PACIÊNCIA
Tenho escutado por onde passo desabafo de pessoas que se dizem não ter mais estrutura para suportar as restrições impostas pela prolongada quarentena. Todos afirmar que “os nervos à flora da pele” estão minando a sua paciência, que a irritabilidade tem tomado conta de comportamentos antes ponderados.
Com todo respeito aos depoimentos fico com a dúvida se as citadas restrições não foram somente matrizes da “gota d’água”, os recipientes já estavam cheios, o ótimo pingo apenas os fez transbordar.
Se avaliarmos nosso comportamento, antes da pandemia, vamos detectar que o paciência há muito não estava conosco. Ficamos irritados com coisas banais como demora de um elevador, de um carro de aplicativo solicitado, de um transporte coletivo e tantos outros fatores que deveriam ser literalmente ignorados em atenção a nossa saúde. Este fenômeno tem inibido nossa capacidade de pensar, criar, agir, conviver harmoniosamente e aplicar o que temos de melhor em nosso favor e em favor dos que conosco dividem os espaços comuns.
Gustave Flaubert, escritor francês, lapidou uma frase que expressa muito bem a combinação talento x paciência: “Talento significa uma enorme paciência.” É impossível colocar inverdade nessa frase.
A escritora e jornalista brasileira, Martha Medeiros na obra “Cosias da vida: Crônicas.”, nos apresenta esta impecável ponderação: “Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.” Com estas duas senhas que tal acessarmos nosso interior e inspirados pela necessidade de vivermos bem e melhor reconstruirmos, com alicerce firme, uma base que nos devolva a paciência tomada com nossa anuência na maioria dos casos.
Paciência não é um “produto’ de achar em gôndola de supermercado. É bem mais difícil e exige treino mental e espiritual de cada um.