Daqui da porta do meu quarto triste,
Arrebatado de pavor e pena,
Eu assisto a tristeza de uma cena,
Que pouca gente noutro quarto assiste.
Neste cassino que defronte existe,
Onde a flor da virtude se envenena,
Uma pobre e cansada Madalena,
Bebe nitrato e de viver desiste.
Vejo-lhe as mãos a comprimir-lhe os seios,
Ouço gemidos lancinantes, feios,
Que a dor arranca do seu peito fundo.
Maldizendo o destino e a pouca sorte,
Pões termo a vida, para ver se a morte,
É menos triste do que foi seu mundo.
Rogaciano Leite.