Home » Crônicas de Ademar Rafael (Page 45)
Você está lendo: Crônicas de Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Em canto e poesia
O trabalho que nos apresenta Antônio Marinho, intitulado “Em canto e poesia” não é somente um CD com uma rica coletânea. Trata-se de um Projeto Musical.
Este projeto cabe no Pátio do São Pedro, Teatro Santa Isabel e no Marco Zero, em Recife; tem espaço nos Teatros da Paz em Belém e Amazonas em Manaus; sustenta-se na Feira de São Cristóvão – Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, no Rio de Janeiro; no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo ou em qualquer outro espaço em nosso país.
O que legitima tal projeto? Por limitação não tenho capacidade de nominar todas as variáveis que colocam o citado projeto em patamar elevado, os registros a seguir sevem para dar um rumo, jamais respondem a indagação.
O título do livro do jovem poeta Vinícius Gregório: “Hereditariedade”, explica parte do enigma. Antônio Marinho é neto de nada menos que Lourival Batista e de Helena, filha de grande Antônio Marinho seus pais
Zeto e Bia dispensam apresentação. Mas, o jovem poeta não ficou na sombra da fama dos seus parentes famosos, criou um estilo próprio.
Sua voz abraça o interlocutor, um contorcionista do famoso “Cirque du Soleil” terá muita dificuldade de acompanhar Marinho em palco, uma interpretação sua é única, pessoal e intransferível.
Lirinha, em Cordel do Fogo Encantado, presenteou aos amantes da cultura verdadeira com performances espetaculares, Marinho superou tudo com uma personalização impossível de ser copiada. No palco
tem a suavidade de um poeta de “Cancão” e a densidade da obra de “Rogaciano Leite”.
As quatorze faixas que compõem o CD foram geradas no mais fértil útero da poesia nordestina: O Pajeú da Flores. As criações de Greg, Marinho, Zeto, Lamartine Passos, Nõe de Job, Didi Patriota, Biu de Crisanto, Bia, Sales Rocha, Zé Rabelo, Anchieta Dali, Rafaelzinha, Dimas Bibiu, Zé e Manoel Filó, Lourival e Otacílio Batista, Pinto do Monteiro, Vitor Moneiro, Luiz Homero, Miguel Marcondes, Domingos Accyoly, Jucélio Vilela, Job Patriota, Manoel Chudu, Antônio Pereira, Graça Nascimento, Tales Ribeiro na voz de Marinho ficam em uma altura que as mãos da cultura mecanicista, bancada por grande legião de alienados, não alcançam.
Este menino cria, canta, interpreta e move-se em palco como gente grande, aliás desde criança teve grandeza para assumir sua parte no latifúndio da cultura da nossa terra sem preocupação com os modismos
impostos. Vida longa ao herdeiro do “encanto” egipciense.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Acontecer
Esse é nome do trabalho musical de Tonfil. Mas, quem é Tonfil? Um filho de São do Egito, Estado de Pernambuco. A única cidade do mundo que é cultura em tudo, que pode sobreviver saciando-se com a cultura gerada nos gestos e nas ações de um povo diferente. Somado a isto tem com avós Seu Neco e Dona Vitória pelo lado do Pai Antônio José e Lourival Batista e Dona Helena por parte de Maria Helena. Sobrinho do Zá, Val, Bia, Hilário, Branquinho, Zé Carlos, Flávio, entre outros.
Criou-se ouvindo cantorias de viola e canções de Zeto, Chico Arrudae Lostiba. Desde cedo se revelou dono uma voz diferenciada. Nela encontramos a maciez do algodão mocó e a doçura do mel de mandaçaia.
Com uma origem desta e uma capacidade interpretativa extraordinária não poderíamos esperar outra coisa. O talento revelado é a materializaçãodo que fora escrito, em mármore, desde os tempos idos.
