Surpresa do Brasil na Olimpíada de Londres 2012, quando conquistou a medalha de bronze do pentatlo moderno mesmo sem ser uma das favoritas, a brasileira Yane Marques não conseguiu passar nem perto do bom resultado obtido quatro anos atrás, na edição deste ano, no Rio de Janeiro. Depois de um começo ruim na esgrima, na última quinta-feira, ela teve resultados irregulares no segundo dia de provas e acabou ficando na 23ª colocação. A medalha de ouro ficou com a australiana Chloe Esposito. A prata foi para a francesa Elodie Clouvel. A polonesa Oktawia Nowacka, após liderar boa parte da competição, levou o bronze.
A australiana somou 1.372 pontos – o desempenho em cada uma das provas viram pontos para as competidoras – e estabeleceu o recorde olímpico, já que a pontuação mudou para 2016. Ela assumiu a ponta na última volta da corrida, de um total de quatro. Deixou para trás Elodie Clouvel (1.356) e Oktawia Nowacka (1.349). No total, 36 mulheres participaram da competição.
Yane Marques, ao somar 1.269 pontos, se complicou na disputa do pentatlo moderno logo na primeira prova. Na esgrima, que é uma de suas modalidades fortes, não teve um bom desempenho e perdeu 19 jogos. Foram apenas 16 vitórias e a 21ª colocação.
Nesta sexta-feira, na natação, a pernambucana conseguiu o nono tempo (2m14s14) e ganhou algumas posições, mas caiu novamente na rodada bônus da esgrima e não conseguiu encostar nas líderes. A penúltima prova foi o hipismo, e a 16ª colocação novamente não lhe rendeu melhores posições no ranking.
O fechamento do pentatlo foi no evento combinado de corrida com tiro, que historicamente não traz bons resultados para Yane. Dito e feito. Ela largou na 16ª colocação – 1m07s atrás da líder – e terminou a prova em 23º. A expectativa criada não se tornou realidade. Mesmo assim, a atleta, que foi a porta-bandeira do Brasil, na cerimônia de abertura, arrancou aplausos do público presente no Estádio de Deodoro.
Sempre com um sorriso no rosto, Yane Marques liderou uma espécie de volta olímpica com todas as competidoras e foi abraçada por elas quando completou o percurso. O mesmo sorriso se manteve no primeiro contato com a imprensa, quando ela se mostrou tranquila com a colocação final.
Tu acha que eu vou ficar me lamentando por um 23º lugar que eu lutei para ser 1º? Eu joguei a minha melhor esgrima, mas reconheço que foi horrível, a pior da minha carreira. Depois que vi que não tinha chance de medalha, quis fazer o meu melhor. Melhor combinado, melhor natação e melhor hipismo. Muitas vezes a gente espera o melhor materializado em um metal (a medalha), mas não vejo motivos para ficar triste quando não tem. Queria estar no pódio, mas talvez não mereci. Tenho um troféu que levo para a vida toda: o esporte. É uma vida de abnegação. Estou realizada e valeu a pena.