Conversa foi para tratar da “estranheza” e “indignação” com declarações, enquanto Pacheco reagiu por meio de nota no mesmo dia
CNN – A entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na qual afirmou que “o Congresso precisa ter responsabilidade fiscal” repercutiu de formas distintas entre os dois presidentes das Casas que compõem o Legislativo nacional. Enquanto o do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) emitiu nota contestando as declarações, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ligou diretamente ao ministro ainda no sábado (27), quando o site do jornal Folha de S.Paulo publicou o conteúdo.
Interlocutores de Lira e Haddad confirmaram à CNN que o presidente da Câmara “estranhou” o título da entrevista. Diante da “indignação” do parlamentar, o ministro teria afirmado que não poderia responder pelo título da reportagem, mas pelas próprias declarações.
Pacheco não falou diretamente com o ministro e divulgou nota no sábado na qual considerou “desnecessária, para não dizer injusta com o Congresso” a advertência de Haddad.
As diferentes reações são reflexo do contexto em que se encontra a relação do governo Lula (PT) com as duas Casas legislativas. Ambos têm apresentado queixas em relação à articulação política do Palácio do Planalto. Por sua vez, o governo tem externado a avaliação de que, sem retomar a reoneração da folha de pagamento, não será possível fechar as contas de 2024 dentro da meta estabelecida.
A entrevista para a jornalista Mônica Bergamo foi dada na quinta-feira (25), mesmo dia em que o ministro do Supremo Tribunal Federal Cristiano Zanin, atendendo a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), suspendeu os efeitos da lei que prorrogou a desoneração de 17 setores econômicos e reduziu a oneração da folha de pagamento de municípios menores. O julgamento da liminar em plenário virtual foi suspenso por pedido de vista do ministro Luiz Fux.
Na sexta-feira (26), Pacheco havia reagido à liminar e criticado as premissas da ação movida pelo governo, ouvindo em réplica do titular da AGU, Jorge Messias, que o pedido apresentava “argumentos técnicos jurídicos”. A advocacia do Senado recorreu da liminar do STF na própria sexta.