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Crônica de Ademar Rafael
2018, UM ANO COM PERIGOS
O ano em curso, por força das eleições, carrega consigo perigos naturais que devem ser mitigados para evitar estragos futuros. Tais riscos são mundialmente conhecidos como: ignorância, hipocrisia e ambição.
O primeiro risco aqui tratado como “ignorância permitida” é aquela em que seu portador deixa-se enganar propositadamente. Isto é, fica detido nas informações que julga suficientes e não se abre para receber novas ideias e novos conceitos. Neste caso é a execução plena do “mito da caverna”, da obra de Platão. Quem se arriscar em trazer novas informações será totalmente ignorado e poderá ser esmagado.
A hipocrisia, risco de número dois, é principal produto dos “dragõesdisfarçados de cabritos” assim definidos os políticos que hipocritamente invadem as ruas durante os períodos de campanhas eleitorais pelo poeta Diniz Vitorino no magistral soneto “Os mascarados”. As teses desses eternos manipuladores encontram repouso nos braços do primeiro risco.
O terceiro risco tem ligação umbilical com o segundo. A ambição por cargos, pelo poder e pelos benefícios gerados motiva e alimenta a ação devastadora da hipocrisia. O interesse pessoal e o favorecimento aos grupos que patrocinam tais candidaturas eliminam completamente as políticas públicas em favor do povo e do país.
O que cada leitora e cada leitor pode fazer para reduzir os impactos nocivos de tais riscos? Entendemos que para minimizar a “ignorância permitida” risco que acolhe e nutre a “hipocrisia” e a “ambição” é seguir pregando no deserto como fez João Batista.
Não temos dúvidas que um dia o bem vencerá o mal, o bom exterminará o mau e os riscos aqui registrados deixarão de proliferar em escala geométrica. O processo é longo e a luta é árdua, contudo, os efeitos positivos nos estimulam na busca do país que sonhamos e merecemos.
Por: Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
A PEDRA OU VIDRAÇA?
Quando encontro alguém que em ninguém confia, que a todos condena e acredita que somente ele tem no DNA os valores morais capazes de certificar uma pessoa como idônea e acima de qualquer suspeita, respeito e saio de perto, sou humano demais para conviver com santo.
Todo e qualquer ser humano pode ter valores e crenças diferentes e utilizá-los em níveis não uniformes, cada um carrega consigo erros e acertos que são moldados ao longo do tempo.
Julgar-se acima dos demais é uma prática desprovida de princípios cristãos e movida, muitas vezes, pela soberba e pela prepotência. Posicionar-se abaixo dos semelhantes também deixa exposta a marca da submissão ou de humildade em excesso.
O ideal, sob meu ponto de vista, é não se considerar “pedra” ou aceitar ser “vidraça”, equilibrar-se entre um e outro é a sabedoria a ser perseguida.
A experiência adquirida com o horizonte temporal percorrido sempre funciona como aliado nesta busca, entender seus pares e neutralizar os traços de superioridade vem com o tempo, na fase inicial de vida esta percepção passa distante.
A perfeição, no caso de seres humanos, é produto raro. Somente um limitado número de pessoas ostenta este troféu. Quando tiver o privilégio de conviver com um deles extraia tudo que puder para seguir seu exemplo, sem agir como superior. Os “perfeitos” assim não se acham, são qualificados como tal pelos pares e negam seguidamente essa condição.
A “Geni” da música de Chico Buarque é uma metáfora, nunca queira ser uma ou identificar alguém como tal e nele jogar pedras.
Por: Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
LULU PANTERA*
Lulu Pantera, esta alcunha poderia pertencer a um artista de circo ou uma dona de casa noturna, mas acompanha uma das figuras mais queridas da história recente de Afogados da Ingazeira.
Como todo sertanejo aprendeu sozinho: músico, treinador de futebol, vigilante, contador de estórias e conselheiro. Neste último posto dava conselhos a muitos jovens de minha geração, quando aventurávamos gestões “pós-linha férrea”.
As cidades do Pajeú, em muitas oportunidades, ouviram sua música. Fez parte de um elenco maravilhoso que tinha ainda Luiz de Ernesto, Mestre Biu, Seu Dino e tantos outros. Caso tivesse morado no Rio teria sido grande parceiro de Geraldo Pereira e Wilson Batista, pois, suas ideias encontravam guarida nas ideias de tais sambistas.
