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CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
OS PUXADINHOS DOS SALÁRIOS
O engenheiro Adailton de João Tavares, amigo dos tempos do Ginásio Industrial e colega do Banco do Brasil, encaminhou-me um texto sobre os estragos que puxadinhos de salários no setor público fazem nos orçamentos da União dos Estados, dos Municípios, das Empresas Públicas, Autarquias e Institutos de Previdência. Solicitou minha opinião, aqui apresento em forma de crônica destacando que esta história de aumentar salários com penduricários vem de longe.
Quando entrei no Banco do Brasil em 1977 os funcionários recebiam uma gratificação de vinte cinco por cento dos salários mensais, de forma acumulada nos mês de janeiro e julho. Ou seja, no primeiro mês de cada semestre recebíamos dois salários e meio. Um salário correspondente ao mês e um e meio relativo a um quarto de salário vezes seis meses.Posteriormente tal valor foi incorporado aos salários e devidamente tributados para que fossem levados à nossa aposentadoria.
O problema que aparece no texto que recebi e a realidade da esmagadora maioria dos casos é que os penduricários – auxilio paletó, auxilio moradia, auxilio transporte, gratificação de função e outros – não sofrem descontos para previdência e são considerados em muitas situações no calculo da aposentadoria. Ou seja, o caráter contributivo citado no Artigo 201 da Constituição Federal não é atendido. Na concessão do benefício previdenciário os princípios da “paridade” e da “integralidade” presentes em diversos casos, obrigam o sistema a pagar um montante sobre o qual a tributação não alcançou.
Quem define esse grupo de privilegiados? A força política que a categoria profissional exerce sobre o sistema e o grau de organização dos sindicatos e associações que os representam. O tesouro assume o prejuízo. Enquanto os servidores estão na ativa tais penduricários exercem impacto crescente sobre os orçamentos, uma vez que a lista não para de crescer. Os valores recebidos superam, em muito, a quantia indicada nos editais dos concursos que referidos servidores utilizaram para ingresso no emprego. É, com certeza, um saco sem fundo.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
DÓRIA, O APRESSADINHO.
Os apelos publicitários do prefeito de São Paulo tem causado muito ciúme aos adversários e também a parceiros do projeto Dória. Seus diversos “disfarces” nas atividades normais leva-nos aos tempos em que o presidente Collor, através das mensagens nas camisetas que usava durante os exercícios físicos, apresentava-se ao mundo.
Da mesma forma a falta de paciência do prefeito paulistano com seus críticos e adversários demonstra que por trás da sua “cara de anjo da modernidade” existe um político à moda antiga.
Foi duro com o príncipe FHC quando o ex-presidente afirmou em entrevista que era prematuro pensar no nome de Dória para disputa do cargo maior do executivo nacional, nas eleições de 2018.
João Dória manifestou insatisfação sobre ação publicitária da “Amazon”, que utilizou o cenário cinza deixado pelo gestor municipal na luta contra as pichações para expor mensagem publicitária sobre o novo “kindle”.
Promoveu um desnecessário “bate boca” com manifestante durante a inauguração de um Projeto de Moradia Popular em Grajaú, zona sul de São Paulo, quando o suposto petista apresentou versão diferente da do prefeito quanto à paternidade da obra.
Existem registros nas redes sociais que Dória não gostou do editorial “O país e o quintal”, de 29.03.17, da Folha de São Paulo. No texto o editorialista critica a pressa do prefeito em ganhar visibilidade nacional, citando a ocupação de espaço publicitário na Arena onde ocorreu o jogo Brasil 3 x 0 Paraguai, com divulgação do seu governo.
Alguém precisa avisar ao senhor prefeito que em um bom argumento não carece de gritos ou excessos de palavras, assim ensina Luís Roberto Barroso, Ministro do Supremo Federal.
A incapacidade de suportar críticas e conviver com opositores já levaram muitos políticos ao ostracismo, mesmo os que em algum momento sejam bem avaliados. Popularidade convide com humildade, caro Dória.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
É raro um politico brasileiro que não tenha incluído em seu cardápio de promessas as questões relacionadas com saúde, educação e segurança. Contudo se avaliamos com zelo veremos que a corrupção foi a principal fonte motivadora na troca de sistema ou de gestores em nosso país.
A “Independência” teve como pano de fundo os exageros cometidos pela família real no trato dos recursos da colônia, em benefício próprio e dos que cercavam o poder.
A “Proclamação da República” não foi diferente, os principais defensores da queda do império alegaram que a corrupção imperava nas ações dos membros dos gabinetes formados por Dom Pedro II.
Os defensores do “Governo Provisório” de 1930 a 1934, que se estendeu até 1945 por força do Golpe de Estado em 1937, condenava a corrupção gerada e mantida pela “Política do Café com Leite”.
Ao voltar ao poder por meio do voto Getúlio tirou a própria vida por não suportar a campanha orquestrada por Carlos Lacerda sobre a corrupção em seu governo.
O principal símbolo das campanhas de Jânio Quadro era a “vassoura” com a qual prometia varrer a corrupção. Este instrumento de varredura já havia sido utilizado por Hermes da Fonseca na eleição de 1910.
A “Revolução de 1964” nasceu para combater os excessos ideológicos do governo Jango e a corrupção.
Collor na campanha vitoriosa de 1989 carregava em umas das mãos a bandeira da “caça aos marajás” e na outra o pavilhão do “combate a corrupção” do Governo Sarney.
Recentemente no “conjunto da obra” que derrubou Dilma estava inserida a corrupção dos governos petistas.
