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Espaço da Poesia
Espaço da poesia
Versos do saudoso João Furiba
EU ESTOU COMO UM PNEU,
QUE ESTÁ NA LONA PURA,
MONTADO NUM EIXO VELHO,
DE UM CARRO JÁ SEM PINTURA,
QUE O DONO SÓ LEMBRA DELE,
QUANDO O PNEU NOVO FURA.
PRIMEIRO LEVE UM RECADO,
A MULHER QUE GOSTO DELA,
FIQUE LONGE DA JANELA,
COMO QUEM TÁ ASSUSTADO,
SE ELA OLHAR PRA O SEU LADO,
OLHE PRA OUTRO LUGAR,
PARA NÃO OBSERVAR,
SE ELA É BONITA OU FEIA,
SE NÃO QUISER LEVAR PEIA,
FAÇA TUDO QUE EU MANDAR.
CASEI-ME A PRIMEIRA VEZ,
NA PRATA DE ANANIANO,
DEPOIS SURGIU-ME OUTRA NEGRA,
QUE ME FEZ MUDAR DE PLANO,
CASAMENTO É COMO BROCA,
SÓ PRESTA O PRIMEIRO ANO.
ESTÃO INVENTANDO AGORA,
ESTA TAL DE CAMISINHA,
A IDEIA É MUITO BOA,
SÓ NÃO BATE COM A MINHA,
EU NÃO VOU ENTRAR NA GUERRA,
COM A FACA NA BAÍNHA.
Espaço da poesia
A ETERNA SEVERINA BRANCA.
SEVERINA ESTÁ AGORA,
VENDO O MUNDO DIFERENTE,
JÁ NÃO VÊ MAIS NO PRESENTE,
COM A CLAREZA DE OUTRORA,
O TEMPO SACUDIU FORA,
SEUS BRINQUEDOS DE MENINA,
ELA VAI CUMPRINDO A SINA,
QUE LHE FOI DETERMINADA,
TEM MUITA ILUSÃO GUARDADA,
NA ALMA DE SEVERINA.
DIVIDIU ANTIGAMENTE,
A CAMA COM MIL PARCEIROS,
DEIXANDO NOS TRAVESSEIROS ,
O HÁLITO DA AGUARDENTE,
AQUELE CORPO ATRAENTE,
DESPREZOU SUA INQUILINA,
A FEZ CANSADA E FRANZINA,
RUMANDO EM BUSCA DO NADA
TEM MUITA ILUSÃO GUARDADA,
NA ALMA DE SEVERINA.
Por: DIOMEDES MARIANO.
Espaço da Poesia
A AGENDA
Como todo andarilho e viajante,
Sou também um escravo da estrada,
Conduzindo a viola empoeirada,
Que me serve de sombra e companhia,
Eu domingo estarei no CASARÃO,
Junto ao Pico do Jabre em Maturéia,
Dia trinta de onze é minha estréia,
Na cidade PB. (SANTA LUZIA).
Um do doze estarei em Ouro Velho,
Em mais um grande evento cultural,
Dia seis numa quinta, o festival,
Lá no Bar do Arroz, espaço mil,
Dia sete do doze em Carnaíba,
Esperamos que a festa seja boa,
Dia onze é a vez de João Pessoa,
Lá na Praia do Bessa ‘BESSA GRIL”.
Dia quinze estarei com Zé Viola,
Noutro evento que Cristo nos escolta,
Para o Poço da Volta a gente volta,
Já que o povo exigente quer assim,
Vinte e nove do doze a gente dá,
Uma trégua na correria infinda,
Despedindo-se do ano que se finda,
Num evento na praça em Itapetim.
Nós só temos que a Cristo agradecer,
Por nos dar muita fé, força e coragem,
Nos guiar no percurso da viagem,
Nos levar e trazer com alegria,
Poesia é o hino universal,
A viola uma sombra que nos segue,
Cada estrofe um presente a ser entregue,
Aos amantes que aplaudem a cantoria.
Diomedes Mariano.
Espaço da Poesia
SOMBRAS:
Nossos corpos com sombras se geraram!
Nós fugimos, mas elas não debandam.
Quedamos sem força, as réstias param,
Se avançarmos pra vida, as mesmas andam.
Aos perfis dos seus donos se equiparam,
Subalternas que são, não lhes comandam.
Se buscarem repouso, elas se amparam,
Se rolarem por terra, elas desandam.
Matérias erguidas se agigantam,
Porem elas do pó não se levantam,
Andam sempre deitadas pelo chão.
Os caminhos do corpo elas percorrem,
Quando o sol deixa os céus, as sombras morrem,
Quando a morte executa, os corpos vão.
