Megaoperação educativa vai abordar cerca de 200 motociclistas para dar orientações de segurança viária. Além disso, Avenida Beberibe receberá motoboxes em cruzamentos para diminuir os fatores de risco
Excesso de velocidade, uso incorreto do capacete e condução sob efeito de álcool. Esses são os principais fatores de risco elencados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para causar ou agravar sinistros de trânsito com motociclistas. No Recife, em 2022, 1.535 pessoas foram vítimas de sinistros com motocicletas, sendo 13 fatais e 101 feridos graves, de acordo com os dados da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU). Para marcar o Dia do Motociclista, nesta quinta-feira (27), a Prefeitura do Recife intensificou as ações educativas para esse público. A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) e diversos órgãos de segurança viária vão realizar uma megaoperação educativa na Avenida Engenheiro José Estelita para sensibilizar os condutores quanto às condutas adequadas no trânsito.
Além da CTTU, SAMU Recife, Detran-PE, Operação Lei Seca, Observatório Nacional de Segurança Viária e Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Pernambuco (Sincor-PE) realizarão a ação a partir das 8h, no Cais José Estelita. Na ocasião, os motociclistas vão receber material educativo com informações e, ainda, um adesivo refletivo para o capacete, para se tornar mais visível, especialmente à noite. “Utilizamos datas como essa para lembrar os motociclistas sobre a sua vulnerabilidade no trânsito. A moto é um veículo pequeno e que tem potencial para acelerar, mas que qualquer batida ou queda, é o corpo do condutor que vai receber o primeiro impacto, então é preciso uma atenção redobrada à velocidade adequada, ao posicionamento do veículo na via para evitar e diminuir a gravidade dos sinistros de trânsito”, explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
Outra ação será feita na Avenida Beberibe, na Zona Norte. Equipes da engenharia de trânsito estão implantando motoboxes em cruzamentos da via para dar mais segurança na partida após a abertura dos semáforos. Dessa forma, se posicionando à frente dos veículos maiores, os motociclistas não precisam competir por espaço na via, o que causa menos risco de colisões. Outras ações como essas já foram feitas na Avenida Norte, Conselheiro Aguiar e Agamenon Magalhães.
O Relatório de Segurança Viária – Recife 2021 – Motociclistas, indica que 81% dos sinistros com vítimas feridas envolveram motociclistas. Além disso, em 2021, houve um aumento de 5% no número de sinistros de trânsito envolvendo motociclistas, que representaram 25% das vítimas fatais em 2021. A publicação indicou o perfil das vítimas fatais motociclistas: 91,3% eram condutores, 47,8% tinham entre 20 e 29 anos, 86,96% eram homens e 48% das ocorrências aconteceram no período da noite.
Entre os principais fatores de risco para sinistros de trânsito, está o excesso de velocidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a velocidade excessiva é o principal fator de risco que mais causa sinistros de trânsito, responsável por uma em cada três mortes por sinistros de trânsito em todo o mundo. A OMS avalia que a velocidade elevada provoca um efeito de afunilamento no campo visual do condutor, o que prejudica a percepção de pedestres e outros obstáculos nas ruas. Sem conseguir uma clara imagem do que está ao seu redor, o motorista aumenta a insegurança. Um estudo realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) analisa que, em caso de um atropelamento a 80 km/h, os danos causados ao corpo humano seriam equivalentes a despencar do 9° andar de um prédio, praticamente anulando as chances de a vítima escapar com vida. Já se o veículo estiver a 50km/h, as chances de sobrevivência seriam maiores, similares a uma queda do 4° andar.
O uso do capacete também é um fator importante. Em pesquisa realizada pela Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária e pela Universidade Johns Hopkins no Recife, observou-se que, entre os condutores que utilizavam o capacete, 10% não utilizavam o capacete da forma correta nas vias analisadas. A OMS alerta que o uso correto de capacetes pode reduzir em 42% o risco de mortes e em 69% o risco de lesões graves.
Confira, abaixo, outras dicas de segurança viária para motociclistas:
Capacete e outros acessórios – O uso do capacete não é apenas uma dica de segurança, mas uma obrigatoriedade do ponto de vista legal. Motociclistas e garupas sem capacete podem receber multas, além de deixar vulnerável a região craniana, o rosto e o maxilar em caso de queda. Os capacetes devem estar dentro da validade e ter o selo do Inmetro, pois essa certificação garante a sua eficácia nos choques mais bruscos. Importante manter a viseira abaixada, pois caso contrário o motociclista pode sofrer sinistros com elementos externos machucando os olhos. Além do capacete, não esquecer que é interessante usar calça e jaqueta resistentes, calçados reforçados, com fecho e luvas com aderência, preferencialmente de couro. Isso minimiza o contato da pele com o asfalto em caso de queda. Também é interessante o uso da antena corta pipa para evitar ocorrências com cerol.
Crianças – De acordo com o artigo 244 do Código de Trânsito Brasileiro, o condutor de motocicleta não pode conduzir, na garupa, crianças menores de sete anos ou que não tenha condições de cuidar de sua própria segurança, ou seja, seus pés precisam alcançar pedais. A infração é gravíssima. Já a partir dos sete anos, as crianças precisam de um capacete adequado ao tamanho de suas cabeças para um ajuste adequado.
Manter-se visível – Para diminuir a vulnerabilidade do motociclista, é importante que ele se mantenha visível para os outros condutores. Para isso, é necessário não permanecer nos pontos cegos dos carros. Além disso, é importante optar por roupas claras ou chamativas. Os capacetes também podem ter faixas reflexivas.
Manobras seguras, velocidade adequada e respeito à sinalização – De acordo com o artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) todos os veículos devem ultrapassar pela esquerda. Além disso, o motociclista deve procurar visualizar todos os veículos que estão à sua frente e respeitar a sinalização. A distância deve ser aumentada e a velocidade diminuída no caso de manobras e ultrapassagens, e o motociclista só deve arriscar após ter certeza de que foi visto pelo motorista da frente. Os motociclistas, por terem mais possibilidade de andar rápido e porque têm um veículo menor, ultrapassam, com frequência, a velocidade. Entretanto, é importante lembrar que a velocidade das vias foi regulamentada pelo órgão de trânsito com estudos de engenharia de tráfego para garantir a segurança viária das pessoas em todos os modais. Por isso, é necessário estar atento à velocidade para cuidar de si e dos outros no trânsito.