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Espaço do Internauta

PAJEÚ NASCENDO

Por: Antônio José de Lima*

A microrregião do Pajeú é composta por 17 municípios, todos localizados no alto do mapa do Estado de Pernambuco, divisando com a Serra da Borborema na Paraíba. Daí a denominação “Cabeça do Pajeú”. E no ponto mais alto em relação ao norte do mapa, estão três municípios: Brejinho, Itapetim e São José do Egito, formando uma trempe. Trempe diferente. Normalmente abaixo de uma trempe põem-se fogo. E a natureza em sua benevolência, pois água abaixo dessa. Água pouca e minguada num pequeno vertedouro no município de Brejinho, que forma o rio Santo Antônio. É o município mais alto dos três. Na sequência, vem o município de Itapetim, com seus afluentes e águas formando o rio São Pedro. Por último vem São José do Egito, que fica mais abaixo, com seu rio São José e afluentes, para receber de braços abertos e irmanamente, unirem forças para formar o rio Pajeú.

O cenário desse encontro é exatamente em Várzea de Grossos, que parece mais um cotovelo do rio, em formato de U, no município de São José do Egito. É aí que a união dos rios Santo Antônio, São Pedro e São José, se unem e teimosamente rumam para Serra Talhada. Estranhamente o Rio Pajeú corre subindo pelo menos uns 100 quilômetros do seu curso que é de 132. Em Serra Talhada, apesar de volumoso e musculoso, acha difícil ir mais além subindo sertão acima e resolve quebrar as esquerdas, como quem procura seu curso normal e segue caudalosamente com destino ao São Francisco, passando por Floresta do Navio e desembocando no município de Itacuruba, onde acontece o grande abraço com o rio da integração nacional, que o guiará até o mar e de mãos dadas o levará para conhecer a praia.

Rio Pajeú de estórias e histórias misteriosas. Os rios são formados de pequenos filetes de água, que ao saírem de suas nascentes ou olhos d’água, com celeridade e capilaridade, possuem uma inquietação, como se tivessem marcado encontro com outros filetes, ao se encontrarem formam um grande volume de água arrastando tudo que encontra pela frente, como se soubesse o seu destino, e, com pressa, muitas vezes taxado de violento, não perde tempo para atender o chamamento do mar que lhe espera.

Pois bem, o Rio Pajeú é diferente. Nos olhos d’água que brotam nos municípios de Brejinho, Itapetim e São José do Egito, além de água, saltam filetes de rimas, versos, músicas, cantos harmoniosos, batuques e inspiração. E a água propulsora de toda essa essência artística, passa banhando cada um dos dezessete municípios do Pajeú, deixando um brilho de beleza no seu povo, que tudo indica ser foliado a arte.

Todos brilham, cantando, escrevendo, tocando sanfona, viola, violão, pandeiro, pífano ou outro qualquer instrumento, ou sem instrumento algum, versejando, glosando, declamando ou proseando. Em todos os municípios do Pajeú a arte é saliente, desde a nascente até a foz, você também encontra em outras microrregiões do estado e do país artes e artistas dos bons, mas, o Pajeú tem um “Q” diferente, o humor do seu povo, as respostas rápidas e inteligentes, a maneira de valorizar sua arte e sua região.
 
“Imagino o Rio Pajeú entrando no Mar. E Poseidon dizendo: Entra! Rio que inspira  poetas, não precisa pedir licença”. 

(*) – Poeta, escritor, empresário rural e veterinário.


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