Discutir as ações prioritárias para composição do Plano Estadual para as Mulheres Rurais. Com esse objetivo, o governador Paulo Câmara recebeu, na manhã desta terça-feira (05.07), a Comissão Permanente de Mulheres Rurais de Pernambuco (CPMR-PE). Ao lado da secretária da Mulher, Silvia Cordeiro, o gestor ouviu as demandas e propostas do grupo formado por 15 representantes dos mais diversos movimentos sociais rurais, da agricultura familiar à pesca artesanal. O encontro aconteceu no Salão das Bandeiras, no Palácio do Campo das Princesas.
O gestor estadual solicitou ao grupo que relacionasse um conjunto de ações prioritárias para o mundo rural, a exemplo de passagens molhadas, sistemas simplificados de abastecimento e poços artesianos. Ao mesmo tempo em que também garantiu “se debruçar” sobre as questões mais densas, que dependem de um volume maior de investimentos. Entre as demandas apresentadas ao governador pelo grupo de mulheres: a ampliação da oferta de cursos de qualificação e apoio técnico, além do acesso à água para o consumo e produção das famílias do campo.
“Se não dá para avançar, nesse primeiro momento, vamos manter o que está funcionando adequadamente, buscando não retroagir. Diante de um momento desses, de recessão, temos que priorizar. Antigamente, a gente tinha que pensar nas grandes obras. Hoje, temos que pensar nas pequenas coisas que podem minimizar o sofrimento de tanta gente”, explicou, completando: “É isso que estamos procurando fazer no âmbito da Secretaria da Mulher. Manter o que está funcionando e com transversalidade, com o braço das Secretarias de Saúde, Educação, Defesa Social, Agricultura”, frisou Câmara.
Ao lembrar que participou, como secretario estadual (Fazenda e Administração), da concepção da política de gênero instituída durante a gestão do ex-governador Eduardo Campos, Paulo Câmara defendeu o fortalecimento de uma política de Estado e não de Governo. “Não tem outro jeito de combater a violência e avançar nas políticas de prevenção e qualificação de gênero se não tivermos um olhar sempre atento e muito focado do Estado nas políticas sociais”, defendeu Paulo Câmara. “Vamos avançar com o fortalecimento desse núcleo”, garantiu.
A secretária da Mulher, Silvia Cordeiro, reafirmou a posição adotada pelo Governo de Pernambuco de manter um canal aberto com os movimentos sociais que defendem os interesses de gênero. “Trazer aqui movimentos sociais rurais liderados por mulheres significa que o trabalho de gênero nesse Estado é diferencial no Brasil. As mulheres não vieram aqui pedir coisas ao governador, elas vieram discutir política do bem viver para as mulheres rurais nesse Estado. E o governador aposta nesse trabalho. Isso é um indicador de que política se faz com estratégia, com tempo e com escuta da população”, arrematou a gestora.
Com a experiência de quem vive da pesca desde os oito anos, Joana Rodrigues, hoje com 60 anos, de Itapissuma, representou a Articulação das Pescadoras de Pernambuco. “O primeiro passo, que é muito importante, foi o governador ter nos recebido. Foi a primeira vez que ele recebeu a comissão. Tenho certeza que seremos atendidas. Foi muito boa a participação da gente aqui. Estou saindo tranquila”, avaliou.
Quem também avaliou positivamente o encontro foi a agricultora familiar Maria das Neves Caldas de Souza, 50 anos, que deu voz à Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú, composta por 30 grupos de mulheres, que totalizam cerca de 500 participantes com atuação em dez municípios do Sertão do Pajeú. “A reunião foi muito proveitosa e fundamental. É muito importante esse compromisso que ele está assumindo com as mulheres rurais”, comemorou Maria, que veio do Sitio Mundo Novo, município de Tabira.
Criada em 2007 e institucionalizada em 2011, a comissão contribuiu, junto à Secretaria da Mulher, para elaboração do I Plano de Políticas para Mulheres Rurais de Pernambuco, lançado em 2010 e que, anualmente, é revisado e atualizado. A iniciativa, pioneira no Brasil, insere as mulheres rurais no debate que define a Estratégia de Governo para área. O documento define um plano de ação em cinco eixos. São eles: Relação das Mulheres Rurais com a Sociedade, Relação das Mulheres Rurais com a Natureza, Relações das Mulheres Rurais com o Poder, Relação das Mulheres Rurais com o Desenvolvimento e a Relação do Estado com as Mulheres Rurais.
COMPOSIÇÃO – Integram a comissão as seguintes representações. Da Sociedade Civil: Articulação das Pescadoras de Pernambuco (APP), Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Comissão Pastoral da Terra (CPT). Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Rede Convergir (Agreste), Rede Convergir Mulher (Sertão), Rede de Mulheres da Fruticultura Irrigada, Rede de Mulheres Indígenas, Rede de Mulheres Mandioculturas, Rede de Mulheres Produtoras do Pajeú e Rede de Mulheres Quilombolas. Dos órgãos estaduais:Secretaria da Mulher de Pernambuco (SECMulher PE), Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária (Sara) através do Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (Prorural), Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe) e Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), além de secretaria estadual e municipais de Saúde e secretarias estadual e municipais de Educação.