Folha PE
A pré-candidata ao Palácio do Planalto Marina Silva (Rede) seguiu uma agenda apertada nesta quinta (22) em sua passagem pelo Recife para participar da filiação e do lançamento da pré-candidatura a governador de Pernambuco do ex-prefeito de Petrolina Júlio Lóssio.
Ao contrário de outros presidenciáveis como Lula, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, que mantiveram contato com Paulo Câmara e Geraldo Julio (PSB), Marina preferiu não cumprir nenhum compromisso oficial com o partido do qual foi aliada no pleito de 2014. Ao mesmo tempo, ela foi ao bairro de Dois Irmãos visitar Renata, viúva do ex-governador Eduardo Campos. “Foi uma visita pessoal. Quando vou a Porto Alegre, procuro Pedro Simon (PMDB). Quando vou a São Paulo, encontro Eduardo Suplicy (PT). E, quando venho ao Recife, vou ver Renata Campos”, destacou.
A relação entre Marina e Renata remonta ao período em que a ex-ministra disputou a Presidência pelo PSB, substituindo Eduardo Campos, que faleceu em acidente aéreo em agosto de 2014. Marina, inicialmente, era vice de Eduardo, agregando ao PSB os militantes da Rede Sustentabilidade, que teve seu registro negado. Nesta quinta, a pré-candidata fez a visita acompanhada de Roberto Leandro (Rede) e foi recepcionada por Renata e seu filho caçula, Miguel.
O último encontro das duas, segundo Marina, ocorreu no aniversário de 70 anos do PSB, em Brasília, em agosto do ano passado. “Acho que a gente tem uma relação de respeito, de admiração, de carinho. A gente pode estar em partidos diferentes e cultivar relações de respeito”, disse Marina, acrescentando que sua candidatura tem como propósito “construir pontes para o futuro do país”, que “existem pessoas boas em todos os partidos” e que quer “fazer alianças com os núcleos vivos da sociedade”. Renata não falou à imprensa.
Expectativa de disputa
À noite, Marina e Júlio Lóssio participaram de um seminário da Rede, no Praia Hotel, no bairro do Pina, onde também foi concedida coletiva à imprensa. Entre outros temas, a presidenciável comentou que enfrentará dificuldades em relação ao guia eleitoral, no qual, de acordo com as novas regras, não poderá participar de debates e irá contar com apenas dez segundos de tempo de exibição caso se confirmem as saídas da Rede de Alexandre Molon (RJ) e Aliel Machado (PR), que negociam a ida para o PSB. “Estamos dialogando com outros parlamentares”, adiantou Marina.
Ela brincou sobre a grande quantidade de candidaturas, dizendo que não se pauta em função dos adversários e, sim, na defesa de propostas. “Quanto mais estrelas no céu, mais claro o caminho”, resumiu. Ela admitiu ainda que se arrepende do apoio oferecido a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições de 2014 e destacou que “nem Dilma nem Aécio mereciam os votos dos eleitores”, lamentando o fato de que partidos que são adversários em outros campos venham se unindo para sabotar a Operação Lava Jato.
Lóssio assinou o documento de filiação, agradeceu a honra de disputar as eleições no mesmo partido que Marina e afirmou que vai visitar todos os municípios de Pernambuco a fim de formular um plano de governo. Ele criticou o governador Paulo Câmara, classificando seu governo como “sofrível”, e disse que seus dois principais focos serão a Educação e a Segurança.
Sobre a vinda de outros parlamentares pernambucanos para a Rede, Lóssio preferiu não se aprofundar, mas afirmou que, como Marina é a terceira colocada nas pesquisas de opinião, durante a janela eleitoral (período em que a mudança de partido é permitida e que vai de 1º de março a 6 de abril) “muita gente vai vir atrás dela”.