
Por Rinaldo Remigio*
Na pequena cidade de Afogados da Ingazeira, entre as margens do Rio Pajeú e o movimento tranquilo do comércio, havia um homem cuja presença marcava o dia a dia da população: Luiz Quidute de Souza Ferraz. Vindo de Flores, ele carregava consigo a firmeza de quem sempre soube seu lugar no mundo e a dignidade de quem constrói sua história com trabalho e respeito.
Dedicado à família, marido da Sra. Clotilde Lira de Souza, conhecida por D. Quidú, pai de doze filhos, Seu Luiz Quidute não hesitava em ensinar os caminhos da vida, fosse pelo rigor, fosse pelo incentivo aos estudos e ao trabalho. Aos que demonstravam interesse, o futuro estava à vista; aos que ainda hesitavam, a lição vinha na lida diária, ao seu lado.
No açougue da cidade, seu espaço era reconhecido não apenas pelo produto de qualidade, mas pelo trato impecável. Foi um comerciante respeitado e de palavra, sempre garantindo o melhor aos clientes e pagando à vista os bois que escolhia para o abate. De maneira curiosa e meticulosa, trajava roupas claras, mesmo no trabalho, como se seu zelo se estendesse a cada detalhe da vida.
Diariamente se deslocava para a VASANTE distante dois quilômetros de sua residência às margens do Rio Pajeú, local muito bem cuidado onde mantinha uma boa vaca leiteira e melhorava o gado adquirido para o abate
Religioso devoto, honrava suas tradições católicas com fervor. Aos domingos, de branco e com sapatos impecavelmente brilhantes, comparecia à missa e fazia sua oferta com generosidade. Sua fé transbordava para os eventos sociais, onde sua participação ativa no ACAI -Aero Clube de Afogados da Ingazeira garantia que os grandes bailes da cidade fossem memoráveis, embalados pelas melhores orquestras da época.
Nos momentos festivos, seja no Carnaval, no São João ou na virada do ano, recebia amigos para banquetes regados a vinho e whisky de qualidade. Foi um anfitrião à altura da sua história, alguém que sabia que celebrações fortalecem laços e que a vida merece ser vivida com alegria.
Quando faleceu, em 11 de fevereiro de 1989, aos 73 anos, sua ausência foi sentida. Mas a cidade não o esqueceu—seu nome foi eternizado em uma das ruas do centro, como símbolo de um legado de honradez e cidadania. E assim, entre o rio, o açougue, os bailes e a fé, Luiz Quidute de Souza Ferraz permanece, não apenas na história de Afogados da Ingazeira, mas na memória daqueles que viveram sob sua influência.
*Administrador, Contador, Historiador e Professor Universitário
Fonte: Professor Reginaldo Remígio, genro do homenageado!
