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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ademarMENTIRA CRUEL

Uma das mais cruéis mentiras que nossos governantes de plantão tem repetido é a de que o sistema previdenciário do Brasil está quebrado. Tudo é feito para cumprir acordos com o mercado financeiro interno e externo e vender a ideia que as mudanças no modelo geram ajuste fiscal e sobras para honrar os serviços da dívida, nada é feito em favor dos segurados.

Se pegarmos somente as emendas constitucionais nº. 20, 41 e 70, de
15.12.1998, 19.12.2003 e 29.03.2012, respectivamente, durante os governos do príncipe (FHC), do sapo barbudo (Lula) e de coração valente (Dilma) veremos que o efeito foi devastador no bolso dos trabalhadores que contribuem com o sistema e a eficácia na solução do problema apontado ficou pertinho de zero. Tudo porque as raízes do “falado” rombo são outras.

O que realmente sugou e suga os cofres da previdência social: a) os desvios de fundos previdenciários desde sua fundação até o final dos anos oitenta. Todos sabem que as obras da Ponte Rio-Niterói, da Transamazônica e de Itaipu consumiram muitos milhões dos fundos de assistência e previdência social e nunca retornaram; b) a inadimplência; c) o pagamento de benefícios para um grupo que não atende o que determina o Artigo 40 da nossa Constituição Federal por não cumpir o caráter contributivo, isto é, não pagou pelo que recebe. O texto não deixa dúvidas: “Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo”.

A União não cumpriu, não cumpre e não cumprirá o que determina aos gestores dos Regimes Próprios de Previdência Social, nos termos do artigo primeiro da Portaria 3.922, de 25.11.2010, expedida pelo Banco Central do Brasil, por decisão do Conselho Monetário Nacional, a seguir transcrito: “Fica estabelecido que os recursos dos regimes próprios de previdência social instituídos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos da Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998, devem ser aplicados conforme as disposições desta Resolução, tendo presentes as condições de segurança, rentabilidade, solvência, liquidez e transparência”.

Tenho um pouco de razão para ficar indignado. Sou um dos brasileiros “roubados” pelo regime oficial de previdência. Durante mais de trinta e cinco anos contribui pelo teto. Recebo de aposentadoria exatamente 39,75% (trinta e nove vírgula setenta e cinco por cento) do valor que “comprei”. Como o Código de Defesa do Consumidor não pode ser acionado e o bispo não trata destes assuntos resta-me seguir o que recomenda meu concunhado José Delvo, também vítima do INSS: “Fazer o que?”.

Por: Ademar Rafael

 

CRÔNICA DO ANIVERSARIANTE DESTA SEGUNDA ADEMAR RAFAEL

PARAUM PRESENTE

No final da primeira década deste século, em virtude de ocupar um cargo de Secretário Municipal de Saúde na cidade de Marabá no Pará, fui membro nato do Conselho do Idoso. Durante a cerimônia de assinatura da lei municipal que normatizava e autorizava gestões compatíveis com o Estatuto do Idoso, Lei 10.741/03, iniciei meu pronunciamento com a seguinte frase: “Desconfio de uma sociedade que carece de uma norma legal para dar o básico aos seus idosos”. Um legalista presente no evento fez, reservadamente, uma severa crítica. Afirmou: “Você como detentor de cargo público jamais poderia fazer uma avaliação negativa de uma Lei”. Para evitar polêmica agradeci a ponderação e segui em frente.

Hoje ao completar cinquenta e nove anos, portanto a um ano de ser público alvo dos benefícios do Estatuto do Idoso, mantenho meu ponto de vista quanto à necessidade de um marco legal para atender as demandas do grupo que forma a terceira idade ou a melhor idade como preferem alguns.

Atender o elenco de prioridades indicado nas diversas alíneas do parágrafo único do artigo terceiro da Lei 10.741/03, de 01.10.2003 é obrigação do poder público e das organizações privadas, mas, o que vimos no cotidiano são arranjos e remendos. Muita propaganda e pouca ação em favor dos idosos.

