Apesar do recuo um pouco além da margem de erro de 2,2 pontos percentuais em relação à pesquisa de julho, o ex-presidente Lula continua a liderar com folga as intenções de votos para a presidência da República.
Segundo o levantamento CUT/Vox Populi, realizado entre 27 e 30 de outubro, o petista aparece com 42% das preferências em uma lista com dez presidenciáveis (havia alcançado 47% na enquete anterior). Em segundo lugar, em uma posição aparentemente consolidada, surge o deputado federal Jair Bolsonaro, cujo percentual variou de 13% para 16% entre julho e outubro. Os demais postulantes se engalfinham em um patamar abaixo de 8% de citações.
A pesquisa revela ainda que Lula tem atualmente a menor taxa de rejeição entre os nomes testados. São 39% aqueles que não votariam no ex-presidente. A repulsa a Bolsonaro chega a 60%. Os tucanos João Doria e Geraldo Alckmin têm os piores índices (72%, igualmente). O Sudeste é a região que mais rejeita o petista: 51% dos entrevistados se recusariam a votar nele se as eleições fossem hoje. No Nordeste, o percentual é de apenas 20%.
Diretor do instituto Vox Populi, Marcos Coimbra acredita que só uma nova rodada de pesquisa (a próxima está marcada para dezembro) irá permitir avaliar a tendência do eleitorado. O levantamento de julho, lembra o cientista político, foi realizado ainda sob o impacto da decisão do juiz Sergio Moro de condenar o ex-presidente a 9 anos e meio de cadeia pelo suposto recebimento de vantagens indevidas no apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo. Imóvel, ressalte-se, que nunca pertenceu ao petista. “Uma parte expressiva da sociedade considerou exagerada e persecutória a decisão do Moro e essa percepção pode, naquele momento, ter impulsionado o apoio a Lula”, avalia.
A candidatura de Bolsonaro, por sua vez, ganhou uma dinâmica própria, diz Coimbra, embora seja difícil prever se ela tem ou não um prazo de validade. O diretor do Vox Populi vê paralelos com o desempenho de Fernando Collor em 1989 e atribuiu a responsabilidade pelo fenômeno ao PSDB e aliados. “Nos últimos 15 anos, a oposição resumiu-se a ser contra Lula e o PT. Não apresentou nenhum agenda ao País, a não ser as privatizações, que podem ser realizada por qualquer um, até pelo Michel Temer”, analisa. “Por fim, apareceu alguém com um discurso mais verossímil para ocupar o espaço. O Bolsonaro é o legítimo sucessor do PSDB na disputa pelo antipetismo e como símbolo de uma campo reacionário que não tem mais vergonha de se expor”.
Segundo turno
Lula venceria no segundo turno todos os adversários testados na pesquisa. Os oponentes mais competitivos neste momento seriam:
Quando o adversário é Geraldo Alckmin, Lula vence por 50% a 14%. O percentual é semelhante na contenda contra João Doria (51% a 14%) e Luciano Huck (50% a 14%).
A pesquisa CUT/Vox Populi ouviu 2 mil brasileiros em 118 municípios.