
Hoje integrante do patrimônio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), icônico prédio integra complexo que leva o nome do criador da superintendência e vai abrigar iniciativas voltadas à ciência, tecnologia e desenvolvimento regional
Recife (PE) – Vanguardista em sua arquitetura e marco histórico da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, o edifício Sudene, hoje batizado de Celso Furtado e integrante de um complexo com diversos equipamentos anexos, dará novos passos em sua trajetória como novo endereço de projetos voltados ao desenvolvimento regional. A Universidade Federal de Pernambuco, hoje responsável pela administração da infraestrutura, anunciou nesta quarta-feira (7) o início do processo de reestruturação do prédio. O marco deste projeto é a formação de um consórcio para concepção de estudos técnicos que preveem um amplo retrofit do espaço, preparando-o para abrigar atividades de ensino, pesquisa, inovação e parcerias com o setor privado.
O projeto conta com o apoio técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A partir da coordenação da instituição financeira, foi contratado um consórcio formado por quatro empresas (Finarq, Plantar Ideias, Urban System e Vieira Rezende Advogados), que executará a elaboração de estudos de viabilidade, plano de negócios, diagnóstico jurídico e urbanístico, entre outras etapas. A proposta é transformar os mais de 62 mil metros quadrados de área construída em um novo polo de conhecimento e desenvolvimento regional, sem deixar de lado a memória de um prédio antes símbolo de planejamento estratégico no Nordeste.
O processo de requalificação inclui, em sua etapa inicial, um diagnóstico técnico, análise de mercado e vocação dos imóveis. Os passos seguintes envolvem trâmites jurídicos e licitatórios, audiências públicas e articulação com investidores. A ideia é organizar intervenções que tragam soluções nas áreas de infraestrutura, retrofit, desenvolvimento urbano e meio ambiente. Todo o projeto deve ser apresentado até o primeiro trimestre de 2027.
“Precisamos fortalecer a integração para vencermos os desafios comuns e viabilizar uma estratégia inteligente de revitalização deste equipamento. Do nosso lado, coloco a Sudene à disposição para ser parceira neste projeto. Este é um símbolo de desenvolvimento urbano e planejamento, que conversa com agendas importantes como a inovação e a pesquisa científica”, disse o superintendente Danilo Cabral.
A requalificação prevê o desenvolvimento de um plano para a área, com foco na atração de investimentos e na criação de um ecossistema de inovação. O projeto também respeita o legado arquitetônico do local: o prédio principal, com duas torres de 13 andares, foi desenhado com linhas modernistas e conta com paisagismo de Burle Marx.
“É um momento muito especial apresentarmos os novos encaminhamentos para este patrimônio emblemático. A linha de preservação é um ativo importante. Além disso, fortalece a ideia de integrar o conhecimento aplicado ao desenvolvimento do Nordeste. Esta área dispõe de uma série de instituições vocacionadas à pesquisa, formação, oferta de serviços e valorização da cultura local, alavancando o debate sobre o processo de desenvolvimento sustentável da região. Há, portanto, uma conjunção de fatores positivos que funcionam como atração de investimentos privados”, afirmou o reitor da UFPE, Alfredo Gomes.
Para o BNDES, a condução do projeto representa a união entre preservação do patrimônio e inovação em modelos de gestão pública. “Construiremos um projeto interessante e atrativo, com abertura a sistemas de inovação e que mostre aos investidores que esta ação tem um futuro organizado, de pujança”, destacou Chefe de Departamento da Área de Estruturação de Projetos do Banco, Flávio Papelbaum.
Construído em 1974, o Complexo foi sede da Sudene o início dos anos 2000, quando passou a integrar o patrimônio da União. Sendo novamente anfitrião da superintendência a partir de 2007, passou a abrigar também outras instituições públicas. Em 2017, foi doado à UFPE com encargo de uso educacional, científico e institucional. Desde então, a Universidade tem buscado alternativas para restaurar e ativar o espaço.
“Ressignificar o prédio é ressignificar o desenvolvimento. Temos uma grande chance de fazer história. E o nosso empenho é para que possamos fazer isso rápido, através do esforço de todos os parceiros”, comentou o líder do consórcio, Álvaro Albernaz, representante da Finarq.
O prédio é tido como um dos símbolos mais representativos da arquitetura moderna brasileira, com traços marcantes de adaptação inteligente ao clima eminentemente quente da capital pernambucana. A opção pelo uso de combogós e a curvatura do edifício buscam maximizar a ventilação natural e o controle da iluminação solar. A construção tem assinaturas de personalidades importantes das artes visuais e arquitetônicas do Brasil, como Francisco Brennand (cerâmicas), e o paisagista Roberto Burle Marx. O edifício tem a assinatura dos arquitetos Pierre Reithler, Ricardo Couceiro, Paulo Roberto de Barros e Silva e Maurício do Passo Castro.
O encontro também contou com representantes da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), liderados pela diretora de preservação do patrimônio cultural, Célia Maranhão.
