerados são tratados em governos futuros com medidas amargas, principalmente para os contribuintes.

Cada governante julga-se responsável unicamente pelo prazo da sua gestão e em nome da governabilidade ele, e os seus comandados, praticam todos os atos que gerem estabilidade política. Ao seguirmos essa devastadora lógica encontramos como reais beneficiários os próprios políticos e seus aliados. Na lista dos últimos podemos encontrar produtores rurais, industriais, comerciantes, empreiteiros, cada um com mais ou menos importância. No entanto, os campeões de repetência em benefícios são os banqueiros. Os motivos com o mínimo de esforço podemos descobrir: “É com dinheiro que se compra votos, mandatos, estabilidade política e/outra variáveis de interesse dos gestores.” Tudo pago com dinheiro público à custa dos contribuintes.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELLÍDERES?

Em 1986, em “debate filosófico de mesa de bar”, afirmei que meu líder político na oportunidade era Fernando Gabeira. Um experiente jurista fez a seguinte observação: “Ademar, considerando que você não é uma pessoa muito limitada quanto à informação, sugiro que leia mais sobre personalidades da atualidade e dos últimos anos na política brasileira, seu “guru” não merece este destaque todo.”.

Atendi a recomendação e descobri que o autor de “O que é isso companheiro” não estava com a bola que eu imaginava. Com o tempo fui ficando mais seletivo com relação aos líderes e as referências no mundo da política. Hoje, ao relembrar o fato, constato que as lideranças estão ficando raras. Vejamos os seguintes personagens da história recente.

Dante de Oliveira, endeusado como autor da emenda “diretas já”, transformou-se em um político comum. Pouco de valor expressivo fez em favor do Brasil, apesar de ter ocupado vários cargos na União e no seu estado de origem, Mato Grosso.

Lindbergh Farias, estrela máxima dos “caras pintadas” que movimentou o Brasil na época do afastamento do presidente Collor, impulsionado pela popularidade passou pela presidência de UNE – União Nacional dos Estudantes, Câmara Federal, prefeitura de Nova Iguaçu – RJ e Senado Federal. Fez barulho durante as privatizações do príncipe FHC e está entre os políticos investigados na operação “Lava Jato”, portanto, sem muita coisa a destacar.

Atualmente temos como estrelas máximas e candidatos a futuros líderes os senhores Renan Santos, líder do “MBL – Movimento Brasil Livre”, Marcello Reis, líder do “Revoltados Online”, Rogério Chequer, principal figura e mentor do “Vem pra Rua” e Igor Gilly, que infiltrado na comitiva de Dilma Rousseff em visita à Universidade de Stanford, nos EUA, hostilizou a presidente brasileira e teve seu vídeo entre os campeões de acesso na rede mundial dos computadores.

É possível que referidos patriotas estejam presentes nos próximos pleitos e deles saiam com expressivas votações. Uma vez eleitos é hora de apresentar as soluções ora propostas e mudar a cara do Brasil. Podem seguir as trilhas de Dante de Oliveira e Lindbergh Farias ou realizar feitos capazes de transformá-los em lideranças inspiradoras para gerações futuras.

Sempre defenderei a renovação dos quadros para cargos eletivos e/ou de confiança, a famosa “oxigenação” é um insumo de extrema importância para surgimento de novas ideias e alteração de rumos, vamos esperar para ver.

O mundo está carente de novas e confiáveis lideranças; nosso país muito mais. As mídias sociais e a grande imprensa têm “fabricado” vários candidatos a salvadores que no primeiro aperto viram “mico”. O surgimento destas lideranças fabricadas é alimentado pelo vácuo deixado pelos que exercem cargos sem honrar os compromissos e sem agir com correção.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELO LEGADO

Daqui a um ano veremos o famoso “legado” que as Olimpíadas Rio 2016 deixará para o povo carioca. As experiências do Pan Rio de 2007 e da Copa do Mundo 2014 sugerem calma e desconfiança.

Negar que a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro virou um canteiro de obras é tentar tapar o sol com peneira e não reconhecer a geração de empregos na preparação e na execução do projeto é ser míope. Contudo, temos que medir o custo de tudo isto com intuito de sabermos quem realmente ganhará dinheiro no negócio; quem perderá, já temos pistas.

