A rebeldia do prefeito de Abreu e Lima, Pastor Marcos José (PT), que anunciou na semana passada apoio à pré-candidatura de Paulo Câmara a governador, não é fato isolado no PT. Outros gestores petistas já acertaram voto com quadros do PSB, principalmente para a eleição proporcional. Enquanto isso, a sigla vive um momento de reconstrução após uma guerra interna que durou mais de um ano e debate seu posicionamento para a sucessão estadual: se lança nome próprio ou apoia a pré-candidatura do senador Armando Monteiro (PTB), como deseja a direção nacional. Em relação à majoritária, não há consenso nas opiniões dos 13 prefeitos petistas.
O argumento sustentado pelos gestores para se aliar a lideranças de campo político diferente do PT é comum: aliança antiga com o candidato e a atenção dada por ele à cidade e à gestão, com liberação de emendas.
O prefeito de Orocó, Reginaldo Cavalcante, não tem problema de declarar apoio à reeleição dos deputados socialistas Raimundo Pimentel (estadual) e Fernando Filho (federal). “Venho acompanhando eles há anos. Tenho que acompanhar quem está me ajudando. Fernando Filho tem ações em Orocó, botou emendas”, justifica. Ele defende o lançamento de candidato próprio na majoritária, porque conta que esteve várias vezes em Brasília e nunca foi recebido por Armando Monteiro. Nos bastidores, entretanto, se comenta que ele está disposto a fazer campanha para Paulo Câmara. O petista, inclusive, prestigiou o lançamento do socialista, no mês passado, ao lado do também petista Marivaldo Andrade, prefeito de Jaqueira.
Em São José do Egito, o prefeito Romério Guimarães (PT) apoiará a reeleição do deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB). O gestor relata que aliou-se ao socialista quando ele ainda pertencia aos quadros do PT. “Nos pegou de surpresa a saída dele (do PT), mas pensamos em apoiá-lo porque ele apoiou minha campanha. Ele nos ajudou com emendas, projetos… não é uma relação de agora”, diz. Após dois anos como secretário estadual de Transportes, Isaltino Nascimento voltou à Assembleia Legislativa em janeiro deste ano, como vice-líder do governo.
Com medo de retaliação, alguns preferem não dar entrevista, mas nos bastidores o tititi é constante. Além dos casos já citados, correm informações de que o prefeito Argemiro Pimentel, de Machados (Agreste), apoiará a candidatura do deputado estadual Danilo Cabral (PSB) à Câmara Federal e Túlio José Vieira, de Surubim, também fará campanha para Paulo Câmara. Eles não atenderam a reportagem.
Dos prefeitos ouvidos pelo JC, apenas Dr. Luiz Carlos (Custódia) e Luciano Duque (Serra Talhada) manifestaram apoio ao senador Armando Monteiro. O primeiro tem ligação com os irmãos Zeca Cavalcanti (ex-prefeito de Arcoverde) e Julio Cavalcanti (deputado estadual) – ambos do PTB –, que vão disputar a Câmara Federal e a reeleição, respectivamente. Já Luciano Duque é ligado à cúpula nacional do partido, que pressiona pelo apoio ao trabalhista.
DIREÇÃO
Apesar de sustentar um discurso cauteloso sobre a questão, a presidente estadual do PT, Teresa Leitão, enviou um recado aos prefeitos ao afirmar que já ocorreram eleições em que petistas apoiaram candidatos de outros partidos, o que é diferente de se aliar a nomes de outras coligações. “Estes deputados vão estar com Dilma? Esta pergunta vamos ter que fazer nesta discussão”, pressionou a dirigente, lembrando que a prioridade do partido este ano é reeleger a presidente Dilma Rousseff, adversária do governador Eduardo Campos (PSB).
Ela disse que o debate em torno da proporcional será iniciado após a definição da eleição majoritária. “Esta situação de fazer dobradinha com proporcional de outra coligação vamos ter que avaliar. Não temos posição prévia”, disse Teresa Leitão.