Destacar faixas no CD é correr o risco de esquecer algo importante que a limitação deixa passar. Mesmo assim arisco-me trazer a relevo além da música título o soneto de Rogaciano Leite, “Cantar e Sorrir”. Sua musica, da lavra de Socorro Lira, é absorvida pela voz de Tonfil em uma troca comparável somente na cena percebida naqueles dias que lua cisma em sair mais cedo para assistir o pôr do sol. Não há como dizer quem tem mais beleza, quem se impõe.
Na música “Segredos de Sementes”, a frase “A poeira é a vontade que o chão tem de voar” aparece como uma das pérolas que a cancioneiro sertanejo joga “nos peitos” do mundo intelectualizado dizendo: Aqui
não há limite, nossa capacidade de criação extrapola a estética que suas academias insistem em doutrinar.
Vinícius Sarmento e Greg Marinho principais músicos da coletânea remetem nossa atenção para um universo melódico que alcança outro tanto do que acreditávamos existir, isto é, ultrapassa nossa capacidade
de medir talentos musicais.
As criações de Lamartine Passos, Didi Patriota, Nõe de Job, Xico Bezerra, Maria da Paz, Nuca Sarmento, Petronildo, Fred Didier, Zeto, Anaíra Mahin, Bia e Antônio Marinho através da voz de Tonfil flutuam sobre o lendárioRio Pajeú que do seu leito seco faz nascer um turbilhão de cultura que fomenta talentos desprovidos da ganância pelo sucesso fabricado nas hipócritas mídias do mundo capitalista.
Os instrumentais convivem com as demais faixas em uma harmonia que nos transporta para o trabalho do imortal Ariano Suassuna nos anos 70, ao juntar o erudito ao popular no Projeto Armorial.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Um grande presente
O último sábado de aleluia (19.04.14) foi um daqueles dias que você dificilmente esquece. Pela manhã saímos (Eu e minha esposa Helaine) da pequena Jabitacá para tomarmos um café na residência de Antônio José e Maria Helena, filhos de Neco Piancó/Dona Vitória e de Lourival Batista/Helena Marinho e pais de Pedro e Tonfil.
Fomos recebidos por Bia Marinho com seu inconfundível sorriso. Sentamos à mesa e entre um café e outro, temperado com um queijo daqueles que só encontramos no sertão ouvimos versos, “estórias” e histórias narradas pelos anfitriões, por Branquinho filho mais velho de Lourival e Helena, por Antônio Marinho maior expressão do recital poético da atualidade e poeta de extrema competência e sensibilidade, por Bia e todos os outros que passaram em redor da mesa. A forma de receber de Dona Helena estava presente.
Comentamos sobre a irreverência de Elomar Figueira, versos de Manoel Xudu, de Manoel Filó, e tantos outros menestréis da nossa infinita cultura sertaneja. Para quem está morando fora do nosso torrão foi um “papo cabeça”, com direito a muitas risadas.
Como não poderia ser diferente vieram “causos” da terra dos repentistas para ampliar o estoque deste cronista. O primeiro veio através do diálogo de uma cidadã com Antônio José. Segundo o narrador, disse a amiga: “Toinzé como você está velho?”. Ele, com o imediatismo ultrarrápido do povo de São José do Egito respondeu: “Menina tu pensa que só você tem o direito de envelhecer?”.
Outro “causo” interessante foi mencionado como de autoria do um funcionário de Toinzé que ao ver a seca matando o rebanho chamou o patrão e disse: “Dotô o mundo vai acabar da mesmo forma que começou, somente com um casal de cada bicho”. Esta sentença matuta pode até ter sido gerada no desespero causado pela dor de ver animais morrendo de sede e de fome, mas, como tudo da nossa região, na simplicidade da mensagem e do seu emissor existe enorme valor cultural.
Firmamos o compromisso que no dia 06.01.2015 estaremos em São José do Egito para comemorar o centenário do Rei do Trocadilho, festa aguardada por todos. A festa de Lourival Batista está sendo preparada pela família com a mesma dedicação e o mesmo carinho que Louro e Helena nos recebia em sua residência todos os anos para comemorar o aniversário do poeta.