Torçamos para que o país das maravilhas, durante o evento na cidade maravilhosa, não seja ridicularizado. Corremos o risco de ver atletas com máscaras de proteção e bomba de oxigênio durante as provas náuticas. Podemos assistir boicotes de atletas de alto desempenho quanto à participação em determinadas competições e convivermos com resultados contestáveis em função das condições que os atletas foram expostos durante as disputas.

É recomendável que o pessimismo talvez enxergado deste texto seja trocado pelo viés do alerta para reflexão. Temos o hábito de tentar defender o indefensável, em nome da boa convivência. Os políticos que tentarão se aproveitar do sucesso do evento em benefício das suas carreiras em pleitos futuros, assim como, os que lançarão mão das falhas parar ganhar visibilidade no curto é médio prazo e a falta de idoneidade e de caráter dos dirigentes esportivos, recomendam que sejamos conservadores.

Os processos de exclusões de membros do Comitê Olímpico Internacional, os critérios de escolhas dos representantes em referido colegiado, a ausência de atletas olímpicos nas decisões e os repetidos escândalos financeiros tem reduzido o grau de confiabilidade do COI – Comitê Olímpico Internacional, entidade promotora dos jogos olímpicos e paraolímpicos.

A paz, a amizade e o bom relacionamento entre os povos, aliados ao espírito olímpico, deveriam nortear os princípios dos jogos olímpicos. No entanto, a história prova que tais variáveis raramente se fizeram presentes na forma ideal. Os repetidos boicotes da Rússia e dos Estados Unidos durante a guerra fria, as manipulações dos exames de doping e os processos de escolha das sedes fizeram e fazem com que tais princípios fiquem distantes.

O programa “Trégua Olímpica”, promovido com grande alarde na ONU – Organização das Nações Unidas, perde um pouco do sentido quando enxergamos entre os grandes parceiros olímpicos a GE – General Eletric produtora das máquinas de guerra F-16 e helicóptero Apache; o sentido de vida saudável colado aos esportes fica desfocado com a presença da McDonald’s entre os patrocinadores e a lógica de lisura presente no ambiente olímpico desbota quando juntados ao comportamento da patrocinadora XEROX na Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos.

No livro “Um jogo cada vez mais sujo – O padrão FIFA de fazer negócios e manter tudo em silêncio”, o jornalista britânico Andrew Jennings, dedica várias páginas sobre o COI, leitura para maiores de trinta anos.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELO ANTÍDOTO.

No dia 09.09.15, os profissionais da administração comemoraram 50 anos de história oficial, uma vez que, em 09.09.1965, o Presidente Castelo Branco e seu Ministro do Trabalho e Previdência Social, Arnaldo Sussekind, assinaram a Lei 4.769 que regulamentou a profissão no Brasil.

Para enfrentar a complexidade que impera nas atividades econômicas, os administradores têm desempenhado papel de destaque. Para os administradores de primeira linha não existe crise, por eles o fenômeno é tratado como “escassez de recursos e o excesso de demanda”.

Nos meios acadêmicos e nas organizações, a esmagadora maioria entende que, para vencer as dificuldades presentes no cotidiano dos administradores, é necessária a aplicação tempestiva de modelos embasados, entre outras, nas seguintes variáveis: qualificação, equilíbrio, foco, atenção aos detalhes e aprendizagem contínua.

Eu, particularmente, na condição de administrador e educador, procuro aplicar a receita “CAPE” que advém de: Coragem, sem a qual nada produzimos além da inércia que tanto prejudica as organizações públicas e privadas; Atitude, única força que moverá o administrador em direção ao êxito; Planejamento, de forma adaptada a cada situação com um plano de ação decisivo. É importante levarmos em consideração o alerta de Sêneca (04 a.C. – 65) “Antes de começar é preciso um plano, e, depois de planejar é preciso execução imediata.” e Ética sabendo que esta última variável não pode ficar restrita ao que achamos que é e sim ao que de fato representa para formação de um universo onde o coletivo esteja acima do individual.

