JOB PATRIOTA DE LIMA
Acredito que é impossível alguém definir Job Patriota com a plenitude que o fez Saulo dos Passos em seu testemunho no livro “A senda do lirismo”: “Lírico, dramático, amoroso, criança perdida num mundo quase sem Deus, em função da poesia que o consome e represa nas pálpebras cansadas de seus olhos, a solução aquosa daquilo que se chama lágrima.”
Sobre o lirismo, sua marca registrada Saulo assim escreveu: “O lirismo toca com tanta força a emoção à sua alma, à semelhança do vento que chamega a porta da casa solitária, quando a reentrância do ferrolho está folgada.” Sobra pouco espaço para falar algo sobre o lirismo de Job Patriota.
Terezinha Costa, no livro “São José do Egito – Musa da poesia” destaca que Jó Patriota pegando a deixa de Canhotinho “Quanto mais o tempo passa/diminui minha alegria”, disse: “Mágoa, pranto e agonia/É tudo do mesmo tanto/Felicidade completa/Só existe em quem é santo/Porque num gole de riso/Há cem mil doses de pranto”.
No livro “Poetas Encantadores” Zé de Cazuza menciona, entre outras, a seguinte estrofe de Job: “É falta de caridade/Expulsar um peregrino/Bater na cara de um cego/Cortar o corda de um sino/Negar cachaça a poeta/Tomar o pão dum menino.”
Jó Patriota além de capacidade extrema de transformar o nada em tudo tinha um estilo peculiar de bater no corpo da viola com as pontas do dedo agregando um ritmo diferente ao baião. Com esta variação a toada de Canhotinho ficava mais bonita ainda. Tive o privilégio de conviver com Job e com seus filhos. Didi nos deixou precocemente e Noe, continua nos premiando com lindas produções poéticas dele e do pai.
Adaptado de crônica publicada no site “afogadosdaingazeira.com”, com Pessoas do meu sertão XXIV