O coveiro que é quase meu irmão,
Disse a mim, ontem eu tive uma surpresa,
Quando estava fazendo uma limpeza,
Num jazigo de cal próximo ao de João,
Escutei a cantiga do carão,
Parecendo o dobrado de um tenor,
Era o pássaro externando a sua dor,
Sobre o túmulo do gênio sepultado,
SEM TER JOÃO, O CARÃO CANTOU SENTADO,
NA MADEIRA DA CRUZ DO CANTADOR.
Com a morte do gênio que foi João,
Que homenagem ao carão em vida fez,
O carão lamentou por sua vez,
A partida precoce do irmão,
Ao passar no seu túmulo deu plantão,
Ressentido tal qual um pecador,
Dividiu o espaço com a flor,
Que alguém que passou tinha jogado,
SEM TER JOÃO, O CARÃO CANTOU SENTADO,
NA MADEIRA DA CRUZ DO CANTADOR.
Diomedes Mariano.