Diniz Vitorino
Espaço da Poesia
No período cruel da ditadura,
Muita gente viveu de forma aflita,
Até mesmo a verdade pra ser dita,
Era alvo do crivo da censura,
Quem viveu nas algemas da tortura,
Não quer ver o calvário regressando,
Mas as coisas estão se encaminhando,
Para as vias da velha repressão,
QUEM PRIMAR PELA PAZ FEIXE O PORTÃO,
QUE O BRASIL DA PISTOLA ESTÁ VOLTANDO.
Nós tivemos governos opressores,
No Brasil ditador de antigamente,
Outra fase tão democraticamente,
Ofertaram aos nossos moradores,
Hoje em dia assistimos aos horrores,
Com escândalo, desvio, roubo e desmando,
Mas o povo agoniza reclamando,
Com voz alta, com greve e com razão,
QUEM PRIMAR PELA PAZ FEIXE O PORTÃO,
QUE O BRASIL DA PISTOLA ESTÁ VOLTANDO.
Quem é contra a pobreza, o negro, o gay,
Quem há sete mandatos nos enrola,
Quem defende a bazuca e a pistola,
Quem por vezes também afronta a lei,
Pode ser salvador, mas eu não sei,
Está mais pra viver nos humilhando,
Capim murcho se dá pra boi pastando,
Mas pra gente que é gente doutor, não,
QUEM PRIMAR PELA PAZ FEIXE O PORTÃO,
QUE O BRASIL DA PISTOLA ESTÁ VOLTANDO.
Diomedes Mariano.
Espaço da Poesia
Dúvida
Nasci! De onde vim é que não sei,
Enfim, também não sei para que vim,
Se vim para voltar para que fiquei
Neste intervalo de incerteza assim?
Não foi do pó fecundo que brotei,
Não sei quem tal missão me impôs a mim,
O acaso não foi, já estudei…
Desta incumbência desconheço o fim.
Sou a metamorfose das moneras
Desagregadas nas primeiras eras,
Reunidas hoje nesta luta infinda.
Sou a passagem irreal da forma
Submetida aos desígnios da norma,
Do meu princípio não sei nada ainda
(Bio de Crisanto)
Espaço da Poesia
Por mim mesmo eu me derroto,
Já que não existe luta,
Só não posso é dar meu voto,
A nenhum filho da puta,
Que fala e quer que eu escute,
Quando eu falo não me escuta.
Devido aos investimentos,
Cada vez mais tão raquíticos,
O Brasil infelizmente,
Passa por momentos críticos,
Está mais nas mãos de Deus,
Do que nas mãos dos políticos.
(Raulino Silva)
Políticos encaliçados,
Causam grande mal a gente,
O certo era ter direito,
A dois mandatos somente,
Coisa ruim por muito tempo,
Não tem satanás que aguente.
(Diomedes Mariano)
Em quem mais acreditarmos,
Que represente mudança?
Pra nos decepcionarmos,
Com quem dermos confiança?
Que quem hoje é coerente,
Vai a praça juntar gente,
Se o poder lhe for possível,
Quando sobe se transforma,
Apodrece de tal forma,
Que fica irreconhecível.
(Lourinaldo Vitorino)
Espaço da Poesia
O sertão assistiu de forma triste,
A partida de Antônio Mariano,
Sei que existe político bom, humano,
Mas igual a Antônio não existe,
Aos setenta janeiros de idade,
Despediu-se da vida e da cidade,
Por quem teve um amor quase incomum,
Pela terra e o povo do seu chão,
Um político daquela dimensão,
Só a cada cem anos nasce um.
Como Antônio se foi não foi apenas,
O espírito de luz de um homem nobre,
O maior defensor da classe pobre,
Que esteve presente em várias cenas,
Foi-se o homem da fé inabalada,
Grande esposo, bom pai, bom camarada,
A maior referência do São João,
Que encheu de orgulho a trajetória,
Um capítulo voltado pra história,
Da política da nossa região.
Diomedes Mariano.
Espaço da Poesia
Eleição, momento raro,
De glórias e fantasias,
De Marina a Alvaro Dias,
Em quem votarmos, meu caro?
Se acaso Bolsonaro,
Tiver mais voto e ganhar,
O Brasil pode voltar,
As Algemas do passado,
COM TODO MUNDO ENROLADO,
EM QUEM DEVEMOS VOTAR?
No ano de oitenta e um,
Grande Lindomar Castilho,
Manuseou o gatilho,
Matou de forma em comum,
Com uma bala dun-dun,
A mulher que mais lhe quis,
Este cenário infeliz,
Até quando durará?
O FEMINICÍDIO ESTÁ,
CRESCENDO EM NOSSO PAÍS.
Poeta Diomedes Mariano.