Alunos e professores de escolas da Rede Estadual de Ensino foram apresentados, nesta quinta-feira (27.10), a um novo e inovador instrumento pedagógico: o Projeto Pernambucoders. A ação visa estimular o interesse de crianças e jovens por programação, aumentando a atratividade nas unidades de ensino e o futuro potencial econômico local. Neste primeiro momento, nove escolas da Região Metropolitana do Recife (RMR) serão beneficiadas pela iniciativa, por dois anos. Lançado pelo governador Paulo Câmara na Aceleradora Jump, no Recife, o projeto é fruto de uma parceria entre Governo do Estado, Porto Digital, CESAR, Universidade Federal Rural de Pernambuco e a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex-PE).
Ao destacar a importância do estímulo à inovação na formação da vida profissional dos pernambucanos, Paulo Câmara afirmou que a nova disciplina será um diferencial. “Quem domina ou tem conhecimento em programação tem oportunidade de se colocar em bons empregos. A ação também será fundamental na formatação da escola pública que queremos para o futuro e para a melhoria da geração de renda para os jovens”, assegurou o governador. Ele disse ainda: “Programação não é só matemática, tem a lógica, a maneira de pensar e de ver o mundo”.
O programa implantado na rede pública do Estado segue os preceitos do Code Club, rede mundial de atividades extra-curriculares que tem o objetivo de ensinar programação de computadores às crianças. Aqui, uma cadeia de profissionais cedidos pelos parceiros vão conduzir os estudos produzidos nas unidades de ensino credenciadas no programa. Monitores experientes poderão se tornar tutores e alunos veteranos poderão assumir monitoria do projeto.
Para o secretário de Educação, Frederico Amâncio, o projeto também vai aumentar o desempenho dos alunos nas demais disciplinas escolares. “Vamos trazer essa novidade para as escolas locais. Em dois anos, o projeto vai atender 2,1 mil estudantes. Após esse período de experiência, vamos avaliar os resultados e discutir como será a expansão do programa”, explicou Fred, pontuando ainda que foi investido R$ 1 milhão na melhoria de laboratórios e pagamento de bolsas de tutores e monitores.
O projeto funcionará da seguinte forma: cada escola contará com duas turmas por semestre, sendo cada uma com capacidade para 20 a 30 estudantes, com dois monitores por turma. Um Núcleo de Coordenação e Estudos cuidará do acompanhamento e análise da evolução dos estudantes, além de avaliar os impactos da iniciativa no aprendizado deles. Das nove escolas selecionadas pelo projeto, três são do Fundamental, e seis do Ensino Médio.
De acordo com o presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex-PE), José Claudio, o mercado está em expansão e necessita de novos talentos para suprir a demanda. “Hoje, tudo depende de TI. É a industria da manufatura 4.0”, afirmou o executivo. Ele frisou ainda que os jovens precisam de novas oportunidades. “Essa é uma demanda que dialoga com o futuro do Estado”, frisou José Claudio.
OPORTUNIDADE E INCLUSÃO – O aluno da rede municipal do Recife Gabriel Leite foi campeão, em 2005, da Olimpíada Brasileira de Robótica e não escondia a satisfação em ter o apoio do Estado para continuar o seu projeto profissional: se tornar um engenheiro mecatrônico. Para o recifense de 15 anos, a implantação dos clubes de programação é uma oportunidade de continuar se aperfeiçoando na área. “O meu sonho é ser engenheiro e quem sabe trabalhar na Jeep, em Goiana”, revelou o aluno da EREM Porto Digital, no Recife.
Já a jovem Maria Eduarda da Silva, de 16 anos, é uma estreante no segmento que Gabriel domina. Aluna da Escola Estadual Cônego Rochael de Medeiro, no Recife, ela é surda e vê no projeto uma oportunidade de criar métodos para melhorar a comunicação. “Vou estudar para vencer os obstáculos. Essa é uma oportunidade única para nós”, afirmou a estudante, lembrando que terá a companhia de outras 11 colegas surdas no Projeto Pernambucoders.
Para o monitor do projeto na EREM Porto Digital, Pedro Silva, a expectativa é que a integração proporcionada pelos clubes amplie os horizontes dos jovens. “A gente quer trazer os jovens para esse universo tão rico em conhecimento. A gente espera abrir a mente deles, despertando novos interesses”, disse Pedro. Ele contou que 60 pessoas disputaram as 25 vagas do projeto. “Assim como os alunos, nós também passamos por um processo seletivo”, revelou o monitor.
Também participaram desta solenidade a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lúcia Melo; o deputado estadual Waldemar Borges; o presidente do Porto Digital, Francisco Saboya; o presidente do Conselho do Porto Digital, Silvio Meira; o presidente do Conselho do CESAR, Geber Ramalho.