Treinou o Ferroviário na memorável partida contra o Guarani, num final do ano, na qual apenas o juiz viu irregularidade no gol de Arnaldo. Assistir um jogo ao lado dele era divertido, por mais fraca que fosse a partida ele encontrava algo para fazer piadas e inventar situações.
Como vigilante foi grande guardador de “causos”, bens materiais não faziam parte do seu universo, isto o torna único. Nunca o vi com raiva, quando tinha uma grande decepção balançava a cabeça e procurava algo interessante para fazer, afinal onde ele estava a tristeza tinha pouco espaço, suas estórias eram fábricas de risos.
Lulu, que seu sorriso largo se faça presente no rosto do povo do sertão nos próximos anos e que através da pureza do sertanejo se espalhe por todo Brasil.
(*) – Publicada originalmente em www.afogadosdaingazeira.com.br – Pessoas do meu sertão II.
Por:Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
QUEM
Esta palavrinha que em nosso idioma é um pronome que se refere a indivíduos e que, dependendo do contexto, pode ser igual a varias outras palavras tais como “o qual”, “a que”, “o que”, etc. Pode ser pronome relativo, indefinido ou interrogativo e não muda em função do gênero,neste texto aparece com numa abordagem descolada de língua portuguesa, vejamos.
Quando nos propomos a produzir um produto ou serviços e temos a preocupação de estudarmos o comportamento e as expectativas de “quem” utilizará o que produzimos com certeza teremos maior possibilidade de êxito na produção, venda e geração de riquezas.
Se ao iniciarmos um projeto tivermos a capacidade de nivelar o conhecimento e as habilidades de “quem” nos auxiliará na missão, sem dúvida, eliminaremos diversos entraves e reduziremos os riscos.
Não é por acaso que a frase “Diga-me com quem andas que direi quem és”, citada em provérbios, Salmos e Coríntios – no livro sagrado -, com contextos e redações diferentes mantém-se em vigor até os dias atuais.
De fato, o “quem” extrapola a questão gramatical e transforma-se em agente ativo, contribuindo positivamente ou negativamente em várias situações que interferem em nosso cotidiano.
Passemos, então, para darmos maior atenção a “quem” consumirá nossos produtos e serviços, a “quem” integrará nossa equipe e, principalmente, “quem” escolheremos para ser nossa companheira e ou companheiro na vida matrimonial.
Quem, como vimos, tem que ser percebido muito mais do que um pronome, ele é ator de destaque em nossos roteiros de negócio e de vida.
Por: Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
A PAZ É POSSÍVEL
Neste ano dedicado ao laicato a igreja católica traz como tema da Campanha da Fraternidade “Fraternidade e superação da violência” e o lema “Vós sois todos irmãos”, extraído de Mateus 23,8.
A pergunta que não cala é: Por que tanta violência? Sem um estudo cientificamente comprovado, mas, retirado do que estamos vivenciando arisco-me a defender a tese de que uma das origens da violência vem do distanciamento entre as pessoas.
Em passado recente dormíamos com os irmãos em um único ambiente, as camas eram verdadeiros “ninhos” todos juntos, muitas vezes dividindo o único cobertor. Nos últimos tempos cada irmão tem seu espaço, sua mobília, sua roupa de cama. O individualismo assumiu o lugar do compartilhamento.
Convivíamos diariamente com o leiteiro, o entregador de pão, os vendedores de verduras e frutas. Hoje essas pessoas foram trocadas pela prateleira de um supermercado, tudo é comercializado sem a presença de“gente”. Como era bom ouvir as novidades através do “ascensorista do elevador”, os mais jovens desconhecem que existiram estes profissionais. Em nossos dias tudo é eletrônico e as pessoas que usamos elevadores estão mais preocupadas com seus celulares do que com os demais usuários.
Ora, se as pessoas deixaram de fazer parte do nosso cotidiano, se asfamílias, em nome da privacidade, vivem em espaços privados os gestos e os atos de violência gravitam em escala geométrica. Façamos nestaquaresma uma reflexão sobre como estamos agindo em favor da reduçãoda redução da violência que campeia em nossa volta.
No texto que inspirou o lema o evangelista prega a humildade e a ação e condena a intelectualidade imposta. Temos por onde começar.
Por: Ademar Rafael
* Em virtude da segunda-feira ter sido de carnaval, estamos publicando a Crônica de Ademar Rafael do último dia 12.02.2018.
Crônica de Ademar Rafael
ANDAR OU CORRER?
Nos últimos sessenta dias tivemos oportunidades de passar pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Pernambuco e Pará. Nas conversas com empresários, desempregados, funcionários públicos e meus consultores preferidos – os motoristas de táxi -, pudemos identificar um leque de variáveis sobre as quais são jogados todos os pecados que ocasionaram e fizeram a manutenção da crise.