Numa rápida busca em publicações sobre administração encontramos frases sobre o assunto crise que nos encaminha para reflexões profundas. Hugo Teóphilo, gerente sênior na PricewaterhouseCoopers (PwC) – uma das maiores prestadoras de serviços de consultorias no mundo -, deixa-nos as seguintes contribuições: “Período de escassez e de turbulência é tempo de se aplicar, ainda mais devidamente, os princípios da boa administração. É preciso seguir todos os passos que a gestão eficaz exige, mas com um pouco mais de rigidez”. Afirma também o executivo: “Crises são testes e oportunidades de aplicar os fundamentos de gestão para fortalecer o núcleo de competências e vantagens competitivas reais.” Nas duas oportunidades estão presentes as variáveis anteriormente citadas, com destaque para ação tempestiva.

Caso o meu guru Aniceto Elias de Brito tivesse dado audiência para crises e dificuldades, o “Bazar das Miudezas” não teria se transformado em “Borbão” e nem teria saído de imóvel alugado na Travessa Major Antônio César para prédio próprio na Avenida Manoel Borba.

Caso o leitor ou a leitora queira amolar o machado para cortar pelo meio a crise, transformada em tronco de angico pelos que não a enfrentaram, leiam o livro “Abílio – Determinado, ambicioso e polêmico”, de autoria de Cristiane Correa. Com certeza vocês encontrarão algo capaz de transformar o tronco de angico em tronco de bananeira. O segredo, garanto, está nas ferramentas utilizadas. Parabéns aos administradores que não se omitem.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARMORRENDO PELA BOCA

A incontinência verbal tem levado muita gente a arrepender-se do que falou pelo resto da vida. Outros, continuam soltando “asneiras” em proporção geométrica. Esta crônica reproduz frases atribuídas aos três últimos brasileiros que ocuparam o cargo de presidente da república, aqui publicadas nos exatos termos em que estão disponíveis nas plataformas virtuais.

O príncipe FHC produziu, segundo as fontes pesquisadas, as seguintes pérolas: “Se a pessoa não consegue produzir, coitada, vai ser professor. Então é aquela angústia para saber se o pesquisador vai ter um nome na praça ou se vai dar aula a vida inteira e repetir o que os outros fazem.”; “O valor médio dos benefícios da Previdência Social cresceu e tem que ser mantido. Para isto é preciso fazer a reforma, para que aqueles que se locupletam da Previdência não se locupletem mais, não se aposentem com menos de 50 anos, não sejam vagabundos num país de pobres e miseráveis.”; “Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se. ”…

O sindicalista Lula, de acordo com os textos pesquisados, afirmou: “Vamos trabalhar para ganhar as eleições. Não é uma eleição fácil. É como time de futebol. Quando o time está ganhando de um a zero, de dois a zero, quando o time está ganhando, recua, não quer mais fazer falta, pênalti, fica só rebatendo a bola. E quem está perdendo vem para cima com tudo, e é com gol de mão, de cabeça, de chute, de canela. Não tem jogo ganho ou fácil.”; “Apanhamos muito e perdemos companheiros, companheiros de qualidade, que tinham muita pressa e acreditavam que as coisas podiam ter sido feitas de anteontem para ontem. Isso tudo serviu de lição para nós. Apanhei muito, plantei e agora estamos podendo chupar os frutos.”; “Quando se aposentarem, por favor, não fiquem em casa atrapalhando a família. Tem que procurar alguma coisa para fazer.” …

Dilma, também, conforme pesquisa, disse: “O meio ambiente é uma ameaça para o desenvolvimento sustentável.”; “Aonde não há estado, parceria e organização empresarial, a tendência é que ações criminosas se desenvolvam mais e substituam as ações do estado e da sociedade”, “Temos que combater o uso de jovens pelo crime organizado. (…) Não podemos aceitar que o crime organizado substitua o Estado e a sociedade.”; “Nós não vamos colocar uma meta. Nós vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta.”…

Adicionalmente e para encerrar registramos o pensamento de Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa de George W. Bush, falando sobre o Afeganistão em 2002: “Existem dados conhecidos. Existem coisas que sabemos que sabemos. Existem incógnitas conhecidas. Ou seja, coisas que agora sabemos que não sabemos. Mas existem também incógnitas desconhecidas. Existem coisas que não sabemos que não sabemos”.