Ao final ganhamos os CDs “Tempero do Forró”, de Bia Marinho, “Encanto e Poesia” de Antônio Marinho e “Acontecer” de Tonfil. Cada trabalho será retratado em crônicas nas próximas semanas.
Ainda tivemos o prazer de uma conversa com os amigos e colegas do BB Zé Carlos e Inalva. Breve estaremos recepcionando-os em Belém-PA.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Eleições 2014 – Eduardo
Na segunda-feira, 14.04.14, todos os blogs e o noticiário político nacional deram ênfase ao lançamento da candidatura Eduardo Campos tendo Mariana Silva como vice. As matérias registraram que a formalização da chapa socialista, com a homologação das indicações, deve ocorrer somente em junho durante a Convenção Nacional do PSB.
Quem é Eduardo? Neto e herdeiro político de Miguel Arraes de quem manchou a biografia, com a tentação dos precatórios, na época que o avô governou Pernambuco e ele ocupou o cargo de Secretário da Fazenda. Foi Deputado Estadual, Deputado Federal, Ministro de Ciência e Tecnologia de Lula e Governador de Pernambuco por duas vezes. É um trator de esteira quando quer uma coisa e aciona esta força para remover obstáculos.
A missão? Somar mais votos que Aécio no primeiro turno, levar a eleição para um segundo com a ex-aliada Dilma. Unir os perdedores em favor da sua candidatura no segundo turno.
O sonho? Conseguir que Marina Silva transfira os votos a ela destinados na ultima eleição presidencial e ser percebido pelo eleitor, principalmente o indeciso, como o fato novo fora de polarização PT x PSDB, com
capacidade de ampliar os acertos dos petistas e tucanos.
As dificuldades? Angariar recursos em setores mais simpáticos á candidata da situação e ao candidato tucano. Vencer a desconfiança dos setores conservadores e dos eleitores do sul e sudeste.
O que não deve fazer? Acreditar que uma chapa “puro sangue” é capaz de ganhar uma eleição de presidente no Brasil. Achar que densidade eleitoral pode ser conquistada com um discurso politicamente correto.
Se ganhar? Pelo destaque que o Senador Cristóvão Buarque vem recebendo nos eventos dos socialistas a educação deve ser melhor tratada. O estilo de Governar Pernambuco, com uma máquina publicitária quase perfeita, chegará ao Planalto Central com um olho no desenvolvimento e outro na sustentabilidade, binômio que até hoje não teve êxito em lugar nenhum. Quando uma das variáveis cresce a outra some, assim tem ocorrido.
Um fato que merece destaque? A capacidade que os “sustentáveis” – ambientalistas que compõem a Rede Sustentabilidade – tiveram em reconhecer que estavam errados ao criticar com veemência o Ministro
de Ciência e Tecnologia da “biossegurança e dos transgênicos” e o Governador que privilegiou o desenvolvimento e não o mangue na construção do Porto de Suape.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Eleições 2014 – Dilma
Durante o mês de abril os analistas políticos, em diversos meios de comunicação, avaliaram a instabilidade da candidatura da Presidente Dilma ao segundo mandato. Determinadas análises animam a oposição e sugerem que o governo abra os olhos muito bem abertos, outras afirmam que a situação está sob controle.
Quem é Dilma? Militante política que sofreu durante a ditadura imposta pelo golpe de 1964. Ingressou na política partidária no Rio Grande do Sul onde exerceu os cargos de Secretária da Prefeitura de Porto Alegre e Secretária no estado gaúcho. Pelo destaque na elaboração do programa do governo Lula foi nomeada Ministra das Minas e Energia e posteriormente da casa Civil, após o escândalo do Mensalão.
A missão? Reconquistar a popularidade em queda e vencer a eleição no primeiro turno, caso tenha que enfrentar uma segunda rodada os esforços serão duplicados.
