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Últimas publicações do quadro “Crônicas de Ademar Rafael”

Crônica de Ademar Rafael

NÃO AO DESALENTO

Neste espaço consideramos um ciclo anual cada conjunto de cinquenta e duas crônicas. Assim sendo, esta é a primeira crônica do ano onze e o tema escolhido destina-se a nos manter motivados para enfrentar e vencer os desafios diários. Entendo que esta motivação precisa estar assentada sobre uma base constituída pela fé, pela força de vontade e pela ação.

Quando mergulhamos no assunto desemprego encontramos a palavra “desalento” para classificar as pessoas que perderam o ânimo para continuar procurando uma colocação. Os institutos que pesquisam o
assunto consideram desalentados “Pessoas que não realizaram busca efetiva por trabalho, mas gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar no período da pesquisa.”

São diversos os motivos que levam uma pessoa a perder o estímulo e deixar de lutar por dias melhores. O filósofo coreano Byung-Chul Han, no livro “Sociedade do cansaço” dá algumas pistas. Apresenta vários fatores que geram a o “esgotamento”, destacamos a competitividade exacerbada, a cobrança individual e coletiva por desempenho crescente, os excessos na comunicação e o abandono da vida contemplativa. Sem muito esforço podemos detectar outros, precisamos fugir deles e focar no tripé acima citado, tudo dentro dos limites suportáveis por nosso organismo.

O autor com lucidez atesta que “o hiper capitalismo transforma todas as relações humanas em relações comerciais”, que “enchemos o mundo com objetos e mercadorias com vida útil cada vez menores” e que “o
mundo perdeu sua alma e sua fala. O alarido da comunicação sufoca o silêncio.”

Para sair desse labirinto o poeta Dedé Monteiro, com extrema competência nos apresenta a ação da “esperança” nos dois últimos versos do soneto “As quatro Velas”, após ouvir as mensagens da “paz”, da “fé” e do “amor”, que se auto apagaram: “Não desiste ninguém, que a vida é bela/ E acendeu novamente as outras três”. Não ao desanimo, sim a ação.

Crônica de Ademar Rafael

PREVENIR OU REMEDIAR?

Movidos por comodidade, preguiça, omissão, falta de interesse ou outros posicionamentos muitas vezes deixamos de agir tempestivamente para solucionar problemas pequenos que por falta das medidas corretivas se agravam. Deixamos muitas coisas para depois ou buscamos atacar os efeitos e não as causas. A arte de postergar faz parte do nosso estilo de vida pessoal e profissional.

Na abordagem do tema o autor e palestrante americano Dan Heath publicou o livro “Upstream – A busca para resolver os problemas antes que apareçam”. É uma publicação que pode encaminhar corretamente a resposta para indagação inserida como título desta crônica.

Entre vários pontos registrados no livro destaco inicialmente as três barreiras que o autor apresenta como entraves reais para tomarmos decisões em tempo hábil e evitarmos um estrago maior. A primeira é a cegueira, quando assumimos que não enxergamos como problema ou consideramos o fato como inevitável. A segunda é a falta de propriedade, traduzida na famosa frase “Esse problema não é meu”. A terceira e última é a pratica de cavar um túnel, momento que dizemos: “Não consigo lidar com isto agora.”, também conhecido como “Jogar debaixo do tapete”.

Como com pouco esforço podemos ver que tais barreiras alcançam boa parte das justificativas existentes para não agirmos na hora certa, terceirizarmos o problema ou deixarmos para que o tempo resolva a questão. Na minha vida profissional quando enfrentei os problemas com foco nas causas vi os resultados aparecerem e os problemas sanados. Na vida pessoal, na maioria das vezes, deixei como estava para não agravar, hoje percebo que errei, poderia ter evitado muito desgaste.

Na parte final do texto Dan Heath deixa duas dicas especiais: “Seja impaciente para ação, mas paciente para os resultados” e “O macro começa com micro.” Seguir a primeira dica é um bom começo, concordam?

Crônica de Ademar Rafael

AMIGOS DE QUINCAS RAFAEL – IV

Em 1972 quando viemos residir em Afogados da Ingazeira meu pai sugeriu que em qualquer dificuldade imediata eu deveria procurar os seus amigos de infância, entre estes estava Décio Campos da Silva, seu Décio como era conhecido.

De onde vinha esta certeza do apoio? Da confiança que meu saudoso pai tinha no grupo de que estamos divulgando na última segunda feita de cada mês, neste semestre. Não houve necessidade e urgência para recorrer a estes amigos, mas a certeza da existência desses anjos da guarda dava certa segurança para o jovem advindo de Jabitacá.