Poder parar o carro em local exclusivo, ocupar os primeiro lugares nas filas e ter direito as cadeiras frontais dos coletivos são prêmios que ganharei a partir do dia 23.02.2017. Estes são os favores legais que figuram entre os meus desejos; renunciarei aos que não entender como próprios para cada momento deixando que outros utilizem.

Redução dos preços dos medicamentos de uso contínuo, através de diminuição dos seus impostos, criação de programas para antecipar diagnósticos e reparação de perdas provocadas pelas “miseráveis” reformas da previdência são benefícios que aceitarei com satisfação.

A devolução pelo INSS do dinheiro que me foi roubado nas reformas realizadas por meio das emendas constitucionais nº. 20, de 15.12.1998, durante mandato do “príncipe” (FHC), nº. 41, de 19.12.2003 – setenta e nove dias após edição do Estatuto do Idoso -, quando o “sindicalista” (Lula) ocupava a presidência e 70, de 29.03.2012, sob o comando da “guerrilheira” (Dilma) seria o presente merecido ao completar sessenta anos.

Para o mercado financeiro e os especuladores internos e externos nossos governantes são cordeirinhos criados em casa na mamadeira; para os trabalhadores que alcançam a idade de aposentadoria, nossos governantes são lobos famintos. Sonho com o dia em que o Estatuto do Idoso seja revogado e em seu lugar venha o Estatuto da Vergonha na Cara, dos governantes, é claro.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELHAJA DESPERDÍCIO.

Nos anos oitenta, época da construção da Usina Hidroelétrica de Tucuruí no Estado do Pará, a CAPEMI – Caixa de pecúlio, pensões e montepios venceu a concorrência para retirar a madeira da área a ser inundada pela barragem.

Alcançada em cheio pelo famoso “caso Capemi” a Agropecuária Capemi Indústria e Comércio Ltda não cumpriu o contrato e a floresta nativa foi coberta pelas águas da represa.

A desintegração ocorreu somente com folhas e galhos, os troncos continuam submersos e seu corte, somente com utilização da robótica, é inviável no ponto de vista financeiro.

Durante a construção da Usina Hidroelétrica do Estreito, na divisa dos Estados do Maranhão e Tocantins foi aberta concorrência para manejo da madeira na área inundável e vários consórcios entraram na disputa.

Entraves burocráticos e má vontade dos representantes dos órgãos envolvidos impediram a habilitação e a definição do consórcio vencedor. Novamente a vegetação foi coberta pelas águas represadas.

No Rio Xingu, na contestada obra da Usina Hidroelétrica de Belo Monte, na região Altamira no Estado do Pará o processo de remoção da floresta segue a mesma trilha burocrática e o final perceptível é o mesmo, ou seja, cobertura da mata pelo lago.

Esta riqueza jogada debaixo d’água poderia ser utilizada na construção civil (madeira nobre), na produção de carvão (galhadas) e com aplicação de tecnologia própria na confecção de MDF “Medium Density Fiberdoard” e de MDP – “Medium Density Particleboard” ou para outras finalidades gerando emprego e renda para as comunidades atingidas pelos empreendimentos.

Em outras represas construídas em nosso país pouco ou nada foi feito para evitar o desperdício, a burocracia e o pensamento ideológico geram prejuízos incalculáveis.

Os gases e os resíduos gerados pela matéria viva submersa alteram a coloração das águas e causam danos em equipamentos de geração de energia, assim como comprometem o nível de oxigênio necessário para os peixes.

Bom mesmo é a justificativa dos burocratas assentados nos órgãos que deveriam autorizar a remoção em tempo hábil. Afirmam eles: “Somos contra este tipo de matriz energética, não concordamos com a construção das represas. Portanto, autorizar o manejo seria legitimar um modelo que questionamos”. Assim sendo o desperdício continua, afinal somos um país rico.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELLOURO E ZETO

Nos dias quatro a seis de janeiro de dois mil e dezesseis, São José do Egito, Estado de Pernambuco, rendeu homenagem aos poetas Lourival Batista e Zeto em festividade dedicada aos cento e um anos do sogro e sessenta anos do genro.