O sonho? Conseguir que a economia cresça que a inflação fique comportada e que as manifestações previstas para o período da Copa do Mundo não promova o estrago que os movimentos de 2013 causaram.
As dificuldades? Suportar a carga explosiva que a oposição e os setores descontentes com o governo jogarão sobre seus ombros depois da Copa do Mundo. Manter a militância petista ao seu lado, com a garra de outrora. Convencer o eleitor que pode fazer mais em um segundo mandato.
O que não deve fazer? Ficar refém de Lula, do PMDB ou de outro partido. Achar que tudo pode ser revertido com o poder da caneta. Dar demasiado crédito as pesquisas. Desqualificar as correntes contrárias ao governo sem avaliar que muita coisa está funcionando em nível abaixo das expectativas criadas. Pousar de vítima das elites e dos conservadores.
Se ganhar? Fará um governo diferente uma vez que a vitória será atribuída a sua imagem, tudo terá sua cara o cordão umbilical que liga Dilma a Lula será rompido. Não ficará subordinada a partidos, usará novo modelo mais aderente ao seu estilo de “gerentona” que foi sendo esvaziado durante o primeiro mandato. Fortalecerá as políticas sociais bancadas pelo idealismo. Promoverá a reforma administrativa e reforma
política que o país necessita para deixar de ser uma republiqueta.
Um fato que merece destaque? A incapacidade de negociar preventivamente, inclusive através dos interlocutores nomeados para tal, permanece minando a relação entre a Presidente e os demais poderes sem que a candidata assuma a responsabilidade com o diálogo necessário para reduzir clara antipatia reciproca.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL
Eleições 2014 – Aécio
A revista Época, edição número 827 de 07.04.14, apresenta uma entrevista com Antônio Anastasia que deixou o governo do Estado de Minas Gerais para coordenar o programa do candidato tucano ao Palácio do Planalto ao lado de Armínio Fraga. Isto significa que o aliado Anastasia e o “especulador” Fraga terão forte influência na campanha, inclusive na captação de recursos.
Quem é Aécio? Neto e herdeiro político de Tancredo Neves foi secretário particular do tio famoso, Deputado Federal, Governador de Minas Gerais por dois mandatos e Senador. Não é o democrata que aparenta. Extremamente dócil com a parte da imprensa que o bajula e cruel com quem o critica. Tem uma irmã como anjo da guarda, ela sempre demonstrou extrema capacidade para blindá-lo em momentos críticos. É habilidoso, tem fala fácil e jeito mineiro.
A missão? Para ter chance real o candidato tucano terá que somar mais votos que Eduardo e chagar ao segundo turno crescendo e contar com os votos dedicados aos candidatos de oposição.
O sonho? Manter a unidade do partido, especialmente nos maiores colégios eleitorais, isto depende de vários fatores. O principal a performance dos candidatos tucanos a governador.
As dificuldades? A receita baseada na crítica ao candidato da situação e ancorada em programa amplo sem conteúdo não tem sido um grande aliado. Tem que encontrar um caminho diferente. Atrair os tucanos fora
de Minas Gerais para dedicação de corpo e alma à campanha. Expurgar os pecados da fase FHC e colar em sua candidatura os acertos da fase tucana à frente do Brasil.
O que não deve fazer? Confiar na turma do São Paulo, especialmente os “amigos” de José Serra. Escolher um vice com a mesma linha de pensamento.
Se ganhar? Teremos de volta a política amparada na cartilha do Consenso de Washington, sedimentada na ciranda financeira nos moldes de Fraga, ex-funcionário de George Soros. Na operação dos demais setores Anastasia assumirá a “bagaça” como diz Marcelo Tas, ancora do Custe o Que Custar da TV Bandeirante, deixando o presidente Aécio livre para fazer o que gosta. Governar é coisa chata e trabalhosa demais.