Seu Décio foi uma liderança em Afogados da Ingazeira, construída com solidez pela forma como tratava todos. Como Inspetor de Trânsito ou empreendedor ele tinha enorme capacidade de criar soluções e ser bom conselheiro. Nos deixou com menos de 50 anos, na vida entre 1923 e 1972 deixou exemplos a serem seguidos. Ficaram conosco seis filhos, sendo três homens e três mulheres e Dona Zabezinha.

Lembro do dia que fui com meu pai esperar o cortejo com o corpo de Seu Décio, nas imediações do Sítio Barro Branco em Iguaracy. No trajeto Quincas Rafael falava emocionado sobre a salutar amizade entre os dois, nesta viagem tive mais um incentivo para criar a manter amizades.

Tenho o privilégio de ter convivido e ser amigo de Reginaldo, que também nos deixou, Ednaldo e Luciano. A eles nas vezes que recorri foi plenamente atendido, a amizade do nossos pais teve a sequência lógica.

A prepotência encontrada em muitos gestores e funcionários públicos com atuação na área de trânsito quer nas ruas, estradas ou unidades de atendimento – nos dias atuais -, é diametralmente oposta aos
procedimentos de Seu Décio. Era respeitado pelos pares em função do carinho que tinha por cada colega.

Crônica de Ademar Rafael

ARREPENDIMENTO

Com certa frequência dizemos ou ouvimos de outras pessoas as frases “Não me arrependo de nada” e “Faria tudo do mesmo jeito”. Acontece também com certa regularidades que tais afirmações perdem o vigor com o tempo. Algum momento estas mesmas ponderações ao serem submetidas ao crivo dos seus autores são modificadas, a maturidade nos leva a mudar o pensamento em relação aos nossos comportamentos anteriores.

No livro “O poder de se arrepender – Como avaliar o passado para seguir em frente” o autor americano Daniel H. Pink, desmistifica a tese de que arrependimento é para os fracos, ao afirmar categoricamente: “O arrependimento nos torna mais humanos”, “O arrependimento nos torna melhores” e “O arrependimento me dá esperança”. O escritor pondera com muita nitidez que a prática do arrependimento é salutar.

Para ilustrar essa crônica solicitei que o amigo Celso Brandão meu parceiro no livro “A mensagem e o verso” apresentasse uma análise sobre o tema, às luz das suas convicções. Ele prontamente me enviou o texto a seguir transcrito, por meio dele minha proposta para refletirmos. Cabe a cada uma ou cada um a conclusão que melhor esteja adequada ao momento atual de suas vidas. Eu hoje me arrependo sem traumas.

Jesus lhes respondeu: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”; Lucas 5:31-32 – “O arrependimento é a chave para uma mudança de vida. Quando nos arrependemos, reconhecemos nossos pecados e os rejeitamos, escolhendo viver de maneira diferente. Quando cremos em Jesus como nosso salvador, recebemos o perdão e a vida eterna. O pecado é como uma doença, que nos infecta e destrói. Mas o arrependimento é o primeiro passo para a cura. Jesus é o médico que salva a vida de quem se arrepende…O arrependimento nos abre a porta da eternidade, para podermos desfrutar de toda a bondade e justiça de Deus.”

Crônica de Ademar Rafael

SEM GABARITO

Quando uma pergunta é direcionada para avaliar a percepção das pessoas sobre algo, não devemos esperar por resposta única. Cada um, com seu juízo de valor, tem a resposta de sua preferência. Neste direcionamento indaguei um grupo de alunas e alunos sobre o que os motivava no exercício de um cargo em uma empresa privada. Dei como opções salário, respeito e reconhecimento.

Em um universo de trinta indagados vinte e sete responderam que seria o salário o principal fator de motivação, houve certa equivalência quanto a segunda opção entre respeito e reconhecimento, três colocaram o salário em segundo lugar dando como primeira opção o reconhecimento.

Como o público alvo está com idade entre vinte e vinte e três anos as respostas estão dentro do esperado. Nesta fase da vida quando estamos em busca da estabilização emocional, profissional e financeira. A preferência pelo salário é justificável, na medida que galgamos experiência com o avanço da idade é comum alterarmos as preferências.

Em muitos casos podemos adicionar às três opções acima o poder e o status. Em casos específicos estas duas novas variáveis ganham força e superam as demais. Convivi e fui liderado por muitos executivos que davam preferência para o poder e o status. Como são preferências pessoais não devemos criticar ou apontar opção única.

Estas escolhas sustentam os posicionamentos que muitas pessoas do nosso entorno adotam. Para se manterem nos cargos que alimentam seus “egos” fazem todo tipo de estripulias.

Nosso principal objetivo com essa reflexão é entendermos que nossas escolham podem não ter aderências com as escolhas do nossos parceiros no trabalho, na vida social ou mesmo no seio familiar. Precisamos compreender que neste tipo de assunto não existe gabarito.