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Um áudio divulgado pela Polícia Federal (PF) no domingo (28) revela que o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida incentivou manifestantes acampados em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília, a se dirigirem ao Congresso Nacional.
A gravação faz parte de material extraído de celulares e computadores apreendidos durante a investigação da PF que resultou na denúncia de 34 pessoas por atos contra o Estado Democrático de Direito. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada.
“Tô falando, não adianta protestar na frente do QG do Exército. Tem que ir pro Congresso. O Executivo é envolvido; o Judiciário não vai fazer nada. Então só sobrou o Legislativo. As Forças Armadas só vão agir por iniciativa de algum poder”, afirmou o tenente-coronel.
Almeida é ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia. Ele foi um dos 34 denunciados pela PGR.
Na gravação, o militar também destaca que a disseminação de informações falsas sobre uma suposta irregularidade eleitoral nos grupos dos manifestantes tinha o objetivo de mantê-los mobilizados.
“Esses vídeos que estão saindo da fraude da urna são bons porque mantêm o povo mobilizado, só que eles estão com o foco errado. Eu entendo que pelo Brasil todo eles estejam na frente dos quarteis, mas em Brasília eu acho que esse foco tem que ser mudado e tem que ir para o Congresso Nacional e não no QG do Exército”, complementa o tenente-coronel.
No dia 8 de janeiro de 2023, manifestantes que estavam acampados em frente ao QG do Exército seguiram para a Praça dos Três Poderes, onde depredaram e destruíram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF.
Em fevereiro, o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida foi alvo da Operação Tempus Veritatis. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra ele, Almeida desmaiou e precisou ser socorrido.
A Polícia Federal aponta que o militar fazia parte de um núcleo encarregado de disseminar desinformação e atacar o sistema eleitoral, com o objetivo de incentivar manifestantes a permanecerem em frente aos quarteis do Exército “no intuito criar o ambiente propício para o golpe de Estado”.
A CNN entrou em contato com a Marinha, o Exército e a Aeronáutica sobre os áudios obtidos e divulgados pela PF, e aguarda retorno.
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