Um fato que merece destaque? O desprendimento do Governador Antônio Anastasia em renunciar ao governo de Minas Gerais para seguir seu mentor político na aventura rumo ao Palácio do Planalto.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL
Sabedoria de taxista
Tenho um hábito antigo que é ao entrar em um táxi puxar conversa com o motorista sobre futebol e política. Destes diálogos sempre tiro grande lições. Este texto focará questões políticas.
Já ouvi taxista dizer que Maluf caso roube é por ser portador de “cleptomania”, não o faz por necessidade. “Ele é um homem rico doutor”, disse-me o eleitor malufista. O taxista da capital bandeirante com um pouco mais de tempo teria mudado meu ponto de vista sobre o ex-governador paulista.
Recentemente em um trajeto de mais ou menos quinze quilômetros um taxista bateu todos recordes de informações sobre política nacional. Ao entrar no táxi lotação ele já estava conversando com os outros passageiros, não precisou provocar o assunto.
O cidadão em pouco mais de cinco minutos falou sobre Joaquim Barbosa, o Santo do Supremo; comentou sobre a negligência da presidente Dilma no caso da compra da refinaria nos Estados Unidos e destacou o patrimônio do filho de Lula, incluindo o cachê de Roberto Carlos na propaganda do Friboi.
Durante a parada teve tempo de dizer que a solução será Aécio Neves. “Este sim vai acabar com estas esmolas das bolsas diversas e criar somente uma no valor de um salário mínimo”, garantiu o taxista. Segundo seu ponto de vista o neto de Tancredo impedirá que o Brasil seja transformado em uma nova Cuba.
Enquanto caminhava até o trabalho pensei: Como uma desenvoltura desta este taxista está habilitado para ser um comentarista político de um jornal da televisão e porque não o editor? Pense em um cidadão com resposta para tudo, de forma rápida e contundente, Arnaldo Jabor que se cuide.
O motorista, verdadeiro “the flash” vocal, de forma pragmática me fez ver que a comunicação tem que ser rápida e certeira, não temos tempo para conversas demoradas. Pena que a viagem foi rápida, não houve espaço para uma perguntinha sobre a copa do mundo de 2014. Tenho certeza que os gastos com estádios e as chances do Brasil seriam detalhados em fração de segundo.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
A disputa entre cariocas e paulistas que foi alimentada por muito tempo pelas partidas entre o Santos de Pelé x e o Botafogo de Garricha e Flamengo x Corinthians, donos das maiores torcidas do Brasil, ganha um novo componente, o Rio Paraíba do Sul.
O conflito hídrico causado pela perspectiva de utilização das águas do rio para abastecer o sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento da região metropolitana de São Paulo, está dando contornos para disputa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
As autoridades do Rio de Janeiro partiram para briga em favor do rio que eles desviam para abastecer a capital e cidades do entorno e que eles poluem em Resende, Barra Mansa, Campos e outras cidades e que se acham donos.
O governo de São Paulo afirma que tem direito em utilizar as águas do rio uma vez que em seu território ele nasce. Seria bom ouvirmos a voz dos “intelectuais” paulistas que fizeram editoriais contra a transposição do São Francisco, fazendo coro com os nossos vizinhos Bahia e Sergipe.
Os ambientalistas de plantão defendem que as águas dos rios devem correr para o oceano e a população que crie mecanismos para suprir suas necessidades básicas, para eles a preservação está acima das carências humanas.
A falta de investimento no setor e os desperdícios do precioso líquido nas residências são os principais motivos da crise, culpar falta de chuva é ter pouca criatividade.
A sorte é que os “tucanos”, governantes de São Paulo desde a era Mario Covas, por serem dotados de poderes quase “divinais” encontrarão o caminho para solucionar o problema. Estamos em ano eleitoral período em que as habilidades multiplicam-se. Esquecida a briga cariocas x paulistas x ambientalistas fica uma certeza: A culpa é de São Pedro, com ele está a chave do céu o do registro que libera a água.