Zeto, que fez sucesso individualmente e no dueto com sua esposa Bia, filha de rei do trocadilho, o nosso Louro do Pajeú, se estivesse vivo teria completado sessenta anos dedicados à liberdade e a cultura. Sua vida e suas criações poéticas e musicais carregavam pesada carga do sentimento do povo sertanejo que escolheu para animar, honrar e defender.

Quem teve o privilégio de conviver com Zeto pode afirmar que conheceu um homem desprovido de vaidades e movido pela sensibilidade. Sua obra não se limita a música e a poesia foi também representada pelo seu jeito de ser e viver e pelos ideais libertários. Jamais foi domado por conceitos ou regimes controladores.

Lourival Batista Patriota em vida teria ultrapassado a marca dos cem anos. Seu legado além da extraordinária obra é lembrado por todos que tiveram a felicidade de conviver com o esposo de Dona Helena, pela sua capacidade de defender quem o procurasse.

Em 24/12/2015, na cidade de Afogados da Ingazeira – PE, o poeta Edezel Pereira, irmão do fabuloso João Paraibano, contou-se que certa vez Lourival deu-lhe apoio moral durante uma cantoria, levou-lhe até sua residência ofertando guarida e no dia seguinte indagou se estava precisando de dinheiro para chegar ao local do novo compromisso. Assim foi Lourival, amigo nas horas incertas e solidário como poucos.

O mote de Bia Marinho, defendido nos versos a seguir, representa um retrato três por quatro dos homenageados: “Vou tentar um trocadilho/Embora eu não faça igual/Mas vou lembrar Lourival/E Zeto aquele andarilho/Marinho, de Zeto, é filho/Mas de Lourival é neto/Genro de um sogro completo/Sogro de um genro de ouro/101 anos de louro/60 anos de Zeto”, da lavra de Dudu Morais e “Dois poetas engenhosos/Pernambucanos legítimos/Que em diferentes ritmos/Foram vates valorosos/Mil aplausos calorosos/Receberam como afeto/Sempre com público seleto/Com elegância e decoro/Cento e um anos de Louro/Sessenta anos de Zeto”, produzido por Gregório Filomeno de Menezes.

Na programação deste ano mais uma vez artistas e público produziram uma mistura rica de cultura que somente o céu egipciense é capaz de produzir. Os filhos e netos de Lourival e de Zeto que se apresentaram não repetiram a arte dos pais e avô, trouxeram uma arte com cara nova e brilho antigo. Talentos herdados e ampliados com traços contemporâneos.

O evento promovido pelo Instituto Lourival Batista, no início de cada ano está inserido na programação cultural da terra da poesia da mesma forma que estão a Festa dos Reis, do Padroeiro São José e Festa Universitária.

Nós, eternos amantes da poesia e da cultura do sertão, ficamos agradecidos e na espera do evento de 2017.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELNOVOS TALENTOS

Tenho muita simpatia pelos livros em formato de coletânea, pelo simples fato de ser um modelo que promove inserção de novos talentos no mundo das publicações, não provoca exaustão e deixa um gostinho de quero mais.

Na véspera do último Natal recebi o presente que mais gosto: um livro. Naquela oportunidade, o poeta e cronista Danizete Siqueira de Lima, também colaborador deste blog, às quartas-feiras, ofertou-me a coletânea “Antologia das Quartas às Quatro II”, organizado por Geraldo Ferraz e Salete Rego Barros. É literalmente uma obra de “A” (Alexandre Santos) a “Z” (Zélia Prímola).

Somos brindados no livro com produções poéticas dos irmãos Danizete Siqueira de Lima e Diomedes Laurindo de Lima. O primeiro com o poema “O meu, o nosso natal” e estrofes nos motes “Verso bonito e bem feito/Muito pouca gente faz”, “Uma tela pintada desse jeito/Só se ver no sertão que fui criado”, “Sou poeta nascido no sertão/Defendendo a cultura popular” e “Deus, comece a varrer a impunidade/Que a justiça da terra está carente” e o segundo com o poema “Reconhecimento”, bela homenagem do poeta Diomedes à sua querida mãe. A dupla fez bonito.

