Em uma conversa exclusiva com o Blog do Finfa, o senador Fernando Dueire (MDB-PE) abriu o jogo sobre seus 12 meses de mandato no Senado Federal. O político detalhou os marcos mais significativos de sua atuação legislativa durante esse período.
A entrevista com o Senador abordou suas realizações, como aprovação de empréstimos significativos para Pernambuco, discutiu projetos de grande relevância para o futuro do país, como o hidrogênio verde e a correção de uma injustiça na renovação da carteira de motorista. Além disso, evidenciou a importância do Aeroporto dos Guararapes, ressaltando suas contribuições durante a gestão de Jarbas Vasconcelos.
Em relação ao governo Lula, mencionou desafios, mudanças e a necessidade de ajudar o presidente a acertar. Também expressou entusiasmo com o momento atual do MDB em Pernambuco e seus planos para o próximo ano, reforçando o compromisso com os eleitores e a confiança como base para o voto.
Confira o resumo dos principais pontos apresentados pelo senador
Destinação de recursos — Enfatizou a aprovação de bilhões em empréstimos, direcionados para áreas como distribuição de água, energia renovável e segurança hídrica, visando beneficiar estados e municípios.
Contato com municípios — Destacou sua presença ativa em mais de 57 prefeituras e cidades, reforçando a importância de estar próximo das realidades locais e apoiar esforços municipais.
Projetos relevantes — Apontou dois projetos importantes: um sobre o hidrogênio verde, visando gerar empregos e impulsionar a industrialização futura, e outro relacionado à correção de injustiças na renovação da carteira de motorista.
Importância do Aeroporto Guararapes — Salientou o crescimento do aeroporto ao longo dos anos, desde sua gestão como secretário de infraestrutura, evidenciando a importância dessa infraestrutura para o turismo e os negócios no Nordeste.
Governo Lula — Expressou a necessidade de ajudar o presidente Lula a acertar, reconhecendo desafios e a importância de corrigir pontos problemáticos visando atender às demandas da população.
MDB em Pernambuco — Mostrou otimismo com o partido, mencionando interesse crescente de novos membros e o apoio do MDB Nacional para expandir a presença do partido nos municípios.
Leia a entrevista na íntegra
Finfa: Senador, faz um ano que o senhor sentou aqui nesta cadeira, no gabinete do Senado Federal. Queria que o senhor pontuasse os principais momentos desses 12 meses do seu mandato.
Fernando Dueire: Muita luta e muito trabalho, Finfa. Nós conseguimos aprovar cerca de 7 bilhões de reais em empréstimos. Parte desse recurso foi direto para Pernambuco, um bilhão e cem foi destinado à Compesa, na área de distribuição de água, e cerca de 2 bilhões em dois contratos foram destinados para a Prefeitura do Recife. O que significa, na verdade, que nós conseguimos fazer com que chegasse na ponta, no lugar onde as coisas acontecem, como a Compesa, responsável pela distribuição de água em Pernambuco, e também na Prefeitura do Recife. São recursos vultosos. Acredito que boa parte está servindo para o prefeito João Campos como a governadora Raquel Lyra, realizarem as obras que hoje vêm desenvolvendo com relação a um assunto fundamental para o ser humano, que é a distribuição da água.
Com relação a esses recursos, também em função de outras demandas, liberamos cerca de R$ 2,5 bilhões para o BNDS, para serem gastos em energias renováveis, nessa questão da descarbonização.
Também liberamos um empréstimo para o Piauí. Foram três empréstimos para segurança hídrica, muito importante, sobretudo, no estado do nordeste que tem problemas de semiárido. Também é importante para a saúde, porque depois que nós passamos pela pandemia, criou-se uma fragilidade nos sistemas de saúde, e o estado do Piauí estava precisando dessa ajuda.
Os senadores do Piauí me procuraram, e o governador também, solicitando que eu assumisse a liderança na defesa desses recursos, e eu assim o fiz, de forma que nós chegamos ao valor final de 7 bilhões de reais, que a gente conseguiu fazer com que chegasse na ponta. Na ponta, eu quero dizer, em municípios, estados e em companhias como a Compesa, para que a questão social e a econômica possam chegar diretamente ao cidadão.
A vida não acontece — eu digo sempre — em Brasília, a vida acontece nos municípios. Por isso, eu tenho viajado tanto. Tenho ido aos Sertões. Quando falo dos Sertões, é porque são muitos. A gente tem o sertão do Vale do São Francisco, Araripe, Moxotó, Taparica… No Agreste, temos o Meridional e o Pajeú, que a gente sempre tem olhos muito cuidadosos.
Também temos visitado os municípios na Zona da Mata Norte, Zona da Mata Sul e na região metropolitana do Recife. Então, nós estamos nos dedicando.