Por :Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Em 2011 ao participar de evento sobre administração, na cidade de São Paulo, ouvi Ram Charan – referência no mundo corporativo – dizer algo muito próximo de: “Simplifiquem, simplifiquem não ha espaço no mundo atual para processos muito complexos”.
No final de fevereiro-2014 terminei de ler o livro “Ivens Dais Branco – Simples, criativo, prático”. A obra de Sérgio Vilas-Boas relata traços da personalidade e habilidades do empresário cearense que por meio do grupo M. Dias Branco leva o nome do Ceará e do Nordeste para o mundo.
Encontrar uma residência que não tenha na dispensa ou na geladeira um produto do citado Grupo Empresarial é missão quase impossível. As marcas Fortaleza, Richester, Vitarella e Pilar fazem parte da nossa vida.
Além do estilo “Ivens” de administrar o livro oferta ao leitor a oportunidade de descobrir que com criatividade, simplicidade a pragmatismo todos os grandes obstáculos transformam-se em pequenas barreiras. Tudo, no entanto, carece de ação, foco e sentido de missão.
Simplificar não é banalizar, simplificar é deixar de lado a grande teia criada pela valorização exagerada de rotinas que não levam os empreendimentos a lugar nenhum. Processo é o meio, jamais o fim.Zé Marcolino já dizia: “Santo que não me ajuda pode cair da perede”. Este pensamento do poeta de Sumé – Paraíba cabe como uma luva no mundo corporativo. Processo sofisticado sem resultado é o santo que não ajuda, portanto, deve sair de cena dando lugar a algo simples, criativo e prático.
Na casa onde nasci no Sertão de Pernambuco tinha um pequeno “engenho de pau” e a garapa de cana ia da moenda para o copo por uma canaleta improvisada. O visitante muitas vezes ao receber a bebida ficava procurando um coador. Pai dizia: “Tem que coar no beiço”. A simplicidade da estrutura e do conselho nada tirava do caldo, pelo contrário mantinha o doce e as demais propriedades calóricas do suco natural da cana de açúcar.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Agricultura familiar
Por ter nascido em uma pequena propriedade rural no Sertão de Pernambuco e ter atuado durante muitos anos na concessão de crédito rural para pequenos agricultores, vejo com preocupação o abismo para onde estão levando a agricultura familiar.
Há muito tempo o Governo Federal tem “criado” políticas de gabinete para agricultura familiar cujo êxito fica no mesmo nível da produção, ou seja, muito próximo de zero.
O intelectual José Graziano da Silva, natural de “Urbana”, no Estado Illinois – EUA, que não deu conta do Programa Fome Zero do Governo Lula, hoje como Diretor Geral da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, atuou para que a ONU declarasse 2014 como o “Ano Internacional da Agricultura Familiar” (AIAF 2014).
O que este fato trará de concreto para Agricultura Familiar no Brasil? Como diz o apresentador Tadeu Schmidt: NADA. Será mais um programa que morrerá da mesma forma que a semente jogada no solo do semiárido em ano de estiagem.
Os técnicos da ONU, assim como os do Governo, em sua maioria não sabem diferenciar um pé de
“coentro” de um pé de “salsa”, nunca plantaram um pé de “maxixe”, mas, munidos da autoridade que lhes foi dada criam modelos de produção alheios à realidade do campo.
Certa vez, em Barreiras, no oeste da Bahia, testemunhei um grupo de agricultores de um assentamento do INCRA jogando calcário utilizando carros de mão. Na propriedade ao lado a distribuição era feita através de máquinas munidas de computadores de bordo que, através de dados cadastrados em um GPS, definiam a quantidade exata de corretivo a ser jogada no solo.
Nossa agricultura familiar brasileira precisa de um plano de longo prazo que contemple a lógica do que produzir como produzir e para quem produzir. Fora disto é continuar jogando semente sobre cascalho e permanecer culpando a agricultura de precisão por investir e produzir em escala crescente.
Por: Ademar Rafael