Por G1 Rio
A Justiça do Rio determinou nesta segunda-feira (14) que Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como ‘Orlando Curicica’, deverá ser transferido para um presídio federal de segurança máxima.
Ex-policial militar, Orlando é apontado pela polícia como chefe de uma milícia que domina parte da Zona Oeste do Rio. Em reportagem publicada pelo jornal O Globo, um delator contou a agentes da Delegacia de Homicídios que o homem seria um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, há dois meses.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou que o ex-PM está entre os investigados pela morte da vereadora. Além dele, o vereador carioca Marcello Siciliano (PHS) também foi citado na delação como um dos mandantes do crime.
“Eu disse lá atrás que tudo apontava para as milícias, não estou dizendo que são esses especificamente. O que eu posso dizer é que esses e outros são investigados e que a investigação do caso Marielle está chegando à sua etapa final, e eu acredito que em breve nós devemos ter resultados”, disse o ministro.
Na decisão divulgada nesta segunda, o juiz da 5ª Vara Criminal da Capital também autorizou que o preso permaneça provisoriamente em Bangu 1 até ser transferido para uma penitenciária de segurança máxima.
O magistrado definiu que caberá ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) indicar para qual presídio federal Orlando será transferido.
No pedido, o Ministério Público alegou que a transferência “é de grande relevância para o interesse da segurança pública, visando inibir a atuação do preso em referência e de coibir eventuais associações criminosas”.
Ao G1, o advogado de Orlando chamou de “absurda” a transferência de seu cliente. “Foi feita na calada da noite para cercear a defesa e calar o meu cliente. Vou recorrer”, criticou Renato Darlan.
Vereador e ex-PM negam participação
A reportagem de O Globo denunciou que Orlando teria tramado o crime junto com o vereador Marcelo Siciliano (PHS). No dia seguinte, o vereador negou participação no crime durante entrevista coletiva.
Orlando, preso em Bangu desde outubro do ano passado, divulgou uma carta negando participação no crime. No documento, ele diz que não integra nenhuma milícia e nunca tinha ouvido falar da vereadora.
Orlando foi preso após ser apontado como mandante da morte de um homem que decidiu montar um circo em área supostamente controlada por ele sem pedir autorização.
Em uma ação parecida com a do assassinato da vereadora, dois bandidos dispararam 12 vezes na direção da vítima. Uma mulher que acompanhava a vítima sobreviveu. O grupo de Orlando, assim como outros milicianos, também é investigado por grilagem, que é a posse ilegal de terrenos.
A Zona oeste é o berço dos milicianos cariocas. As milícias são grupos que usam de violência para ameaçar a população e cobrar por serviços, como transporte, entrega de gás e canais de TV por assinatura. Eles também tomam moradias e terrenos à força.