Na crônica “Um bom roteiro”, o escritor João da Silva com extrema inspiração conseguiu produzir um texto com os nomes de vários bairros da capital pernambucana numa harmoniosa viagem no tempo.

Alexandre Santos, na crônica “A visita”, nivela-se a Fernando Sabino ao relatar o incidente em uma UTI de certo hospital recifense. Relato com todos os ingredientes de um texto hilário e rico em conteúdo.

De mãos dadas com as crônicas “Depois de bar Savoy” e “Amor pelo Recife”, de Bezerra de Lemos e Colly Holanda, respectivamente, passeamos por locais inesquecíveis da cosmopolita capital de Pernambuco. Lembranças fervilham em nossa memória e nos remetem a tempos passados.

O encontro “Quarta às Quatro”, fonte de inspiração da coletânea, é relatado por diversos autores e sua grandeza cultural pode ser medida nas manifestações dos escritores.

Relatos com elevada dose de sensibilidade e pureza são apresentados por Lucide Veiga em “Historinha de Netinha”, por Maria José Araújo com sua criação sobre a “borboletinha” e por Sônia Carneiro Leão em “O amigo Rosenthal”.

O tema “amor” é abordado por Zélia Prímola. A leitura do seu texto invoca uma reflexão e sugere o quanto amar o próximo é indolor e quanta felicidade produz. Nossa gratidão aos organizadores do encontro “Quarta às Quatro” e parabéns a todos que fizeram parte da obra.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARSEMPRE ATUAIS

Existem várias personalidades da história do Brasil e do mundo que ganharam fama por meios de suas frases de efeito. Foram políticos, religiosos e escritores que eternizaram textos.

No livro “Assim falou Vargas Vila”, Ezio Flávio Bazzo menciona um texto de Eça de Queiroz, lavrado no início do século vinte para Portugal. “O país perdeu a inteligência e a consciência moral. A classe média abaste-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos estão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta a cada dia e vivemos todos ao acaso. O tédio invadiu as almas e há uma perfeita e absoluta indiferença de cima a baixo”.

Este enunciado, com minúsculas adaptações, cabe de ponta a ponta no globo terrestre. O que mais chama a atenção é que não indicação de culpados. O individual e o coletivo andam juntos na desgraça.

Contudo, a citação do escritor português entrou nas preliminares da obra. Seu eixo central é o colombiano Vargas Vila, nascido em 1860 e que faleceu em 1933 em Barcelona. Jose Maria de La Concepción Apolinar Vargas Vila Bonilla é um escritor que deu pouca ou nenhuma atenção aos críticos, seus escritos possuem uma acidez acima dos limites do politicamente correto. Sua pesada
pena feriu conceitos e provocou reações de todo tipo. A seguir indico, preservando a forma que estão publicadas, três ponderações de Vargas Vila, indicados na obra sob os números doze, quarenta e cento e dois. “As aristocracias são cruéis porque são formadas por antigos escravos que se vingam.” Extraído de “Alba Roja”. “É sendo homem de partido que se chega ao poder; mas é deixando de ser homem de partido que se conserva o poder; os traidores sabem muito bem disto, e o praticam.” Fragmento de “De los viñedos de la eternidade”. “O direito ao voto me parece um direito de envilecimento; votar é abdicar; é eleger um amo; é dar-se um amo, é mais vil que suportá-lo; um homem livre não pode aproximar-se de uma urna eleitoral se não é para Quebrá-la; votar é perpetuar a vida do tirano; daquele tirano que nos escraviza e nos envilece a todos: o Estado.” Retirado de “El minotauro”.

Ao analisarmos cada ponderação do colombiano, comparando-a com o que vemos pelo mundo não há como negar que existe muita verdade. Leva-las a ferro e fogo com certeza não é aconselhável. Entendemos, no entanto, que cabem reflexões e julgamentos individuais.

