O circo está armado
Nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, no dia 11.10.2005, levei meu filho Sávio, então com 13 anos, para assistir Brasil 3 x 0 Venezuela no Mangueirão, Belém do Pará.
Durante a execução do Hino Nacional, emocionado meu filho falou: “Obrigado pai. Prometo que quando houver um mundial no Brasil eu retribuirei este presente levando o senhor para assistir uma partida da Seleção Brasileira”.
Estamos às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, eu por vontade própria renunciei ao direito de receber a retribuição do meu filho, por dois motivos. O primeiro é que Sávio está no penúltimo ano da faculdade de engenharia e sua principal fonte de renda é o estágio remunerado, distante dos preços de ingressos cobrados pela FIFA.
O segundo, mesmo sendo apaixonado por futebol, não tenho estômago para me submeter às regras impostas por uma entidade externa que teima em afrontar a soberania nacional ao modelar nosso comportamento e nossos gestos.
Com o sorteio realizado na linda Costa do Sauipe a FIFA encerra os eventos antes do mundial, portanto, o circo está armado. O número principal será realizado pelos jogadores, a plateia serão poucos afortunados, a FIFA levará o dinheiro e os palhaços somos nós contribuintes do país mais vezes campeão do mundo, que
pagaremos a conta maior e assistiremos aos jogos ouvindo Galvão Bueno e sua turma, “Haja coração”.
Os países participantes estão distribuídos em grupos “montados” pela FIFA no belo cenário baiano, a saber: Grupo A – Brasil, Croácia, México e Camarões; Grupo B – Espanha, Holanda, Chile e Austrália; Grupo C – Colômbia, Grécia, Costa do Marfim e Japão; Grupo D – Uruguai, Costa Rica, Inglaterra e Itália; Grupo E – Suíça, Equador, França e Bolívia; Grupo F – Argentina, Bósnia, Irá e Nigéria; Grupo G – Alemanha, Portugal, Gana e EUA e Grupo H – Bélgica, Argélia, Rússia e Coréia do Sul.
Vou cobrar do meu filho uma viagem para curtir o São João no nordeste, cabe no orçamento e não é manipulado pela FIFA.
Por: Ademar Rafael