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Últimas publicações do quadro “Crônicas de Ademar Rafael”

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

 FALTAM LÍDERES DE VERDADE

No final da década de noventa numa prova de direito internacional o professor solicitou numa questão aberta que fizéssemos um texto sobre um líder mundial da atualidade. Escrevi sobre Gandhi e ele questionou a não citação de alguém vivo, justifiquei que não via outro líder a ser destacado.

Durante o dialogo chegamos ao nome de Mandela e após leitura mais profundados feitos de líder sul-africano vi que havia sido muito exigente. Mandela podia sim ter sido destacado em meu texto.

Recentemente vendo a reação dos venezuelanos diante da morte do Presidente Hugo Chávez veio uma indagação. Se a prova fosse agora eu citaria Chávez? A resposta é não.

Mesmo tendo conhecimento dos esforços do venezuelano em favor da universalização do ensino, eliminação do analfabetismo e distribuição de renda, com todo respeito às opiniões contrárias, não percebo Chávez como líder mundial.

Meu crivo para identificar um líder mundial passa por dois posicionamentos básicos. O primeiro é antes de ser contra  algo ser a favor de uma causa e no bom combate enfrentar os opositores, tornando-os defensores dos seus ideais, com a paciência de um monge e garra, muita garra. O segundo é que a causa defendida possa servir ao mundo e não a uma nação isolada.

No auto proclamado herdeiro de Simon Bolívar faltava a paciência e a causa mundial.  A sua insistência por novos mandatos e não formação de um seguidor confiável também contribuem para o afastamento da minha lista de líderes mundiais.

Estaria eu tentando ser mais “sabido” que esmagadora maioria do povo do país vizinho e das autoridades mundiais que tanto defendem Chávez? Pode ser. Cada um cria seus critérios os meus são estes, podem ser contestados, isto faz parte da convivência harmônica em grupo. É na discordância que crescemos.

Caso a avaliação fosse feita agora em 2013 eu não iria até a Índia para buscar o líder procurado, escreveria sobre Mandela. Depois dele ninguém teve estatura para figurar na galeria que criei com os defeitos naturais do julgamento humano.

Lideres de causas próprias e de questões locais sobram, estão em falta lideres de alto alcance, que possam ser copiados em favor de causas mundiais. Neste quesito teremos que recorrer ao passado. Que as gerações futuras não encontrem a dificuldade que ora enfrento.

Por: Ademar Rafael 

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

OS ANIMAIS TAMBÉM CHORAM?

No dia 03.03.13 este blog expôs uma foto e relatou o episódio do “choro” de uma jumenta ao ver o filhote ser tragado pela seca na Paraíba e fez uma invocação a sensibilidade da presidenta Dilma em direção ao sofrimento dos nordestinos em outra grande estiagem.

A cena trágica do sofrimento de animais está presente no cotidiano de quem habita na zona rural. Ver a luta de uma ave em defesa dos seus filhotes, colocando a vida em risco ao enfrentar o predador é de “cortar coração”, como dizia Quincas Rafael. Uma vaca lambendo a cria após o nascimento e seus movimentos em torno do corpo inerte no caso da morte prematura é um espetáculo inarrável.

Nós os humanos é que, em nome da correria atual, não temos tempo para observar o sofrimento alheio. Interessamo-nos muito mais pelo próximo lançamento tecnológico, pelo eliminado do BBB ou pela mais recente denúncia de corrupção do que pelo sofrimento de um animal abandonado nas ruas, nas estradas e nos campos. Quando muito reclamamos quando um destes animais atrapalha nossos potentes veículos.

A arte e o cancioneiro ensinam que “o jumento é nosso irmão”, que “as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti” e que “os brutos também amam”, difícil é termos a capacidade de sentir, na prática, estas mensagens. Talvez a resposta esteja na música do Padre Fábio de Melo, “somos humanos demais”.
Quanto ao apoio político invocado é muito bom atentarmos para o fato que o coração do político normalmente tem duas versões. A versão “manteiga” durante as campanhas eleitorais e a versão “granito” ao tomar posse. Outro ponto a ser destacado é que o modelo de gestão imperante em nosso país é o da “esmola” uma vez que a dependência alimenta o sistema.