A atriz Cláudia Rodrigues, na pele de Ofélia sempre afirmava: “Só abro a boca quando eu tenho certeza!”, as personalidades acima observaram este enunciado? O julgamento fica a cargo de cada leitor e de cada leitora.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELO PODER DA PARCERIA

Na leitura de um livro sobre convivência harmônica tomei conhecimento da obra “O cálice e a espada”, escrita pela socióloga Riane Eisler e enquanto lia referida publicação fui informado de outra da mesma autora, intitulada “O poder da parceria”.

Inicialmente, quem é Riane Eisler? Trata-se de uma judia que na infância foi arrancada da Áustria, para fugir dos nazistas; criou-se em Cuba e graduou-se em sociologia nos Estados Unidos, para onde se mudou antes de revolução promovida pela turma de Fidel.

O que “O poder da parceria” tem de especial? Além de uma mensagem perfeita sobre convivência sem dominação, é uma obra que traz às claras a necessidade de fazermos nossa parte no enfrentamento às mentiras dos que se acham dono do mundo.

Com o livro e as palestras pelo mundo, a renomada ativista social oferta a cara para receber bofetadas por narrar os estragos promovidos pelas grandes companhias de comunicação ao centralizar e manipular informações; cita os danos causados pela produção massificada de armas por empresas como General Eletric, General Dynamics, Hughes e outras, sediadas principalmente nos Estados Unidos, na França e na Rússia; relata como as organizações Nestlé, Dow Chemical, Chevron, Conoco e outras manipulam variáveis da cadeia alimentar mundial, com foco nos lucros em detrimento do prejuízo à saúde dos consumidores de alimentos industrializados na forma de “commodities”…

Seguindo a lógica da publicação, em lugar de registro proibindo a utilização do conteúdo, existe a seguinte mensagem: “Você está autorizado a reproduzir as tabelas seguintes e repassá-las para outras pessoas. Os materiais nesta seção têm o intuito de ajudar a incorporar a parceria à sua vida e ao mundo”. No material disponibilizado estão diversas sugestões para que os conceitos sobre parceria sejam debatidos, ampliados e aplicados na vida cotidiana.

Os exemplos de vida da escritora dão sustentação aos métodos apresentados que encaminha o leitor para ações direcionadas aos relacionamentos consigo mesmo, com os mais próximos, com o trabalho e a comunidade, com nosso

país, com outros países, com a natureza e com o espírito. A sua caminhada dá consistência ao que está escrito.

Ao concluir a leitura do livro veio à minha mente a ação da nossa conterrânea Aline Mariano, na Secretária Municipal de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas do Recife. Desde que assumiu a função, a neta de Dona Laura Ramos, tem buscado soluções junto a parceiros públicos e privados. O seu ato de

coragem ao assumir o cargo e sua gestão tem tudo haver com o texto do livro. Deslocar-se da dominação para parceira somente com atitude, isto Aline tem.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELA VOLTA

Sempre desejei que minha volta ao nordeste acontecesse no formato fogo brando, estilo aquele utilizado para prepararmos o mungunzá e assim está ocorrendo. Não é fácil desapegar-se de lugares e pessoas que lhe deram mais que receberam, esta é minha relação com Marabá.

Uma vez tomada a decisão coloquei o carro na rodagem e ao cruzar o rio Araguaia em Araguatins – TO, o rio Tocantins no Estreito – MA e o rio Parnaíba em Floriano – PI percebi que as terras dos grandes rios estavam ficando para trás.

O reencontro com o triangulo CRAJUBAR – Crato x Juazeiro x Barbalha – CE e com Afogados da Ingazeira – PE foi a entrada; transitar no pedaço de chão com a maior concentração de poetas por metro quadrado do mundo, composto pelas cidades de São José do Egito – PE, Prata e Sumé – PB foi a “pinga” com caju para abrir o apetite e o trajeto entre Campina Grande e João Pessoa – PB foi o prato principal.