Eu já estive em cerca de 57 prefeituras e cidades, onde conversei com os prefeitos, visitei ruas, falei com vereadores, falei com lideranças. É importante que também a gente veja, não apenas escute, e o prefeito e essas lideranças precisam que seja percebido na cidade que existem políticos que estão ao lado de seus esforços, na administração dessas cidades e ajudando. As pessoas precisam ver que esses políticos não estão só em Brasília. Esses políticos estão também, no momento em que podem, nessas regiões e nessas cidades. Então, a gente tem trabalhado de uma maneira muito focada, recebendo prefeitos aqui.
Eu diria que já são cerca de 140 prefeitos com quem eu converso, ora em Recife, ora em Brasília, e converso de maneira muito sincera, muito aberta. Porque eu acredito que o mandato de Senador da República é um mandato majoritário, em que você tem que olhar o estado como um todo. É diferente do deputado, que muitas vezes o deputado tem suas lideranças mais regionais, mais distritais, enquanto que o senador não, o senador tem que olhar o estado como um todo, olhando os municípios e estando junto também do Governo do Estado de Pernambuco para ajudar quem estiver governando a governar bem.
Finfa: Depois de enumerar todas as suas ações e projetos, gostaria que destacasse um, dentre esses 12 meses aqui no cargo, que considera de grande relevância.
Fernando Dueire: Foram muitos. Eu destacaria dois pontos. Primeiro, o hidrogênio verde, que representa o combustível do futuro. Sou praticamente o autor da lei, que está caminhando para a Câmara dos Deputados. Essa lei define regras seguras para investimentos nesse setor, algo que vai gerar muitos empregos e iniciar uma nova fase de industrialização no Brasil. Estou muito satisfeito por ter contribuído com isso. Viajei por diversos estados do país, interagi com universidades, empresários e governos, de todas as esferas, para elaborar um projeto dessa natureza. Essa é uma iniciativa que não se limita apenas à implantação da indústria de hidrogênio verde, mas terá impacto ao longo de 20 a 30 anos, com grandes investimentos de grupos internacionais e locais, gerando empregos qualificados, renda e impostos.
O segundo ponto relevante que acredito estar passando despercebido é a questão da carteira de motorista. Uma pessoa até os 49 anos tem direito a renovar sua carteira com prazo de 10 anos, pagando um determinado valor. Porém, acima dos 49 anos e até os 70 anos, ao invés de renovar por 10 anos, renova-se por 5 anos pelo mesmo custo, enquanto quem tem mais de 70 anos renova por apenas três anos pagando a mesma taxa. Isso é problemático, as pessoas pagam valores iguais por períodos distintos, o que não é justo. Propusemos um projeto sobre isso, que já foi apresentado à Senadora Teresa Leitão, que será a relatora na Comissão de Assuntos Econômicos. Essa medida vai corrigir uma injustiça, porque a proporção de pagamento está incorreta. Sobre a consulta, preservamos o valor, independente do período de validade da carteira.
Existem muitos outros pontos relevantes, mas precisamos resumir para tornar compreensível. Escolhi destacar esses dois: um relacionado ao emprego e à industrialização futura, e o outro direcionado à correção de uma injustiça presente na lei que afeta as pessoas.
Finfa: Senador, houve uma inauguração no aeroporto Guararapes de Recife, com a presença do Ministro dos Aeroportos, Silvio Costa Filho, da Governadora Raquel Lira e do Prefeito João Campos. Este aeroporto tem sua digital e a do ex-governador Jarbas Vasconcelos. Poderia destacar a importância desse aeroporto e das ações do governo Jarbas, no qual o senhor foi secretário de infraestrutura?
Fernando Dueire: Essa semana o Jornal do Comércio fez um bom registro das obras realizadas durante o governo do Dr. Jarbas Vasconcelos, como a ampliação da pista, as posições de aeronaves, o pátio expandido, a construção do Edifício Garagem e o sistema viário externo. Todas essas obras foram feitas durante a gestão dele, e eu estava cuidando disso como secretário.
Foi um projeto considerável, construímos o terminal, que nem existia na época, com uma área de 52 mil metros quadrados. Para se ter uma ideia, hoje, o espaço entregue tem cerca de 25 mil metros quadrados. Deixamos um terminal moderno, preparado para o futuro, com condições para expandir. Naquele tempo, tínhamos 2,8 milhões de passageiros por ano. Hoje, em função do aeroporto, que operou durante todo este tempo, que está completando 18 anos da obra, operamos com 9 milhões de passageiros por ano, fruto desse investimento realizado pelo Estado de Pernambuco, por Jarbas e por mim, com apoio do governo federal da época. Imagine 18 anos atrás, aquela plataforma, naquele terminal antigo, e hoje, moderno com quase 9 milhões de passageiros.