Somente quando alguém tiver coragem para alterar o pensamento em voga e tratar os fenômenos naturais secas, enchentes, alagamentos, deslizamentos, entre outros, de forma preventiva veremos menos “choro” de animais e de pessoas carentes os invisíveis aos olhos da classe dominante, especialmente pelos políticos após a posse.

Não podemos esquecer que existem animais que recebem afagos negados aos empregados das casas de “grã-finos”, enquanto os primeiros recebem tratamento de primeira em “pet shops” os segundos são tratados nas filas do SUS.

Resta-nos lutar por justiça social, um dia ela bate em nossa porta..

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

 O XERIFE VIROU INSPETOR DE QUARTEIRÃO.

Os americanos do norte durante anos conseguiram perpetuar seus heróis em filmes que, de forma ufanista, retratavam eventos como a conquista do oeste com direito a matança de búfalos, índios e bandidos. Seguiram o mesmo caminho ao criarem os conhecidos super-heróis.

Em cada filme e na vida real os ianques depois da segunda guerra mundial assumiram o papel de xerife do mundo. Montados no tripé dólar, moeda de troca em todas as transações comercial entre os países; armas, de todos os formatos, inclusive nucleares e tecnologia de ponta deram as cartas e impuseram modelos econômicos e sociais.

As fraudes contábeis, a crise de 2008 e a lenta recuperação da economia somaram-se ao poder econômico da China para criar rupturas inimagináveis. Para muitos os Estados Unidos da América deixaram de ser “donos da terra”, países que sempre dependeram do apoio americano criaram caminhos próprios.

O filme Lincoln traz em seu enredo detalhes sobre a abolição da escravatura e encerramento da guerra entre sulistas e nortistas. Os métodos utilizados, pouco recomendados para quem sempre tentou dar lição ao mundo, mostram as vísceras de um sistema baseado em um bipartidarismo idiota. O modelo que até hoje permanece é campo fértil para o confronto. Uma ideia dos democratas é repelida pelos republicanos e vice versa. 

Marcos Valério e sua turma ao assistirem o filme devem ter ficado frustrados. A compra de votos no parlamento para aprovar propostas do executivo não foi um produto gerado nas Minas Gerais, durante a eleição de Azeredo. Nasceu nos EUA, país que deu lição de democracia e ética por décadas.

A forma que os americanos estão tratando os estrangeiros, inclusive que estão no país de forma ilegal, pode ser a senha que o xerife está virando inspetor de quarteirão. Os latinos, antes tratados como insetos, estão sendo recebidos com tapetes vermelhos, os brasileiros antes responsabilizados por tudo que dava errado estão sendo atraídos como importantes consumidores. O mundo realmente dá voltas.

Pelas minhas contas até 2030 veremos o muro construído para separar os EUA do México transformado em atração turista e a China construirá um trem bala sobre o mar do caribe ligando a costa americana à Havana.

Todos os impérios da antiguidade ruíram em função da prepotência e da certeza que eram inatingíveis pelos inimigos. Qualquer semelhança é mera coincidência.
O mapa do mundo esta mudando, os americanos sabem disto.  

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

CONTROLE SOCIAL
Dotados de amparo jurídico previsto na Constituição Federal e em dispositivos legais da União, Estados e Municípios os controles sociais materializados pelos Conselhos Tutelares, de Saúde, da Educação e do Idoso tem ocupado espaço na fiscalização de atos administrativos do setor público.

Quando mergulhamos no funcionamento de referidos colegiados notamos que os Conselhos Tutelares ocupam o pódio na execução dos encargos sob sua responsabilidade, os demais com raras exceções patinam, deslizam na burocracia e deixam lacunas.

Nos casos dos Conselhos de Saúde e Educação identificamos três fatores que inibem a atuação plena, cada um deles com maior ou menor intensidade, tem presença isolada ou conjunta em várias situações.

