A casa, localizada no bairro Torre, volta a acolher 25 pessoas. Casa é destinada a homens entre 18 e 59 anos em situação de vulnerabilidade social. Médico, professor e pesquisador emblemático do combate à fome que dá nome ao espaço completaria 116 anos no dia 5 de setembro
Recife passou a contar com mais uma casa de acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social que precisam de um lar, totalmente requalificada. A Casa de Acolhimento Temporário Josué de Castro foi entregue na sexta, está localizada no bairro Torre e é a morada de 25 homens com idades entre 18 e 59 anos, cidadãos que, ao longo de um ano, estavam vivendo num abrigo temporário, alguns deles, com deficiências físicas ou mentais. A Josué de Castro ocupa uma área de 281,57 m² num terreno de 519,90 m². A obra de requalificação do imóvel custou R$ 259.805,31, e para a aquisição de mobiliário e equipamentos foram investidos R$ 150.197,46, totalizando R$ 410.002,77.
“Quando a gente faz essa mudança na realidade da casa, a gente tem condições de acolher melhor cada pessoa. Os técnicos vão ter uma qualidade de trabalho melhor e isso impacta diretamente no resultado desse trabalho, no acompanhamento dessa pessoa que já chega com alguns direitos violados. A maioria vem da situação de rua”, comentou a secretária de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas, Ana Rita Suassuna. “Então é possível contribuir com um novo projeto de vida para essas pessoas. A gente faz uma interlocução com a rede, para profissionalização, para trabalho. Dessa forma, há dignidade, todo mundo merece ter um lar digno. Esse é um lar provisório, enquanto as pessoas não têm a sua casa”, concluiu.
A Casa de Acolhida Josué de Castro tem 15 cômodos. A estrutura é formada por uma sala de estar, um refeitório, duas salas de administração, quatro quartos (sendo um para uso dos cuidadores), três banheiros, uma suíte, uma cozinha, uma rouparia, uma sala de máquina de lavar e uma área de serviço. Além disso, a moradia dispõe de uma área verde de 65 m².
“A entrega de mais uma unidade da rede de acolhimento representa um grande avanço na prestação de um serviço de qualidade aos nossos usuários, principalmente no que se refere à população em situação de rua”, afirmou a secretária executiva de assistência social, Geruza Felizardo. “A casa de acolhimento Josué de Castro, que tem seu perfil de atendimento formada por adultos homens, está totalmente adequada para atender a este perfil de usuário e vai potencializar o trabalho realizado pela equipe técnica de forma a favorecer a autonomia desse usuário e garantindo a ele um ambiente seguro e acolhedor”, acrescentou ela.
Para o seu pleno funcionamento, o equipamento conta com o trabalho de 32 pessoas. Há um coordenador, dois assistentes sociais, uma psicóloga, dois educadores sociais, 12 cuidadores, quatro porteiros, quatro auxiliares de serviços gerais, duas cozinheiras, duas auxiliares de cozinha, um motorista e um auxiliar administrativo que vão atuar no dia a dia da casa, garantindo o conforto e a qualidade de vida dos usuários.
Lúcio da Silva, 23 anos, voltou para a Josué de Castro, junto ao irmão, na manhã desta sexta, e celebrou o espaço com pulos e aplausos: “Essa casa me faz bem, gosto das cuidadoras e de todo mundo aqui. O que eu mais gostei foi do meu quarto e da cozinha. Está tudo novinho em folha, tudo grande”.
Um outro usuário da Casa é Jorge de Godoi, 53 anos, que chegou de São Paulo há dois meses. “Quando cheguei, eu dormi na rua, mas fui recebido no Centro Pop e logo encaminhado para o abrigo noturno Irmã Dulce. Como sou cego do olho direito e tenho uma doença degenerativa no olho esquerdo, fui encaminhado para a Josué de Castro e passei por clínico geral, já fiz exames e fui para o oftalmologista quando fiz um mapeamento de retina. Parece que estou na Europa, eu ainda não acredito que estou vivendo tudo isso. Tenho muito amor pela equipe daqui da Josué de Castro”, declarou ele.
As pessoas acolhidas na Josué de Castro são encaminhadas por órgãos tais como os Centros Pops, os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e o Ministério Público de Pernambuco.
UNIDADES DE ACOLHIMENTO – A Prefeitura do Recife mantém 14 casas de funcionamento integral, um abrigo noturno e duas hospedagens sociais. As de funcionamento integral são seis casas para crianças e adolescentes (Doce Lar, Acalanto, Acolher, Aconchego, Novos Rumos e Raio de Luz), quatro casas para adultos e famílias (Casa de Passagem Diagnóstica, Josué de Castro, O Recomeço e Centro de Reintegração Social-CRS), três casas para idosos (Porto Seguro, Ieda Lucena e Edusa Pereira) e uma casa para a população LGBTI+ em situação de vulnerabilidade social (Roberta Nascimento).
O Abrigo Noturno Irmã Dulce tem capacidade para acolher até 100 pessoas diariamente e funciona das 19h às 7h, na Travessa do Gusmão. As hospedagens sociais também funcionam em horário integral e garantem as seis refeições diárias.
Todas as Unidades de Acolhimento mantidas pela Prefeitura do Recife atuam conforme o que está previsto na Política Nacional de Assistência Social (2004) e na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), oferecendo Proteção Integral e trabalhando no sentido de garantir a reinserção familiar e comunitária dos usuários acolhidos, com funcionamento 24 horas. Oferecem moradia, seis refeições diárias, espaço para guarda de pertences, atendimento psicossocial com encaminhamentos para rede de serviços socioassistenciais, disponibilizando todo suporte ao usuário enquanto durar o acolhimento.
JOSUÉ DE CASTRO – No próximo dia 5 de setembro, Josué de Castro, um dos maiores nomes na história do combate à fome no Brasil, completaria 116 anos. O médico, professor e pesquisador foi um grande pensador da Geografia, e foi o autor de obras tais como Geografia da Fome e Geopolítica da Fome.
Fotos: Hélia Scheppa/Prefeitura do Recife
