Um ano após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, o PSB busca uma liderança nacional capaz de garantir união à legenda e disputar, com chance de vitória, a Presidência da República.
O partido tenta ainda conquistar espaço nos estados, com a filiação de nomes capazes de concorrer com chances de vitória às eleições para governador, em 2018.
Carismático e herdeiro de uma família com forte tradição política em Pernambuco, Eduardo Campos era a maior liderança do PSB. A morte prematura em meio à campanha pela Presidência, no ano passado, gerou um vácuo e incertezas sobre o futuro do partido que ele ajudou consolidar.
Para manter a visibilidade obtida na eleição de 2014, lideranças do PSB tentam convencer a viúva Renata Campos a concorrer à Presidência da República em 2018.
A maior aposta do PSB para o futuro, porém, é João Campos, filho do ex-governador. Estudante de engenharia civil, o jovem de 24 anos quer seguir os passos do pai e deve estrear no campo político disputando uma cadeira na Câmara dos Deputados, em 2018.
“O filho do Eduardo vai ser candidato a deputado federal”, confirmou ao G1 o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
O vice-presidente de Relações Governamentais do partido, Beto Albuquerque (RS), também aposta no sobrenome e desenvoltura de João Campos, que já assumiu, na própria família, o papel de porta-voz – é incumbido de fazer os discursos em eventos públicos e conceder entrevistas.
“A gente tem que continuar firmes no propósito de continuar fazendo protagonismo. O João vai terminar a faculdade dele e certamente vai dar continuidade à política. Acho que ele vai ser candidato a deputado federal em 2018”, disse Beto Albuquerque, candidato a vice-presidente da República, em 2014, na chapa liderada por Marina Silva após a morte de Campos.
A presença de Marina Silva no PSB, aliás, é considerada temporária, devido às divergências políticas entre ela e a direção do partido.
O nome da ex-senadora sequer é citado pelos dirigentes do PSB nos planos da sigla, e a expectativa é de que ela migre para a Rede Sustentabilidade, partido que tenta fundar, assim que a criação da legenda for autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Filho
João Campos não descarta a candidatura a deputado, mas adota tom de cautela ao falar do assunto.
“Hoje, eu sou estudante de engenharia da Universidade Federal de Pernambuco e meu plano é terminar a faculdade, me formar. O futuro a Deus pertence. Depois de terminar a faculdade posso pensar melhor, discutir e avaliar no tempo correto o que devemos seguir”, afirmou João Campos, que também herdou do pai a aparência e os olhos claros.
Mulher
Mais difícil que encorajar o jovem a seguir carreira política será convencer a mãe dele a disputar a Presidência em 2018.
Discreta, Renata Campos tem reiteradamente dito que defenderá o legado do marido, mas nos bastidores.
“Acho que, nesse cenário de o partido ter candidato, a Renata Campos é um nome ainda cedo para discussão, mas temos que cultivar a possibilidade de ela ser nossa candidata a presidente. Ela não admite, mas em política a gente tem que discutir as coisas mesmo sem acordo”, diz Beto Albuquerque.
Muito próximo à família de Eduardo Campos e afilhado político do ex-governador, o atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), destaca que Renata não tem interesse em ingressar na política. Logo após a tragédia de agosto do ano passado, o PSB tentou convencer, sem sucesso, a viúva a ser candidata a vice na chapa de Marina Silva.
“Renata, no momento, não se mostrou disposta a fazer a travessia para a política eleitoral. Ela foi uma grande pessoa que ajudou Eduardo, mas como militante do partido. Ela quer continuar ajudando o partido, nos ajudar a governar bem. Ela tem sempre contribuído, mas tem o seu espaço. Ela vai ter voz, como sempre teve no partido, e vai almejar aquilo que ela entende que será bom para ela”, disse Câmara ao G1.
Apesar da resistência de Renata, o presidente nacional do PSB não descarta a candidatura. “É uma possibilidade concreta, mas o partido também não precisa só considerar lideranças conhecidas, pode lançar novos nomes”, disse Carlos Siqueira.(G1.COM)