Home » Sem categoria » CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

CRÔNICA DE ADEMAR RAFAEL

ADEMARCHICO PEDROSA

O poeta Chico Pedrosa tem presença garantida na esmagadora maioria dos eventos relacionados com poesia da nossa cultura popular em todo Nordeste. Essa assiduidade não é por acaso; é a legitimação de uma obra consagrada.

Durante o aniversário de 90 anos da minha mãe, o primo Maurício Menezes deu-me de presente o CD “Terra e chão de Chico Pedrosa” que seria lançado na semana seguinte.

No retorno à capital paraibana, entre Monteiro e Bela Vista, ouvi os poemas inseridos na obra e no trajeto Campina Grande / João Pessoa, escutei pela segunda vez. A identificação da obra com o cenário por onde eu passava e o seu conteúdo certificaram o que eu já sabia: Chico é grande.

Na coletânea, uma síntese da produção “pedrosiana”, tem as raízes de Chico Pedrosa nas faixas “Paisagens da Inspiração” e “Terra e chão”, está presente a indignação do poeta com a injustiça e a corrupção nos poemas “Assassina Brasil, teus inocentes que depois terás por quem chorar”, “Desespero de Caboclo” e “Cidadania Ferida”, contém protesto e reconhecimento nos trabalhos “O planeta agonizante” e “Guerreiras independentes”, respectivamente, traz a pura e encantadora parte profana do poeta em “O grude de Baladeira”, “O matuto Nicolau e a cadela Tainha”, “A buchada de Péu”, “Entre o Barro e a costela”, “O santo protetor”, “A botija de Zé Duda” e “O barbeiro desastrado” e a última faixa é uma exuberante homenagem a capital dos pernambucanos, traduzida em “Recife, rios e cantos”.

As participações de Dedé Monteiro, Greg Marinho e Luisinho Sanfoneiro, assim como a apresentação de Ésio Rafael, dão ao CD o cheiro do Pajeú e do Moxotó. No encerramento do seu texto Ésio afirma com extrema justiça: “Vamos curtir, de fato, mais um trabalho deste mestre, que já chega legitimado pelo povo”. Sem dúvida as produções de Chico Pedrosa recebem a chancela popular porque no juízo de valor dos sertanejos está sua origem.

Esta origem é confirmada pelo autor que no encarte do CD escreveu: “Toda minha poesia/É feita de terra e chão/Não possui os galanteios/Dos poetas de salão/É tão simples como a vida/Da minha gente sofrida/Perdida na multidão.”

Conterrâneos eis aí o melhor presente de Natal que você pode ganhar em 2015, sigam os conselhos de Ésio Rafael e deste cronista que seu nível de arrependimento será zero. Saiba, no entanto, que o CD é uma minúscula síntese da vasta obra do carismático poeta.

Neste mês de Santa Luzia e que marca o nascimento do Luiz Gonzaga, fazer este registro sobre a poesia “pedrosiana” é trazer luz para o momento de escuridão que estamos atravessando em nosso país. Sugerir que ouçamos um poeta sertanejo é indicar o valor da pureza que somente este “ser” revela.

Por: Ademar Rafael


Inscrever-se
Notificar de

0 Comentários
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários