Comparo Jesus comigo,
Um tangerino sofrido,
Que no tropel da boiada,
Veste um gibão descosido,
Pra voltar caçando os rastros,
De um boi que ficou perdido.
Atá o meu coração,
De uns tempos pra cá ficou,
Como umbigo de um borrego,
Que um carcará beliscou,
Mas a mãe cheirou lambendo,
Com poucos dias sarou.
Terei um lugar no céu,
Como recompensação,
Que alguém cuspiu no meu rosto,
Mas eu por humilhação,
Me ajoelhei nos seus pés,
Beijei-lhe a palma da mão.
Sebastião Dias.