Encontramos poucos com coragem de assumir sua participação, muitos apontaram inúmeros motivos para o fracasso dos negócios e a instalação do medo e da falta de confiança em dias melhores. Isto é, quando extraímos as variáveis econômicas e políticas que contribuíram para geração ou agravamento da crise instalada desde 2008 sobram uma centena de motivos para neles jogarmos a culpa.
Quando apontamos situações ou atitudes que enfrentaram os ambientes desfavoráveis, transformando-os em cenários amistosos sempre os interlocutores alegavam que nos casos que os atingiram a receita não funcionaria.
Para reflexão ficam três variáveis que gostaríamos de dividir com os nossos leitores e leitoras. Será que, motivados pela propaganda oficial sobre a saída do Brasil da lista de países em desenvolvimento para ingresso no seleto grupo das nações desenvolvidas, corremos quando devíamos ter caminhado? Será que, movidos pela exagerada oferta de crédito, nos endividamos acima da nossa capacidade solvência? E, será que, conectados em demasia com mundo virtual, deixamos de lercorretamente as entrelinhas do mundo real?
É possível que cada um, como os nossos interlocutores, tenha uma resposta diferente. A solução, contudo, começa pelo trabalho e por fazer mais do que estamos fazendo. Mãos à obra?
Por: Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
LOURO DO PAJEÚ
Ao citarmos o nome de Lourival Batista, a maioria das pessoas lembrará o extraordinário poeta, o rei do trocadilho, porém, “Louro” deixou outra obra tão grandiosa quanto sua poesia: sua família. Comecemos por Helena, sua fiel companheira: Trata-se de uma dama, mulher de grande fibra e dotada de senso de solidariedade comum apenas nos seres humanos iluminados.
Sem termos nada contra os filhos de Xororó, temos certeza de que se apenas dez por cento dos holofotes dispensados para Sandy e Júnior, fossem ligados na direção de Bia, Val e Zá, a música popular brasileira
teria outra vertente, tão poderosa como a de Caetano e Bethânia, esta com cheiro de recôncavo baia no, aquela com cheiro de Pajeú.
Branquinho, Hilário e Maria Helena herdaram cada um ao seu modo, os ensinamentos de “Louro” e Helena, nas memoráveis festas do dia seis de janeiro de cada ano. Aquela era a mais democrática festa de aniversário
que conhecemos. Hoje, os três recebem com a mesma naturalidade, com pratos e copos cheios e com música de primeira linha, de preferência, na interpretação dos irmãos Bia, Val e Zá, sem esquecer que os anfitriões também escrevem e cantam com maestria.
Naná foi a lucidez em pessoa e Bat, o outro filho que completa o grupo, éum ser humano de dotes raros, figura humana extraordinária, asqualidades superam qualquer rebeldia.
Obrigado “Louro”, sua dinastia perdurará eternamente, seus netos estão no mesmo caminho dos filhos. Para dar brilho e este texto, registramos aestrofe a seguir, extraída do livro Roteiro de velhos cantadores e poetas
populares do sertão, de Luís Wilson, sobre o velho que passava, portando uma bengala: “O homem na mocidade/com duas pernas se arruma,/mas depois que fica velho/com tudo se desapruma!/De duas passa pra três/E as três não valem uma.
Por: Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
BOLA FORA, BOLA DENTRO.
Com o rumo que o futebol tomou, negociatas em transações com empresas de comunicação, com empresário de jogadores, com dirigente de torcidas organizadas e outros tantos, tenho evitado escrever sobre o tema. Mas, em ano de Copa do Mundo a tenção foi grande e resolvi fazer esta crônica sobre “bola fora” e “bola dentro” do ano passado.
Inicialmente vamos tratar dos eventos enquadrados no primeiro grupo, cuja ordem não obedecem qualquer nível de importância ou de escala de valor.
O primeiro considero a precipitação do São Paulo e de Rogério Ceni no contrato de treinador com grande ídolo da torcida são-paulina. Com o formato utilizado na dispensa a relação jamais será a mesma.
O segundo foi a não classificação da Itália e da Holanda para Copa da Rússia. Tais selecionados pagaram caro que falta de política de renovação e talentos e desorganização, principalmente no caso italiano.