Os primeiros dias serviram para procurar a nova morada e reencontrar os amigos Zé Carlos de Neco Piancó, Inalva e filhos. No final de semana os presentes começaram a aparecer. Assistir o programa televisivo “Sala de Reboco”, com apresentação de Santana o Cantador, tendo como atração principal a cantora Liv Moraes, filha do excepcional Dominguinhos, fez com que a volta fosse carimbada com o selo de qualidade da cultura nordestina.

O melhor, no entanto, estava a caminho. O colega Zé Carlos ao visitar São José do Egito, durante a Festa Universitária trouxe-me o livro “Zé Marcolino – Conversa sem protocolo”. Em referida obra Marcos Passos, filho legítimo da terra dos cantadores apresenta um apanhado sobre Zé Marcolino, o gênio de Sumé – PB que presenteou Pernambuco com sua presença, enquanto morador em Serra Talhada, terra do Rei do Cangaço.

A leitura do livro fez com que este “cigano” fosse novamente contaminado com os causos e as coisas do nosso sertão. Os depoimentos, as letras das músicas e as entrevistas inseridas no extraordinário trabalho de pesquisa envia nossa atenção para atos e procedimentos do sertanejo. Marcolino foi, é e será o extrato vivo de cenários que não somente inspiraram suas magistrais criações como representam o que há de melhor no universo matuto: a simplicidade, a amizade e a coragem.

É magnífico descobrir que o nordeste continua, por meio da arte dos seus habitantes, sendo uma fonte inesgotável de produções artísticas superiores a soma dos “enlatados” produzidos para “artistas” fabricados por meio de estratégias de marketing patrocinadas pela mídia venal. Nada, entretanto, calará vozes do nível de Marcolino, Santana, Liv Moraes… Viva o sertão.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

ADEMARTERCEIRIZAÇÃO

Nos anos 80 os bancos particulares deixaram de receber contas de água, luz e telefone de usuários, ou seja, de não clientes. Como na época não havia os correspondentes bancários as filas nos bancos oficiais dobravam quarteirões.

Na condição de membro do Sindicato dos Bancários de Crato, Juazeiro e Barbalha fui participar de um simpósio em Fortaleza, para tratar do assunto. No encontro ouvi do representante do Banco Central que a instituição pouco poderia fazer diante da força da Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN.

No final dos anos 90 manifestei-me contra as privatizações, durante uma aula de Economia na Faculdade de Administração de Governador Valadares – Minas Gerais. O professor, um jovem picado pela mosca do “neocapitalismo”, solicitou que eu apresentasse uma razão plausível que justificasse meu posicionamento. Aleguei que o problema principal era nossa comprovada incapacidade de fiscalizar e citei a experiência vivenciada nos anos 80, quando o fiscalizador apresentava-se impotente diante do fiscalizado.

Ele ponderou que as agências reguladoras dariam conta do recado. Nossas privatizações mudaram o nome para concessões e como todos sabem tais agências são balcões de negócios em favor das empresas e contra os usuários.

O projeto de terceirização em andamento (Projeto de Lei 4.330/2004) segue rota parecida, isto é, caminha para piorar o que não presta. Em um país onde a qualidade dos produtos e dos serviços é discutível – vejam as estatísticas nos órgãos de defesa dos consumidores – e onde uma reclamação a um funcionário relapso e incompetente pode ser transformado em um processo de assédio moral a flexibilização da forma proposta cheira a um retrocesso.

O que nos espera será algo próximos dos seguintes cenários: Havendo pleno emprego as empresas terceirizadas enfrentarão dificuldades para captar e locar mão-de-obra; com a taxa de desemprego em alta as terceirizadas sangrarão os trabalhadores; hospitais deixarão de atender em função de greves dos funcionários das terceirizadas que trabalham na lavanderia e empresas de ônibus reduzirão a oferta dos serviços porque as terceirizadas não fizeram à manutenção dos veículos.

A convivência entre a república sindical que se transformou nosso Brasil e os novos agentes que surgirão com modelo sugerido pelos nossos “nobres” legisladores será uma guerra em que morrerão os funcionários e a já debilitada qualidade dos produtos e serviços.

Como eu gostaria de está enganado. Com a palavra os empresários, os sindicatos, os trabalhadores, o governo e a justiça do trabalho. A expansão da Súmula 331, do Tribunal Superior do Trabalho merece atenção redobrada.

Por: Ademar Rafael