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“Há 10 anos não há concurso público no Ministério da Ciência e Tecnologia, por isso que abrimos 814 vagas”, disse Ministra Luciana Santos “.

Estive ontem no Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação,na Esplanada dos Ministérios, onde fui recebido pela Ministra Luciana Santos, e na oprotunidade ela nos concedeu uma entrevista com exclusividade para o blog, onde falou sobre sua gestão à frente do ministério e novas ações que serão implantadas.

Confira na íntegra:

Finfa: Me encontro aqui no gabinete do Ministério da Ciência Tecnologia inovação ao lado da ministra Luciana Santos. Queria que a senhora fizesse um balanço destes cento e poucos dias desde que a senhora assumiu essa pasta.

Luciana Santos: Esse balanço são muitas ações que a gente fez. Primeiro que a ciência voltou ao Brasil. A gente viu um verdadeiro apagão que aconteceu nesse último período, basta ver o que aconteceu na Covid. O ex-presidente além de não seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde, negou a vacina até hoje. Diz ele que não tomou a vacina.

Como ele é compulsivo, a gente não sabe quando ele mente e quando fala a verdade, agora se descobriu aí que ele manipulou a vacina para entrar nos Estados Unidos. Ou seja, um mau exemplo. Todo mundo sabe que a vacina salva vidas. A gente viu o que aconteceu antes e depois da vacina no caso da Covid. Além disso, ainda indicou o uso da cloroquina, que foi confirmado que era indevida — ou seja, sacrificou vidas. Quando você tem a responsabilidade que tem e dá mau exemplo, isso traz consequências — como aconteceu com o sarampo e a poliomielite, que voltou no Brasil porque passou a existir alguém de referência que se colocava como uma pessoa anti-vacina. Por isso que a ciência voltou.

Fora isso ele reduziu drasticamente os recursos para o financiamento da Ciência e Tecnologia Inovação, e uma das primeiras medidas que nós fizemos foi recompor o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia para R$ 10 bilhões que o presidente Lula fez questão de recompor integralmente.

O fundo o que viabiliza um outro momento, uma outra fase da ciência no Brasil. Reajustamos as bolsas, que já fazia 10 anos que não tinha reajuste de bolsas dos estudantes de Mestrado, pós-graduados, de iniciação científica… Nós estamos percorrendo um longo caminho de de retomada das ações, do diálogo com toda a comunidade científica e acadêmica… Eu fiz, pelo menos desse período, 200 e tantas reuniões e mais tantas e tantas outras centenas de visitas. Agenda muito intensa, praticamente cobrindo várias regiões do país nesse curto período. Tenho circulado bastante para poder visitar as unidades de pesquisa. 

Abrimos o concurso público, porque há 10 anos não há concurso público no Ministério da Ciência e Tecnologia. Foi o primeiro Ministério que vai abrir 814 vagas, para concurso público, porque as unidades de pesquisa estão com falta de pesquisadores. Ou seja, é muito trabalho durante esse período recente.

Finfa: Na semana passada, a senhora anunciou o investimento de R$ 360 milhões para a aeroespacial. Que recursos são esses e para que servem? 

Luciana Santos: Nós somos o terceiro produtor de aviões do mundo, com a Embraer que era estatal, decidida pelo governo brasileiro ainda na década de 60, nós nos tornamos uma potência tanto na área de defesa, como na área comercial. Os R$ 360 milhões tem um objetivo de a gente associar, para além dos aviões, também instrumentos que ficam no espaço, como é o caso do satélite. 

Então nós vamos desenvolver, com essas empresas da área da aviação, tecnologias no satélite de sensor ótico, que é um satélite mais avançado que vai possibilitar uma melhor cobertura do país. Isso tudo com tecnologia 100% brasileira. O que é muito importante porque fortalece a nossa autonomia, a nossa soberania nacional numa área que é muito estratégica que é o monitoramento e a era espacial do nosso território no Brasil.

É o maior investimento da história do financiamento da Finep. É mais de 10 vezes o último financiamento para essa área, e é com a e é com a iniciativa privada, com a indústria nacional. Isso fez com que eles fizessem questão que eu tivesse no evento de assinatura dessa liberação de recursos pela importância e impacto que isso tem na qualidade na inovação dessa importante indústria brasileira.

Finfa: A senhora esteve visitando junto com a ministra da Saúde Nísia Trindade , a Hemobrás. O que é que o ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação vai levar para aquela grande entidade?

Luciana Santos: Foi um gesto de compromisso da ministra Nísia, de visitar a Hemobrás. A Hemobrás, você se lembra, foi no tempo em que Eduardo era governador e Lula era presidente da república, em 2004; e a decisão de ser Pernambuco, porque a gente tem que fortalecer as regiões, enfrentar a desigualdade regional. 

O Brasil tem uma cultura de doação de sangue. A gente tem pelo menos 3 milhões de pessoas que doam sangue no Brasil frequentemente, o que possibilita um insumo, que é o plasma, para usar medicamentos muito importantes para diversos tratamentos de doença, como imunodeficiência, hemoglobina… E com isso a gente cuidar do povo brasileiro sem depender de comprar. O déficit que a gente tem com essas compras externas de outros países chega a R$ 20 bilhões de dólares, no Brasil. Veja a economia que nós vamos fazer e como nós vamos deter conhecimento.

No caso específico dos medicamentos oriundos do plasma e derivados, chega a R$ 1.5 bilhões. Com isso a gente vai se tornar soberano, autônomo, independente desses outros países para poder ter aquilo no SUS. Além de você fazer a transfusão do sangue, você protege o SUS e salva vidas. Vamos pegar aquela parte que não serve para transfusão, que se chama plasma, e vamos fazer medicamentos dele. Com isso a Finep, em anos anteriores, entrou, mas o dinheiro não foi realizado; Agora, nesta quinta-feira, vamos decidir o montante que nós vamos colocar lá, mas o ministério da Ciência e Tecnologia vai entrar para que em 2025 a gente já possa fracionar o plasma, ter autonomia e não depender mais de alguns dos medicamentos que vêm dele. Que a gente produza aqui no Brasil, a partir de Pernambuco, que é a minha terra, o meu lugar, e que é muito importante para descentralizar esses equipamentos da Ciência e Tecnologia brasileira.


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