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Nordeste concentra 17% do estoque de empregos formais do País, segundo a Sudene

Boletim divulgado pela Autarquia traz dados sobre o desempenho regional em 2024, além de uma análise conjuntural entre 2013 e 2023

De acordo com o Boletim Temático Emprego e Rendimento, lançado hoje (30) pela Sudene, o Nordeste concentrou, em 2024, 17% do estoque de empregos formais do País. Os estados que mais contribuíram para a boa performance regional foram Rio Grande Norte, Paraíba, Sergipe e Alagoas. As unidades federativas registraram acréscimo, quando comparado a 2023, de 7,3%, 6,5%, 5,4% e 4,9%, respectivamente. Os vínculos ativos registrados no ano passado foram de 527.070 (RN), 520.348 (PB), 329.235 (SE) e 430.300 (AL). O documento está disponível neste link.

Elaborado pela Coordenação-Geral de Estudos e Pesquisas, Avaliação, Tecnologia e Inovação da Sudene, o boletim também traz informações sobre o comportamento das atividades econômicas. No período avaliado, o setor de Serviços deteve a maior concentração no estoque de empregos no Nordeste, ficando em 47,1%, percentual que se aproximou ao do País como um todo (47,6%). O Comércio também se destacou como um importante setor empregador, com participações de 24,7% (Nordeste) e 22,8% (Brasil).

A Agropecuária teve uma representatividade menor no estoque de empregos formais, com 3,9% no Brasil e 4,2% no Nordeste. A participação da Indústria foi de 16,3% no Nordeste e de 19,3% no Brasil, enquanto a Construção apresentou uma movimentação inversa, com uma atuação ligeiramente maior no Nordeste (7,7%) em comparação com o Brasil (6,4%). De acordo com a Sudene, estes dois últimos setores ocuparam posições intermediárias em relação ao estoque de empregos.

Na análise territorial, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste identificou um “cluster de concentração de emprego na Região”, especialmente nas capitais e em suas imediações. Esse cenário é atribuído a um “conjunto de fatores econômicos, incluindo economias de aglomeração, maior demanda agregada, investimentos públicos estratégicos e um desenvolvimento histórico que gerou um ambiente de negócios mais dinâmico e atrativo”. Apesar desse cenário, alguns municípios de médio porte do interior compõem um grupo que possui mais de 50 mil e menos de 300 mil empregos, entre eles Feira de Santana (BA), com 142.479 empregos.

Na sequência vêm Campina Grande/PB (106.776), Vitória da Conquista/BA (81.666), Caruaru/PE (81.619), Petrolina/PE (84.043), Mossoró/RN (76.156), Imperatriz/ MA (59.588) e Juazeiro do Norte/CE (51.620). “Certamente uma das questões-chave que respalda este crescimento é a expansão de rede de institutos e universidades federais e estaduais, contribuindo para uma maior oferta de mão de obra qualificada nestes municípios, reforçada pela ampliação da infraestrutura existente”, afirma o economista Miguel Vieira Araújo, da Sudene.

Essas localidades se sobressaem nos setores de comércio e serviços. Em Imperatriz (MA) e em Juazeiro do Norte (BA), por exemplo, a soma desses dois setores atinge 81% do total de empregos formais do município, superior à mesma soma no Brasil (71%) e no Nordeste (72%). Na sequência, vêm Campina Grande/PB (78%), Feira de Santana/BA (74%), Caruaru/PE (73%), (Mossoró/RN (72%) e Vitória da Conquista/BA (70%). Petrolina apresenta um perfil diferente, com a fruticultura se destacando e levando o setor Agropecuário a ser responsável por 30% do total de empregos formais do município, tornando-se o segundo que mais emprega – o primeiro é o de serviços (33%). Em Petrolina, os setores de Comércio e Serviços respondem conjuntamente por 57% do total de empregos.

Além do perfil diferenciado de Petrolina (PE), o boletim chama a atenção para Vitória da Conquista (BA) e Caruaru (PE), que possuem uma proporção do emprego industrial de 19% e 20%, respectivamente. Para Miguel Vieira Araújo, “essas diferenças intrarregionais reforçam a necessidade de que as políticas públicas sejam planejadas levando em consideração as especificidades de cada localidade”. Quanto ao rendimento, em 2024, o Nordeste registrou uma remuneração real média de R$ 2.676,18, 72% da média nacional (R$ 3.706,90).

A Coordenação-Geral de Estudos e Pesquisas, Avaliação, Tecnologia e Inovação enfatiza, no boletim, que os dados analisados contribuem para identificar tendências de longo prazo, como as transformações na estrutura setorial do emprego, o crescimento real dos salários e a persistência ou redução das desigualdades regionais, fornecendo subsídios para avaliar a eficácia de políticas públicas implementadas e o planejamento de estratégias futuras para um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável na Região. A partir dessas avaliações, “podemos delinear estratégias direcionadas para estimular a criação de empregos de qualidade, fomentar a elevação da renda da população e promover a inclusão social”, enfatiza o economista José Farias, titular da coordenação.

O boletim também traz dados conjunturais com foco no emprego industrial no período de 2013 a 2023. São abordadas informações em relação ao estoque de emprego e remuneração em salários mínimos das atividades econômicas, seguindo a Classificação Brasileira de Ocupações, a partir de dados coletados na base da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em 2013, o Nordeste correspondia a 18,2% do emprego formal no País, enquanto em 2023 essa porcentagem caiu para 16,4%. Mesmo com a redução a Região manteve a terceira maior concentração de empregos formais, que foi superada pelo Sudeste (aumento de 50,3% para 51,3%) e Sul (crescimento de 17,2% para 18,4%). Em relação à distribuição dos empregos totais por faixas de remuneração em salários mínimos, foi observado um movimento de redução na proporção de empregos na faixa de até 1,00 salário mínimo na maioria das regiões. No Nordeste, essa faixa apresentou uma queda significativa de 34,3% em 2013 para 27,6% em 2023. A faixa salarial de 1,01 a 2,00 salários mínimos remunerava mais da metade dos trabalhadores no Nordeste (57%), no período 2013-2023.

Segundo José Luís Alonso, técnico da Coordenação-Geral de Estudos e Pesquisas, Avaliação, Tecnologia e Inovação da Sudene, “foi observada a tendência de convergência na parcela de empregados em atividades próprias da indústria do Nordeste em comparação com o Brasil, entre 2013 e 2023. Enquanto no Brasil a parcela de empregados em atividades próprias da indústria passou de 26,3% para 27,5%, um acréscimo de 4,6%, no Nordeste a participação passou de 23,0% para 26,1%, um acréscimo de 13,5%”.

A análise apontou a importância do segmento industrial na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, representado por empregos com melhor remuneração, menor rotatividade, além de serem mais duradouros. Para José Farias, esse cenário reforça a importância da territorialização da Nova Política Industrial Brasileira (NIB). Como integrante do grupo de trabalho da NIB, a Sudene atua para mapear as principais aglomerações industriais da região, os sistemas produtivos existentes e as capacidades locais.


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