Essa expansão era necessária e foi feita pela AENA, a empresa espanhola que venceu o leilão dos aeroportos do Nordeste. Eles se comprometeram a fazer essa expansão, embora tenha demorado um pouco, (eu precisei, inclusive, entrar com um requerimento na ANAC) mas ela se justificou e precisamos entender, em razão da pandemia.
Durante a pandemia, o mundo praticamente parou e, compreensivelmente, houveram atrasos, mas eles retomaram a obra.
Há alguns dias, visitei o aeroporto para verificar a obra, fiz perguntas e observações — porque quem construiu aquilo aprendeu muito — sobre alguns aspectos e fiquei satisfeito com o que vi. A fiscalização é da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), mas o Senado Federal é quem autoriza os diretores da ANAC a exercerem suas funções, tendo forte presença em relação ao aeroporto, então pude verificar antecipadamente o que estava sendo entregue. O Jornal do Comércio esta semana, trás um registro das digitais de Jarbas Vasconcelos e nossa.
Essa infraestrutura é um trampolim para o futuro. O que está sendo feito agora pela AENA é resultado dessa expansão do terminal, do sistema viário, do Edifício Garagem e das demais ampliações que nos deram muita dor de cabeça, mas que foi uma luta com começo, meio e fim. Antes de terminar o governo Jarbas, entregamos um aeroporto totalmente operacional, pronto para o futuro. O Aeroporto dos Guararapes é a principal porta de entrada para turismo de lazer e de negócios do Nordeste.
Finfa: Senador, queria que o Senhor avaliasse esses 12 primeiros meses do governo Lula.
Fernando Dueire: Olhando para o governo, posso dizer que os tempos mudaram. O presidente Lula também mudou, assim como todos nós. Tivemos uma pandemia no meio do caminho, experiências difíceis para o presidente, momentos desafiadores. Ele passou por situações complicadas, inclusive sendo preso. Todos sabemos que enfrentou momentos de muita dificuldade. A idade é outra, a equipe dele também mudou, não é a mesma.
Estamos aqui para ajudar, porque quando olho, principalmente no sertão, vejo claramente que as pessoas precisam de atendimento, seja na educação, saúde, abastecimento de água ou nos seus negócios. Precisamos auxiliar o presidente Lula a acertar. Há pontos a serem corrigidos, melhorias a serem feitas, é claro que sim. Ele ainda tem mais três anos pela frente como presidente, e todos nós brasileiros precisamos ajudar. Estou no Senado tentando contribuir. Quando tenho divergências, converso sobre elas. Muitas vezes, entendem o que estou dizendo, mudam e corrigem. Às vezes, eles me convencem do contrário. A gente tenta se ajudar, porque é fundamental para o eleitor que nos trouxe até aqui, que não hajam divergências. A questão é garantir que atendamos ao que as pessoas realmente precisam e têm direito.
Finfa: Senador, como membro da Executiva Estadual do MDB em Pernambuco e considerando suas recentes viagens pelo estado, como está a situação atual do partido aqui no estado?
Fernando Dueire: Estamos muito animados. O partido está em efervescência. Há um grande interesse de novos membros, com pressão para que possamos dobrar o número de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Onde quer que eu vá, há um interesse notável em discutir sobre isso. O MDB Nacional está nos apoiando e nos motivando também. Estaremos muito presentes em todas as regiões do Estado. Estamos ansiosos por uma eleição vibrante, onde teremos participação ativa. Estamos buscando filiações e recebendo vereadores e prefeitos de braços abertos. Somos um partido múltiplo, plural, que busca governança eficiente para permitir o crescimento das cidades.
Estou no Senado Federal para ajudar aqueles que estão filiados ao MDB. Recebo a todos, mas mantenho um olhar especial para aqueles que mantêm a chama do MDB, o partido que conquistou a democracia, busca o bem-estar social e deseja um caminho positivo para o futuro. O próximo ano será animador. Estaremos nos municípios, nas ruas, construindo alianças políticas.
Antes de concluir, já estamos em meados do mês de dezembro, aproveito para enviar meus cumprimentos. O Natal é a festa da família, do criador, daquele que nos provê a vida. Quero abraçar a cada um desejando paz, fé, um natal abençoado e um ano novo de muito trabalho e esperança. Que seja um período de paz, fé e esperança para todos os que nos ouvem.
Estarei sempre aqui, ora em Brasília, ora em Recife, às vezes no interior do estado, em algum dos municípios, de portas abertas, buscando algo crucial: a confiança. O voto vem após a confiança. É fundamental conquistar a confiança dos eleitores para que, a partir disso, possamos conquistar o voto. O voto é o resultado da confiança.
Agradeço pela oportunidade de falar para tantos leitores, que não são poucos, muitos irmãos pernambucanos e das regiões vizinhas, a quem abraço com carinho, amizade e sobretudo, com muito compromisso.