Agricultura familiar
Por ter nascido em uma pequena propriedade rural no Sertão de Pernambuco e ter atuado durante muitos anos na concessão de crédito rural para pequenos agricultores, vejo com preocupação o abismo para onde estão levando a agricultura familiar.
Há muito tempo o Governo Federal tem “criado” políticas de gabinete para agricultura familiar cujo êxito fica no mesmo nível da produção, ou seja, muito próximo de zero.
O intelectual José Graziano da Silva, natural de “Urbana”, no Estado Illinois – EUA, que não deu conta do Programa Fome Zero do Governo Lula, hoje como Diretor Geral da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, atuou para que a ONU declarasse 2014 como o “Ano Internacional da Agricultura Familiar” (AIAF 2014).
O que este fato trará de concreto para Agricultura Familiar no Brasil? Como diz o apresentador Tadeu Schmidt: NADA. Será mais um programa que morrerá da mesma forma que a semente jogada no solo do semiárido em ano de estiagem.
Os técnicos da ONU, assim como os do Governo, em sua maioria não sabem diferenciar um pé de
“coentro” de um pé de “salsa”, nunca plantaram um pé de “maxixe”, mas, munidos da autoridade que lhes foi dada criam modelos de produção alheios à realidade do campo.
Certa vez, em Barreiras, no oeste da Bahia, testemunhei um grupo de agricultores de um assentamento do INCRA jogando calcário utilizando carros de mão. Na propriedade ao lado a distribuição era feita através de máquinas munidas de computadores de bordo que, através de dados cadastrados em um GPS, definiam a quantidade exata de corretivo a ser jogada no solo.
Nossa agricultura familiar brasileira precisa de um plano de longo prazo que contemple a lógica do que produzir como produzir e para quem produzir. Fora disto é continuar jogando semente sobre cascalho e permanecer culpando a agricultura de precisão por investir e produzir em escala crescente.
Por: Ademar Rafael