Após muito tumulto e várias reuniões suspensas por falta de quórum, o governo conseguiu a aprovação do projeto que alterou a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias, se livrando da punição pelo não cumprimento do superávit primário previsto para o ano de 2014.
Passado o vexame, tudo parece muito tranqüilo quando, na verdade, as dores de cabeça estão apenas começando. Uma economia que terá crescimento zero em 2014, inflação de 6,5% e juros de 11,75%, só pode está em forte desequilíbrio. Essa era a realidade do debate econômico, que foi minimizada durante a campanha da reeleição com a conivência do Banco Central, é claro.
Não há como esconder que a inflação vem galopando desde março último, embora pareça ter virado problema somente após o fechamento das urnas. Isso foi demonstrado no aumento da taxa de juros em 0,25 %, três dias após as eleições e mais 0,50 pontos na decisão do COPOM da última quarta feira (03/12). Vale ressaltar que a presidente Dilma tomou posse com os juros em 10,75% e chegará ao final do primeiro governo com a taxa em 11,75%. A última vez que o IPCA esteve no centro da meta de inflação foi em agosto de 2010. De lá para cá, o índice esteve acima do limite máximo de tolerância, 6,5%, por 14 meses. Permaneceu acima desse teto e, em outubro, último dado disponível, marcava 6,59%.
Durante toda a campanha eleitoral governo e Banco Central colocaram panos quentes sobre a questão. A oposição e os economistas que alertavam para os seus riscos eram os pessimistas. De uma hora para outra, o BC passou a ficar preocupado com a alta do dólar e as conseqüências do seu enorme programa de swap cambial, que já passa de US$ 100 bilhões em contratos em aberto. Para não vender reservas – um dado usado como bandeira durante as eleições – a autoridade monetária usou os swaps, que carregam em si um risco fiscal. O BC aposta na baixa da moeda americana mas, se ela subir, terá que liquidar a diferença em reais.
Sem querer exagerar no pessimismo, acreditamos que 2015 será um dos piores anos na
história da nossa economia. Conforme sentenciou um colunista da Veja em matéria recente: “ O governo Dilma parece exaurido porque é a continuação de uma cadeia de erros e está emparedado porque trafegará entre PT e PMDB, haja estômago, e entre cobradores e abafadores do magno escândalo do petrolão, haja pulso”.
Herança maldita é isso e no quesito economia se a presidente continuar na mesma pisada significa copiar o mapa do abismo com a opção do aperto, como sugerem as altas de juros e os aumentos dos preços que vinham sendo postergados a exemplo dos combustíveis, energia elétrica e outros que estão por vir.
Torcemos muito pela nova equipe econômica, todavia, a repetência dos erros do atual
governo, equivale a rasgar de alto a baixo os discursos inflamados de campanha e mostrar para a sociedade que tudo não passou de um engodo, o que caracteriza um grande estelionato eleitoral.
Danizete Siqueira de Lima