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NO NORDESTE, CARÊNCIA DE MÉDICOS AFETA ‘SAÚDE DA FAMÍLIA’

Moradora do bairro de Santo Amaro — um dos onze que integram o primeiro distrito de saúde do Recife., a dona de casa Helena Joana Santos da Silva, 28, reclamava na última quinta-feira da demora no atendimento da filha, Jecklly, de um mês. Depois de três horas com o bebê no colo, descobriu que a espera foi em vão, porque o único médico do Posto de Saúde da Família faltou no dia da consulta. Ao seu lado, Vaneide Carolina da Silva, 19, também ia voltar para casa com o filho de quatro meses, Vítor Gabriel. O PSF tem duas equipes, e deveria ter dois profissionais. Essa carência não é novidade para Gerusa Lins da Conceição, 54, quatro filhos.

Às vezes, saio de casa às 5h, porque só 20 pessoas recebem as fichas de manhã. Às 8h, quando o posto abre, já tem um bocado de paciente esperando. Então, tem que vir muito cedo para receber a ficha com oito dias de antecedência e aguardar ser atendido, afirma Gerusa.

Enfermeira é bom exemplo

Josilene Ferreira dos Santos, 33, quatro filhos, também se queixa. Diz que o PSF só tem “uma doutora” que nunca falta, e que faz de tudo um pouco. O que ela não sabe é que a doutora a que se refere é a enfermeira Cláudia Lima de Araújo, há dez anos atuando no setor e há um naquele PSF. Habilitada para atendimentos básicos relacionados nos procedimentos do Ministério da Saúde, ela chama a atenção do bairro pela dedicação. Como ainda não entrou em vigor o chamado ato médico — projeto de lei que regulamenta a Medicina — a enfermeira vai fazendo o que pode.

Uma vez por semana, tenho agenda domiciliar, mas hoje nem pude ir porque a demanda no PSF foi muito grande — contou a enfermeira.

A situação no distrito de saúde que inclui vários bairros miseráveis não é tão ruim, segundo a coordenadora do distrito, Alessandra Araújo. Ela informou que a região possui dez unidades do PSF, com 16 equipes, mas que só uma está incompleta. A coordenadora atribuiu a falta do único profissional na última quinta-feira às mobilizações que vêm sendo realizadas pela categoria.

Equipes médicas incompletas, seja em programas de saúde da família ou em hospitais públicos, não são problema exclusivo do interior. De acordo com secretários de Saúde do Nordeste, há dificuldades para preencher os cargos nas próprias capitais.(Jornal o Globo)


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