Petrolina (PE) – O Seminário de Bioeconomia da Caatinga, encerrado hoje (23) nesta cidade do sertão pernambucano, teve o objetivo de ampliar a discussão sobre o uso sustentável dos recursos genéticos da caatinga e destacar os avanços das pesquisas sobre a bioeconomia do bioma. Foram dois dias de debates, que contaram com palestras sobre o fortalecimento da bioeconomia, uso econômico do patrimônio genético e desenvolvimento regional através da bioeconomia, além de apresentar experiências de sucesso da bioeconomia da caatinga. Beatriz Lyra, coordenadora-geral de Promoção do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Sudene, fez a apresentação, na tarde desta quinta-feira (23), “Bioeconomia e desenvolvimento regional”, com enfoque no semiárido.
Segundo Beatriz Lyra, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste vem apostando na bioeconomia por entender que esse é um caminho para “fortalecer a economia através da geração de emprego e renda, diminuindo o esgotamento dos recursos naturais e garantindo a sustentabilidade ambiental”. A coordenadora elencou as principais ações que estão sendo implementadas para sanar problemas como a baixa incorporação da cultura da sustentabilidade atrelada às oportunidades de renda e emprego; o reduzido número de certificadoras e protocolos de produção; a desertificação e a baixa interação entre produtores, tecnologias existentes e mercado comprador dos insumos.
O projeto “Impacta Bioeconomia”, por exemplo, vem buscando transformar a biodiversidade da região em produtos economicamente viáveis, incluindo pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações para diversos setores. A ideia do projeto é usar a biodiversidade com foco em saúde através de alimentos funcionais; suplementos alimentares; defensivos agrícolas; cosméticos inteligentes; bioinsumos funcionais; bioinsumos farmacêuticos ativos e medicamentos. Foi destacado que existem 932 espécies de plantas no bioma caatinga, abrangendo os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Norte de Minas Gerais.
Uma das espécies citadas foi o Maracujá-da-Caatinga, cujas folhas podem ser utilizadas para medicamento fitoterápico e cosmético fotoprotetor, enquanto as sementes, além de serem vendidas in natura, podem virar bioinsumos (óleo essencial, proteínas e fibras). Outra proposta da Sudene é fazer o mapeamento de Cadeias de Valor e o levantamento do marco legal federal e estadual aplicado à produção e comercialização dos produtos da caatinga. Serão selecionadas organizações socioprodutivas, sediadas no semiárido nordestino, interessadas em colaborar na estruturação de cadeias de valor integradas ao CEIS (Cadastro de Empresas Inidôneas e Suspensas). Estão previstos, ainda, cursos de extensão direcionados aos membros das organizações socioprodutivas selecionadas.
A apresentação de Beatriz Lyra destacou o alto potencial da vegetação da caatinga em sequestro de carbono e diminuição do efeito estufa; potencial de contribuição de pequenos produtores/agricultura familiar para segurança alimentar; e utilização dos insumos naturais, de regiões específicas do semiárido por parte de indústrias nacionais e internacionais, a exemplo da Natura e da L’Occitane. “O semiárido pode contribuir por meio de estruturas físicas e capital humano de universidades e institutos federais (especialistas, pesquisadores e professores), com potencial para engajar alunos e produtores na cadeia da bioeconomia”. Ela citou, ainda, o Fundo Caatinga (Minuta de Decreto), que possibilitará, dentre outras coisas, o aporte de recursos direcionados para a conservação, regeneração e uso sustentável dos recursos naturais do bioma.
O Seminário de Bioeconomia da Caatinga é uma realização da Embrapa Semiárido, com apoio da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), dos Bancos do Nordeste e do Brasil, do Senac e da BioAssets.