Arisco-me a emitir uma avaliação sobre o texto retirado de “El minotauro”. Tenho afirmado com média intensidade que o voto isoladamente não é solução e com alta intensidade que o Estado brasileiro é perverso por ser uma cópia falsificada de outras nações. Façam suas análise amigos e amigas.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELOUTRA OPÇÃO DE TURISMO

Garimpando nas livrarias de João Pessoa encontrei uma bela joia: o livro “Turismo Sertanejo”, do pernambucano Giovanni Seabra. A obra faz uma transparente comparação entre o turismo baseado em grandes investimentos hoteleiros, os chamados resorts extraídos de modelos utilizados nas ilhas do pacífico e no caribe e turismo rural, fixado no modelo de hotéis fazenda e pequenas pousadas.

O autor apresenta dados que provam a segregação causada pelo primeiro modelo e a inclusão promovida com aplicação do segundo. Fica evidenciado no texto que o potencial a ser explorado no interior do Nordeste poderia transformar-se em confiável geração de emprego e renda tal como foi feito na região de Poconé, no Mato Grosso e no interior de Goiás.

As festas do interior são detalhadas pelo autor nas citações sobre eventos de grande porte como o São João de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), a Missa do Vaqueiro em Serrita (PE), a Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, situada no distrito de Fazenda Nova, município de Brejo da Madre Deus (PE) e a Guerra das Espadas em Cruz das Almas (BA).

O turismo religioso é destacado desde a Cruz da Menina, memorial e centro de romaria construído no munícipio de Patos (PB), a festa de Santo Antônio de Barbalha (CE) e os grandes centros de romarias de Bom Jesus da Lapa (BA), Canindé do São Francisco e Juazeiro do Norte (CE).

Ao circuito das águas das regiões de Lençóis, Luís Eduardo Magalhães e Barreiras (BA) e dos entornos dos rios São Francisco e Parnaíba são adicionadas as vertentes turísticas dos rios temporários, com destaques para o famoso Riacho do Navio, Rio Pajeú, Rio Jaguaribe e outros. Também no grupamento das águas nordestinas são mencionados os grandes açudes Poço da Cruz (PE), Coremas (PB), Orós (CE) e Açu-São Rafael (RN).

Os parques e as reservas naturais são esmiuçadas pelo autor nos detalhamentos do Vale do Catimbau, em Buíque (PE), Chapadas de Ibiapina e do Araripe (CE), Parque dos Dinossauros e Pedra da Boca (PB), Serra da Capivara e Sete Cidades (PI) e Chapada da Diamantina (BA).

Não ficaram de fora as rotas específicas, direcionadas para o Raso da Catarina (BA), o Cariri paraibano, o Agreste pernambucano, Pedra do Reino em São José de Belmonte (PE), o vinho e as frutas nas cidades Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande e Petrolina (PE) e Serra Talhada (PE) com o Museu do Cangaço, o Triângulo CRAJUBAR – Crato, Juazeiro e Barbalha (CE) -, o sertão Central do Ceará e Mossoró e Apodi (RN).

Feiras livres, artesanato e culinária são debulhados na obra. O livro é uma viagem deslumbrante, o assunto uma fonte de renda pouco explorada.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

RAFAELMADRE TEREZA DE CALCUTÁ

Responsável por uma das mais fecundas obras em favor das pessoas abandonadas pelos sistemas vigentes, por várias décadas, Madre Tereza fez com que a luz gerada nas ruas de Calcutá desse clarão a muitas mentes pelo mundo ao formar uma legião de voluntários para ações humanitárias.