O terceiro foi a forma que o goleiro Muralha foi tratado pela torcida do Flamengo e pela imprensa. Que ele não é o arqueiro que gostaríamos de ter em nossos times é uma verdade, contudo, tratar o atleta como responsável por todos os fracassos de um time vulnerável e irregular é muito para um observador sensato.
No segundo grupo enumeramos os fatos a seguir, observados os mesmos critérios acima narrados.
De início destacamos a conquista do Grêmio, quebrando um jejum e colocando ordem na casa, especialmente quando obtido na Argentina.
Na sequência damos relevo ao desempenho da Seleção nas eliminatórias, nada obstante discreto salto alto, apesar da vigilância do competente Tite.
Finalizamos com subida do Ceará para série “A” do brasileirão e do Fortaleza para a série “B”. Ter o futebol cearense na elite do futebol brasileiro é algo a ser destacado.
Por: Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
SOMENTE O VOTO NÃO MUDA
Após cada pleito sempre ouvimos e lemos que as Câmaras de Vereadores, as Assembleias Legislativas, a Câmara Federal e o Senador tiveram uma renovação de mais de 40% dos quadros, houve alternância nos cargos majoritário de Prefeitos, Governador e Presidente.
Da mesma forma, depois de cada eleição, os índices de corrupção não reduzem. A resposta é fácil. As estruturas ficam, o ingresso de “novos” jogadores não significa a mudança de hábitos.
Vivemos nos dias atuais um sistema político onde as capitanias hereditárias saíram do espaço geográfico para o universo dos votos. Famílias dominam a cena política, parceiros do sistema de enriquecimento ilícito formam grupos e, com isto, o voto torna-se a ferramenta para validar o processo.
Em vários Estados é fácil identificar grupos familiares que ocupam cargos no Executivo e no Legislativo e indicam nomes para os cargos para outros órgãos da estrutura do poder, com isto a mudança por meio de votos é impotente para alterar a espinha dorsal da corrupção.
Temos que reconhecer que sem eleições seria pior. O voto, apesar das limitações e da falsa sensação de participação popular, é um bom antidoto. Precisamos, neste ano de eleição geral, além de votar em candidatos comprometidos com as causas sociais, com a regularidade dos atos praticados, com a ética e enfrentamento dos desvios de conduta devemos – na rua e ordeiramente -, exigir uma reforma política e administrativa capazes de combater eficazmente o “vírus da corrupção”impregnado nas entranhas do poder.
Isto é possível? Com mobilização permanente e ordeira, acredito que sim. A união e a organização das comunidades em torno de um projeto coletivo têm provado ao longo dos tempos que são variáveis cuja força
pode provocar grandes mudanças. Façamos diferente em 2018, apenas votando não estamos alcançando os objetivos.
Por: Ademar Rafael
Crônica de Ademar Rafael
REPARTIR
Passadas as festas de final de ano é hora de voltarmos para realidade dos fatos a fazermos uma reflexão sobre nossos atos em relação ao abrandamento das penas impostas aos excluídos do consumo básico.
Respondendo para o nosso interior, sem preocupação de atender regras politicamente corretas e impostas pela sociedade, será que encontramos atitudes realmente direcionadas para os menos favorecidos?
Caso a resposta seja positiva, continue agindo. Sendo negativa a resposta comece a fazer algo imediatamente. Sempre há alguma coisa a ser feita, temos muito a oferecer. Em nossas casas existem muitos bens que não usamos e que faz muita falta a quem não tem.
O fosso social, que se alarga a cada dia, precisa ser estreitado. Precisamos fazer pontes para unir os dois lados. A indiferença é talvez o maior pecado dos tempos atuais. Como cidadão e como cristãos jamais podemos nos omitir.
Esperar por ações governamentais em um Estado que cobra impostos extorsivos, que segrega e exclui é pedir para que a legião de excluídos cresça em escala que transforme uma situação controlável em um ambiente sem controle.
Solidariedade não pode ser visto como favor e como esmola, é muito mais do que isto. O exercício da cidadania tem que ser praticado à exaustão. Não há limite para fazermos o bem.
É possível que a ação isolada seja esgarçada diante de tanta carência, contudo, se unindo esforços com vizinhos e amigos sensibilizaremos a comunidade e a energia gerada formará uma onda capaz de sanar situação que julgávamos impossíveis de serem superadas.
Os clubes de serviços, abertos e fechados, são organismos vivos que precisamos tirar da inércia e da acomodação a lavá-los para onde as necessidades saltam aos olhos. Vamos repartir a multiplicação virá, não tenho dúvidas. Ano novo, novas atitudes.
Por: Ademar Rafael