O problema da previdência não está na previdência (parte II)
Semana passada nos comprometemos com os leitores desse espaço dizendo que, oportunamente, divulgaríamos os salários dos nossos senadores. Para não correr o risco de cair no esquecimento, eis o resultado da promessa: os custos para a manutenção dos salários e benefícios atrelados aos deputados e senadores juntos já passam de R$ 1bilhão por ano. Desse montante, R$ 2.035.528,73 (Dois milhões, trinta e cinco mil, quinhentos e vinte e oito reais e setenta e três centavos) é o custo anual com cada senador, pelos seus relevantes serviços prestados à Nação. Como temos 81 “bolinhas de ouro” o total que sai dos cofres públicos para remuneração deles é a simples bagatela de R$ 164.877.826,94, ou seja, quase R$ 165 milhões somente para os senadores da ativa; os Sarney’s da Vida, FHC e outros que se aposentaram com as benesses do poder também beliscam uma coisinha nas tetas do governo.
Queridos leitores, para um bom entendedor meia palavra basta: você pagar mais de R$ 2 milhões por ano a um senador, pelo que ele não faz, é um disparate. Outra coisa absurda; são três senadores por estado, para que isso, ½ senador já seria demais, Cadê os deputados federais, para que servem?
Lendo a coluna política de 7 de março, do jornalista Claúdio Humberto, destaquei a seguinte informação: Wirlande da Luz, suplente de Romero Jucá (PMDB-RR), virou senador quando o titular foi nomeado ministro do Planejamento de Temer, mas ficou na vaga por 4 dias úteis entre 17 e 23 de maio de 2016. Este senador participou de uma sessão do Senado e não apresentou qualquer projeto, mas “embisacou” como dizemos na nossa linguagem matuta, R$ 67.526 de “ajuda por início e fim de mandato”, além de R$ 11.662 da cota parlamentar. Esse rapaz foi tão senador quanto Romero Jucá foi ministro. O mandato de Jucá foi entre o relâmpago do impeachment e o trovão da delação de Sérgio Machado. Virgínio de Carvalho foi outro a faturar no senado. Em dois meses de mandato, recebeu R$ 220 mil entre salários, ajudas de custo e “cotão”.
Se Wirlande não teve tempo de montar o gabinete, Carvalho contratou 14 servidores em Brasília e montou escritório de apoio com outros 19. Os 21 suplentes que exerceram mandato em 2016, receberam mais de R$ 1,4 milhão só de ajuda de custo, fora salários, auxílios e cota parlamentar. Vejam que coisa mais gritante: pelos 4 dias úteis que virou senador, conforme parágrafo acima , Wirlande da Luz recebeu quase R$ 80 mil, o que representa R$ 20 mil por dia aproximadamente. Convenhamos: embora haja crise no setor elétrico e as contas do consumidor estejam pelas alturas, mesmo o cara dando luz, receber o equivalente a 02 carros zero Km por 4 dias de embromação é muita grana.
Querem ver outros absurdos: ano passado no chamado recesso branco, quando os nossos parlamentares tiveram que se afastar por conta do período eleitoral, eles custaram aos cofres públicos somente R$ 228 milhões aí incluída uma verba para contratar até 20 funcionários durante aquele período, ou seja, a eleição é deles mas a conta dos funcionários contratados é nossa. Também não vamos pensar que tudo é um mar de rosas. Cada senador só tem direito a um veículo oficial, que é alugado pela casa para esse benefício e para evitar lamúria ele recebe para rodar em Brasília 320 litros de gasolina ou 420 litros de álcool por mês.
Estão vendo por que as contas não fecham? Por essas e outras continuo afirmando: o problema da previdência não está na previdência. Está na corja de maus políticos que se perpetuam no poder, lançados por uma arma chamada voto, entregue nas mãos de quem não sabe fazer uso.
A propósito, viram a festa que foi feita para o Lula com Dilma a tiracolo, na cidade de Monteiro-PB, no dia 19 deste? Frei Damião se estivesse vivo morreria de inveja.
Danizete Siqueira de Lima- Afogados da Ingazeira – PE – março de 2017.