No livro “Pelas ruas de Calcutá” Madre Tereza relata para Robson Pinheiro, não somente parte da sua trajetória no mundo. alerta-nos para pontos polêmicos, sobre os quais temos muita habilidade para fugir em nome do “politicamente correto”. Neste texto destacamos:

No capítulo 2, sob o título: “Seguir a Cristo é muito mais agir que pregar”, ensina-nos a Madre Tereza: “Às vezes falamos de políticas públicas, vemos coisas horríveis serem feitas, nos sentimos lesados, roubados, mas… que fazemos contra isto? Que realizamos para melhorar a situação? Muitos cristãos não querem se envolver na política, pois julgam a participação política antagônica aos ensinamentos de Cristo. Contudo, caso permaneçam sem se envolver, como mudarão a situação? Apenas falando dela dentro de suas igrejas e templos? A saúde está sendo tratada com descaso, mas e eu? Qual o meu papel em tudo isto?” Julgo que passou a hora de respondermos as indagações acima, o resto é debate sem serventia.

O capítulo 7 aborda o complexo tema dinheiro, com a epigrafe: “Bem-aventurada seja a força do dinheiro”. Aqui Tereza dos Pobres afirma: “Acho que o cristão ou o religioso, de modo geral, ainda não fez as pazes com o dinheiro nem consegue ainda ver quanto de progresso e bem pode ser feito à humanidade como o potencial que ele oferece. É certo que mal utilizado, os recursos financeiros podem promover tanto fracasso espiritual nas pessoas quanto estimular os mais vis comportamentos, inclusive a guerra e outras pragas que assolam a humanidade, mas por que associar sempre o dinheiro a coisas negativas?” Chega de hipocrisia, sem sermos escravos do dinheiro vamos utilizá-lo em proveito de causas nobres.

A alegria é mencionada no capítulo 9, sob a legenda “Não existe evangelho sem alegria”. Tereza de todos os povos registra para nossa reflexão: “Cristãos e religiosos em geral costumam colocar um fardo muito pesado sobre os ombros, como se a responsabilidade cristã fosse incompatível com a alegria, a espontaneidade ou a felicidade. (…) Muitos proíbem a música, o riso, o sorriso espontâneo, as demonstrações de alegria mais efusivas, com a desculpa de que as questões espirituais exigem seriedade. Meu Deus! Como ignorar as alegrias que a vida cristã produz e provoca naqueles que se dedicam à causa de Cristo? Alegria é coisa séria!” Sejamos seguidores de Cristo de forma indolor, deixemos que a alegria seja o principal ornamento das nossas ações.

Seríamos mais úteis se aplicássemos as lições de Madre Teresa de Calcutá.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARA LÓGICA E O DESPERDÍCIO.

Na primeira quinzena de outubro-2015 cruzei parte de semiárido nordestino ao sair de Juazeiro do Norte – CE com destino a João Pessoa – PB, passando pelo Pajeú e Moxotó em Pernambuco e pelos dois Cariris, o cearense e o paraibano. No trajeto, além do indesejável tom cinza da caatinga castigada por um longo período de estiagem destacam-se duas variáveis para combate à seca.

O primeiro os programas P1MC – Programa um milhão de cisternas e P1 + 2 – Programa uma terra e duas águas, tocados com ações conjuntas dos governos da União e dos Estados beneficiados e participação ativa da entidade ASA Brasil – Articulação do Semiárido Brasileiro, entidade que atua em Minas Gerais e nos noves estados do nordeste e parceria com a Cáritas Brasileira.

Tais projetos revestidos de simplicidade e pragmatismo estão dando respostas imediatas para problemas antes insolúveis. O envolvimento das comunidades e das famílias, sob minha capacidade de observação, é um dos grandes vetores para o sucesso dos programas.

Por outro lado o projeto de transposição do lendário Rio São Francisco assusta pela complexidade e lentidão das obras, são trechos e mais trechos com estágios diferentes e sem qualquer ligação entre as partes em execução.

Como não é novidade para ninguém tal obra é fundamentada em duas grandes frentes. O eixo norte que parte de Cabrobó – PE para reduzir os impactos da falta d’água nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, por meio dos rios Brígida (PE), Salobro e Jaguaribe (CE), Apodi (RN) e Piranhas (PB), referido canal principal terá em torno de 400 km e o eixo leste para mitigar os estragos da seca em Pernambuco e na Paraíba, através dos rios Pajeú e Moxotó (PE) e Paraíba (PB), referido canal percorrerá um distância de aproximadamente 200 km.