O primeiro fator é a ingerência de gestores públicos na escolha dos conselheiros. Existem casos em que a forma indicação extrapola os caminhos convencionais. Os membros impostos passam a figurar como verdadeiros representantes do poder público em um ambiente que deveriam fiscalizar com total isenção.

O segundo fator, não menos nocivo, advém da capacitação dos conselheiros. É perceptível o desconhecimento de conselheiros acerca dos assuntos debatidos na plenária. Seus votos seguem o direcionamento dos mais esclarecidos que podem manipular informações e aprovar os assuntos em debate, muitas vezes sob orientação externa.

O terceiro fator, quase unanimidade, decorre do uso inadequado da condição de conselheiro para ganhar visibilidade na disputa de cargos eletivos, principalmente para vereador. Este fenômeno se faz presente na esmagadora maioria dos conselhos espalhados pelo nosso país.

Somada a tais fatores a dependência dos conselhos de “favores” dos fiscalizados uma vez que despesas básicas como aluguel, material de expediente e consumo dependem de recursos repassados pelos públicos e criam uma relação que fragiliza a ação plena.

Nos conselhos de idosos além dos fatores acima existe uma dependência da vontade de setores privados uma vez que vários benefícios amparados por lei são ignorados por prestadores de serviços o que levam os conselheiros a procurar o Ministério Público para que os direitos sejam respeitados.
A transparência e a justiça social pretendida com a criação dos conselhos serão atendidas quando os entraves acima foram expurgados e os gestores públicos perceberem a importância do controle social para melhor aplicação dos recursos nas finalidades previstas originalmente.

Por: Ademar Rafael

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

DIPLOMA, PARA QUE SERVE?

Sou do tempo que para um recém-formado ingressar no mercado de trabalho bastava registrar seu diploma na entidade que representava a categoria, hoje a situação é outra.

Várias categorias profissionais, após a colação de grau, enfrentam o dilema da aprovação em certame definido como pré-requisito para exercício da profissão. Enquadra-se nessa situação o Exame da Ordem dos Advogados para os acadêmicos de direito e o Exame de Suficiência para os contabilistas. No caso dos operadores do mercado financeiro existem as temidas certificações, fato que ocorre também para auditores independentes.

O que está por baixo do tapete destas “qualificações extras”? Sem muito esforço encontraremos o baixo nível do ensino em grande parte das entidades públicas e privadas, ou seja, muitas delas não passam de fornecedores de um papel como nome de DIPLOMA. Os profissionais que detém seus registros viram-se na obrigação de “proteger” suas categorias dos invasores sem a devida qualificação.

Aprofundando a busca encontraremos uma verdadeira indústria que fornece cursinhos, material impresso e dicas, algumas combinadas com os aplicadores das provas e neste caso com elevado custo para os candidatos. A cada ano crescem as denúncias sobre a manipulação de gabaritos.

Fica a indagação: Se as instituições de ensino superior não estão dando conta de formar os profissionais durante os cursos regulares um cursinho e uma prova repararão as deficiências? Tenho muitas dúvidas.

No campo da medicina o problema é agravado com a convivência durante o curso regular com aulas de entidades fornecedoras de conteúdos para aprovação nas provas de residência. Já ouvi de um bom médico que neste tipo de aula há maior aprendizado do que nas atividades acadêmicas. Como aceitar que a carga horária de um acadêmico de medicina com aula convencional, estágio, internato, trabalhos tenha a concorrência de um verdadeiro curso paralelo? 

Já ouvi em roda de acadêmicos que a saída a deixar o curso regular de lado e dedicar-se com maior afinco ao curso paralelo uma vez que a residência é determinante para exercer a profissão na área desejada, isto é, na condição de especialista.
Com a falta de médicos, principalmente no interior, não seria o caso de reformular o modelo atual, ampliando a carga horária e criando estruturas regionais para que o formando possa  sair do curso com a bagagem necessária para o exercício pleno da atividade e na especialização escolhida?

Por: Ademar Rafael