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Crônica de Ademar Rafael

A FESTA SUMIU?

Nós que ultrapassamos a barreiras dos sessenta anos quando falamos “No meu tempo era assim ou assado” somos chamados de saudosistas por uns ou de ultrapassados por outros. Mesmo correndo este risco quero hoje falar sobre o festa do Senhor Bom Jesus dos Remédios em Afogados da Ingazeira.

Nas décadas de 1970 e 1980 a Praça Arruda Câmara vestia roupa de gala para receber os visitantes durante as festividades que neste ano chega ao evento de número cento e noventa e cinco, isto mesmo, a 195ª festa. O Parque de Diversão era montado no meio da praça, as barracas em todo seu entorno e os habitante da localidades e visitantes criavam espaços para caminhar, paquerar, tomar sua bebida favorita e comer as delícias ofertadas pelos ambulantes ou nos pontos fixos da praça.

Não há meio de esquecermos os bailes do Aéreo Clube de Afogados da Ingazeira – ACAI, os jogaços no Paulo de Sousa Cruz e no Campo da Estação, as pastorinhas sob comando de Beto de Madalena, nosso “Beto Limonta”, as músicas tocadas na difusora e tantos outras coisas que o mundo das redes sociais teima em jogar na vala do esquecimento.

Quantos jovens da nossa querida cidade desconhecem que seus avós deram os primeiros beijos durante a “Festa de Ano”, alguns deles nas cadeiras do parque de Mané Jacó ou no salão da ACAI. No campo religioso a grande expectativa para este cronista era a homilia e Dom Francisco, o Profeta do Pajeú. Após a procissão na missão campal nosso pastor soltava o voz em defesa dos excluídos e denunciando os desmandos das autoridades sob tutela dos militares instalados na presidência de república por força do golpe de 1964.

Não temos como reativar as festividades no modelo antigo, mas, entendo ser nossa a obrigação de zelar para que não caiam no esquecimento.


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