Sobre os benefícios e necessidade desse mega projeto qualquer pessoa de bom censo tem pouca resistência, no entanto, para um país com baixa capacidade de investimento e pouca experiência em obras com tal grau de complexidade iniciar as duas frentes simultaneamente foi uma irresponsabilidade do tamanho da obra. Com o dinheiro gasto até agora, sem que nada esteja perto do fim, sugere claramente que se todas as energias operacionais e financeiras tivessem sido direcionadas para o trecho menor (eixo leste) poderíamos está com parte do problema resolvido.

Caso os programas relacionados com as cisternas seguisse a mesma loucura da transposição, com a construção simultânea da sua totalidade estaríamos hoje com alguns milhões de buracos espalhados pelo semiárido e com um número muito menor de cisternas prontas.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

RAFAELCANTORIAS EM AFOGADOS

Morei em Afogados da Ingazeira numa época que se um apologista desejasse ouvir um belo pé-de-parede tinha que se deslocar para uma cidade da região, especialmente, Tabira, São José do Egito, Santa Terezinha, Imaculada, Jabitacá ou Tuparetama.

Quando perguntávamos aos poetas porque eles não iam até nossa cidade eles afirmavam: Como se lá não tem público? Contestávamos: Tem sim. Para esse evento vieram de lá “x” pessoas. Era um verdadeiro contra censo, havia gente nas cantorias fora e não tinha público para atrair uma cantoria em nossa casa.

Antônio Mariano assumiu a prefeitura e resolveu enfrentar o problema. Apoiou Beijo na realização do primeiro congresso de violeiros em Afogados e promoveu cantorias, entre as quais destacamos três: Zé Feitosa x Moacir Laurentino, no Cine Bom Jesus, Moacir Laurentino x Ivanildo Vila Nova, no Senzala e Moacir Laurentino x Sebastião da Silva, no ACAI.

Quebrado o encanto, com os poetas João Paraibano e Sebastião Dias deixando de ser azarões em festivais vieram outras grandes cantorias. Houve fartura e os espaços Bar do Luiz de Ernesto, Senzala, Gruta da Praça, ACAI e AABB recepcionaram grandes nomes da cantoria. O povo apareceu com força.

João Paraibano, sabedor dessa dificuldade inicial, separou a data de onze de outubro de cada ano para realizar um grande encontro de violas na cidade que honrou morando e defendendo com seus “puros e venenosos” versos.

O evento tomou forma e por ser uma data fixa foi reconhecido pelos cantadores e pelo público como a “data de João”. O poeta de Princesa Isabel, com sua extraordinária humildade, soube angariar fundos, público e cantadores para o encontro. Ganhou pouco ou nenhum dinheiro com o evento, a gratificação era inserir Afogados da Ingazeira no calendário poético nacional. Missão cumprida durante sua trajetória terrena.

O reconhecimento da obra de João, a emoção com sua partida precoce e a coragem da família e amigos fizeram com que o encontro permanecesse. Em 2014 o brilho continuou, mas, no dia 11.10.15 na AABB os cantadores Jorge Macedo x Severino Pereira, Zé Carlos Pajeú x Zé Viola, Edmilson Ferreira x Antônio Lisboa, Diomedes Mariano x Sebastião Dias e Rubens do Valle x Evaldo Severino, cantaram para uma plateia menor que as dos anos 70.

Caso excluíssemos os visitantes, os familiares dos poetas, os organizadores o grupo Afogadense somado não dava três pessoas por cada cantador, isto mesmo, o público interno não chegava a 30 pessoas. Será que vamos ter que reeditar o mote: “Afogados da Ingazeira, precisa versos também.” Espero que não. A memória de João Paraibano, os esforços empreendidos há quarenta anos e a cultura não merecem.

Por: Ademar Rafael