Programa entra em sua 3ª edição, nesta segunda-feira (15), e permite capacitação e estágio remunerado nas dependências da Assembleia Legislativa
Vinte e oito jovens que estão encerrando o período de moradia nas casas de acolhimento do Estado já foram capacitados pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Outros 20 estão se preparando para ingressar no estágio na nova edição do projeto Alepe Acolhe com início na próxima segunda-feira (15). A iniciativa é fruto de uma parceria do Legislativo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) que visa capacitar e facilitar a inserção no mercado de trabalho de adolescentes que aguardam processo de adoção.
O seminário de acolhimento dos novos participantes da 3ª edição do projeto será realizado no auditório Enio Guerra, no 4º Andar, no Edifício Senador Nilo Coelho. Já o estágio terá início no dia 1º de junho. A nova turma será formada com adolescentes atendidos por entidades que abrigam jovens com histórico de abandono, orfandade ou perda do poder familiar por decisão judicial, cadastradas pelo TJPE.
O Alepe Acolhe foi criado em 2019, numa parceria entre a Assembleia e o TJPE. A capacitação ocorre por meio de um estágio remunerado (no valor de R$ 600,00) com duração de seis meses, renováveis por mais seis. Podem participar jovens de 18 anos a 17 anos e seis meses. De acordo com a gestora do programa, Cristiane Alves, o programa que busca dar oportunidade a jovens e adolescentes de se inserirem no mercado de trabalho é uma demonstração de que a “Alepe está atenta às questões sociais, principalmente da população jovem, sem voz e invisível que precisa de apoio para construir o futuro”.
Dentre os novos participantes do Alepe Acolhe está Vitória Mariana Dias de 17 anos. A adolescente passou a infância e juventude em casas de acolhimento. Não conheceu os pais ou qualquer outro familiar. Chegou no primeiro abrigo com apenas um ano de idade e passou por três adoções que não deram certo. Hoje, após a experiência de estágio na Procuradoria-Geral da Alepe, confessa que “ainda tem medo do futuro” por não saber de seu destino a partir de outubro, quando completa 18 anos e terá que deixar o abrigo onde reside atualmente. “Entrei (na Assembleia) sem saber quase nada. Hoje, conheço os hábitos de educação, de ser gentil com as pessoas, de ser educada. Também aprendi a lidar com documentos e mexer no computador. Passar por essa experiência foi mais que perfeito”, disse.
Para o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), apoiar causas que promovam justiça social e possibilitem a transformação de vidas deve ser papel primordial do Poder Legislativo. “Por isso reforçamos o compromisso de fazer com que o projeto seja ampliado, inclusive com ações que facilitem o encaminhamento dos jovens para o mercado de trabalho”.
Além de gerar conhecimento e expectativas de um futuro melhor, o Alepe Acolhe tem um grande viés social na avaliação do primeiro secretário da Assembleia, deputado Gustavo Gouveia (Solidariedade). “Não é só de acolhimento, é de oportunidade para os nossos jovens que vivem em casas de adoção e estão se preparando para o mercado de trabalho”, enfatizou.
A coordenadora da Infância e Juventude do TJPE, Hélia Viegas Silva, defende que o Alepe Acolhe seja adotado por outras instituições no Estado. “Esperamos que esse programa possa criar novas perspectivas, seja como jovem aprendiz ou outra forma de emprego. Esperamos que mais instituições e poderes possam se inspirar e multiplicar essa iniciativa. É fundamental garantir espaço para nossos jovens, cooperando nessa qualificação profissional”.