Este histórico pode manter a corrupção como cabo eleitoral capaz de tirar e colocar políticos em cargos eletivos por muito tempo? Meu voto é sim.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
O poeta Chico Pedrosa tem presença garantida na esmagadora maioria dos eventos relacionados com poesia da nossa cultura popular em todo Nordeste. Essa assiduidade não é por acaso; é a legitimação de uma obra consagrada.
Durante o aniversário de 90 anos da minha mãe, o primo Maurício Menezes deu-me de presente o CD “Terra e chão de Chico Pedrosa” que seria lançado na semana seguinte.
No retorno à capital paraibana, entre Monteiro e Bela Vista, ouvi os poemas inseridos na obra e no trajeto Campina Grande / João Pessoa, escutei pela segunda vez. A identificação da obra com o cenário por onde eu passava e o seu conteúdo certificaram o que eu já sabia: Chico é grande.
Na coletânea, uma síntese da produção “pedrosiana”, tem as raízes de Chico Pedrosa nas faixas “Paisagens da Inspiração” e “Terra e chão”, está presente a indignação do poeta com a injustiça e a corrupção nos poemas “Assassina Brasil, teus inocentes que depois terás por quem chorar”, “Desespero de Caboclo” e “Cidadania Ferida”, contém protesto e reconhecimento nos trabalhos “O planeta agonizante” e “Guerreiras independentes”, respectivamente, traz a pura e encantadora parte profana do poeta em “O grude de Baladeira”, “O matuto Nicolau e a cadela Tainha”, “A buchada de Péu”, “Entre o Barro e a costela”, “O santo protetor”, “A botija de Zé Duda” e “O barbeiro desastrado” e a última faixa é uma exuberante homenagem a capital dos pernambucanos, traduzida em “Recife, rios e cantos”.
As participações de Dedé Monteiro, Greg Marinho e Luisinho Sanfoneiro, assim como a apresentação de Ésio Rafael, dão ao CD o cheiro do Pajeú e do Moxotó. No encerramento do seu texto Ésio afirma com extrema justiça: “Vamos curtir, de fato, mais um trabalho deste mestre, que já chega legitimado pelo povo”. Sem dúvida as produções de Chico Pedrosa recebem a chancela popular porque no juízo de valor dos sertanejos está sua origem.
Esta origem é confirmada pelo autor que no encarte do CD escreveu: “Toda minha poesia/É feita de terra e chão/Não possui os galanteios/Dos poetas de salão/É tão simples como a vida/Da minha gente sofrida/Perdida na multidão.”
Conterrâneos eis aí o melhor presente de Natal que você pode ganhar em 2015, sigam os conselhos de Ésio Rafael e deste cronista que seu nível de arrependimento será zero. Saiba, no entanto, que o CD é uma minúscula síntese da vasta obra do carismático poeta.
Neste mês de Santa Luzia e que marca o nascimento do Luiz Gonzaga, fazer este registro sobre a poesia “pedrosiana” é trazer luz para o momento de escuridão que estamos atravessando em nosso país. Sugerir que ouçamos um poeta sertanejo é indicar o valor da pureza que somente este “ser” revela.
Por: Ademar Rafael
CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL
Vereador de importante cidade brasileira apresentou Projeto de Lei Ordinária que visa proibir o uso de telefones celulares, redes sociais e aplicativos de relacionamentos nas áreas de atendimento ao público, por funcionários ali lotados, durante o horário de expediente.
Nos debates de plenário seus pares entenderam que a medida deveria ser estendida aos vereadores durante as sessões e nas reuniões das comissões. O autor do polêmico projeto defendeu a tese que o servidor ao dedicar atenção para mensagens do “Zap-zap” e similares, deixam de atender aos usuários tempestivamente e não cumprem a jornada de trabalho de forma plena. Os critérios para fiscalização da Lei, a ser exercida pelas chefias imediatas, contempla aplicação de multa crescente em caso de reincidência e dedica um tempo fixo em cada jornada para que o servidor possa ler as mensagens de interesse, isto, contudo, fora do ambiente de trabalho.
Sem entrar no mérito da medida, para este cronista, no Projeto o problema não são os aplicativos e sim o seu uso exagerado pelos portadores de aparelhos de comunicação móvel e não se limita ao setor público, alcança também o setor privado. Recentemente, enquanto utilizava os serviços de uma empresa de transporte coletivo, percebi que a trocadora entre um atendimento e outro encontrava tempo para ler as mensagens, fato que prejudicava muito a sua atenção e retardava a passagem dos usuários pela roleta na velocidade adequada. Tenho a impressão que a musiquinha do “Whatsapp” é o “rit.” mais tocado no mundo atualmente. A tentação para quem está com o aparelho olhar o teor da mensagem supera a vontade que o viciado em Coca-Cola sente ao ouvir o ruído da abertura de uma latinha do refrigerante.
Acredito que culpar os aplicativos pela ineficiência do setor público, no tocante ao atendimento aos usuários, é o mesmo que culpar a potência do motor pela batida de um veículo cujo condutor, após tomar umas bicadas de cana, ultrapassou a velocidade máxima em cento o cinquenta por cento.
Julgo que a edição de leis como a proposta pelo “parlamentar municipal” serve somente para aumentar o número de regras impostas nas esferas da União, dos Estados e dos Municípios, sem qualquer perspectiva de obediência. Neste caso, como em outros vários, o problema é de comportamento e vício. A eficácia da regra é próxima de zero.
Por último, não incluir os vereadores da exagerada norma é dar para ela o indecente selo que acompanha alguns atos dos nossos políticos que garante: “Para você esta prática é ilegal, para mim que faço a norma é legalíssima”. Esta forma de legislar faz parte da nossa indecente cultura legislativa: “Para quem é grupo tudo, para quem é de fora nada”.
Por: Ademar Rafael