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ESPAÇO DA POESIA
Pela falta do luxo e do brinquedo,
Que você não me deu porque não tinha,
Pela papa esfriada no seu dedo,
Pra poder não queimar a boca minha,
Pelas horas de angústia e sofrimentos,
Na escolha melhor dos alimentos,
Pra me ver cem por cento alimentado,
Pela mãe cuidadosa e dedicada,
Que deu tudo de si sem cobrar nada,
Obrigado mamãe, muito obrigado.
Diomedes Mariano
Quem quiser sentir saudade,
Faça do jeito que eu fiz,
Vá para um lugar distante,
Sem querer como eu não quis,
Demore uns tempos por lá,
Que depois você me diz.
Um espelho eu conduzia,
Para olhar minha beleza,
Porque já tinha certeza,
Que ela desaparecia.
Rafaelzinha.
Se você quiser saber,
O mal que o tempo lhe fez,
Basta a cada cinco anos,
Ir no espelho uma vez.
Raimundo Caetano
ESPAÇO DA POESIA
Daqui da porta do meu quarto triste,
Arrebatado de pavor e pena,
Eu assisto a tristeza de uma cena,
Que pouca gente noutro quarto assiste.
Neste cassino que defronte existe,
Onde a flor da virtude se envenena,
Uma pobre e cansada Madalena,
Bebe nitrato e de viver desiste.
Vejo-lhe as mãos a comprimir-lhe os seios,
Ouço gemidos lancinantes, feios,
Que a dor arranca do seu peito fundo.
Maldizendo o destino e a pouca sorte,
Pões termo a vida, para ver se a morte,
É menos triste do que foi seu mundo.
Rogaciano Leite.
ESPAÇO DA POESIA
Eu comecei com um cego,
Minha carreira de artista,
Cesário José de Pontes,
Que era um grande repentista,
Depois que o cego morreu,
Fiquei guiando os de vista.
(Lourival Batista)
Eu fiquei triste demais,
Com tudo que aconteceu,
Só não lhe dou uma perna,
Das duas que Deus me deu,
Porque com uma perna só,
Nem anda você, nem eu.
(Valdir Teles)
Vou seguindo a caminhada,
Do começo até o fim,
Não sou santo nem sou diabo,
Não sou bom nem sou ruim,
Sou apenas a imagem,
Do que enxergam de mim.
(Diomedes Mariano)
ESPAÇO DA POESIA
Dia dois ao dia seis,
Em São José do Egito,
As graças do infinito,
Desceram de uma só vez,
Dentro da festa de reis,
A população se uniu,
Muito improviso surgiu,
De glosa e de recital,
Na festa mais cultural,
Que o Pajeú já viu.
De Xangai a Elomar,
Flávio Leandro, Ednardo,
Maciel Melo outro fardo,
Greg, e Marinho o seu par,
Chico para declamar,
Bia, a cigarra que é,
Miguel, Luizinho e o pé,
de serra, cheirando a rima,
Jogaram cultura em cima,
Das praças de São José.
Dudú na mesa de glosa,
Com Alexandre Morais,
Caio outro gênio que faz,
A mesa ser mais gostosa,
Moacir junto a Feitosa,
Eu, Valdir, Louro e Mocinha,
Cardoso, a trupe todinha,
Da cultura popular,
Que fez o tempo parar,
Com tanto brilho que tinha.
Quantos homenageados,
Por parente, amigo e filhos,
Louro, o rei dos trocadilhos,
O maior dos festejados,
João aqui de Afogados,
Citado como um tesouro,
De veterano a Calouro,
Irmanaram-se num só plano,
Adeus, até para o ano,
Na próxima festa de “LOURO”.
DIOMEDES MARIANO.
ESPAÇO DA POESIA
Eu estou como um chocalho,
Que uma criação perdeu,
Mas depois de tanto tempo,
O chocalho apareceu,
Com um som tão diferente,
Que o dono não conheceu.
Eu quero ser sepultado,
Na sombra de uma favela,
Onde morreu minha vaca,
E o meu cavalo de cela,
Pra ninguém saber se os ossos,
São meus, do cavalo ou dela.
Eu quero ser sepultado,
Num dia de brisa calma,
Na sombra de um juazeiro,
Junto ao roçado de palma,
Pra o gado em noite de lua,
Se encontrar com minha alma.
Pedro Bandeira.
ESPAÇO DA POESIA
O coveiro que é quase meu irmão,
Disse a mim, ontem eu tive uma surpresa,
Quando estava fazendo uma limpeza,
Num jazigo de cal próximo ao de João,
Escutei a cantiga do carão,
Parecendo o dobrado de um tenor,
Era o pássaro externando a sua dor,
Sobre o túmulo do gênio sepultado,
SEM TER JOÃO, O CARÃO CANTOU SENTADO,
NA MADEIRA DA CRUZ DO CANTADOR.
Com a morte do gênio que foi João,
Que homenagem ao carão em vida fez,
O carão lamentou por sua vez,
A partida precoce do irmão,
Ao passar no seu túmulo deu plantão,
Ressentido tal qual um pecador,
Dividiu o espaço com a flor,
Que alguém que passou tinha jogado,
SEM TER JOÃO, O CARÃO CANTOU SENTADO,
NA MADEIRA DA CRUZ DO CANTADOR.
Diomedes Mariano.