O governador Paulo Câmara inaugurou, acompanhado da primeira-dama Ana Luiza, nesta quinta-feira (29.12), o Memorial da Democracia de Pernambuco Fernando de Vasconcelos Coelho, que reúne todo o acervo documental produzido pela Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC). Um marco da memória das lutas pela liberdade e justiça social no Estado, o memorial fica instalado no histórico casarão do Sítio Trindade, no Recife.
“Nós precisamos olhar para o futuro do nosso país, para o fortalecimento das instituições democráticas. A democracia foi ameaçada em vários momentos da nossa história e não podemos deixar o Brasil retroagir. Resgatar a memória, a verdade, e ter instrumentos que possam fazer a população conhecer a história é fundamental para um futuro melhor”, avaliou o governador Paulo Câmara.
Na ocasião, o governador também sancionou a lei que declara o deputado federal Gregório Bezerra como Patrono da Luta pela Democracia em Pernambuco. Bezerra foi preso e torturado durante o período da ditadura militar.
O Memorial da Democracia de Pernambuco nasceu com a lei que instituiu a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, criada em 2012 pelo governador Eduardo Campos. Sua implantação ocorreu como resultado do Grupo de Trabalho Memorial da Democracia de Pernambuco. O colegiado foi criado em 2021, sob coordenação da vice-governadora Luciana Santos e integração de secretarias e órgãos estaduais.
No local, o visitante poderá realizar pesquisas e estudos. Além de salas com exposição, será possível acessar, em outros cômodos, versões digitais do relatório final da CEMVDHC, com mais de 800 páginas, e aos mais de 70 mil documentos coletados, entre prontuários, certidões de óbito, entrevistas e depoimentos.
Também está prevista uma biblioteca oferecendo títulos que convergem para a temática proposta pelo Memorial, sala para palestras, debates e para exibição de filmes. Uma das intervenções mais significativas do projeto de curadoria está na instalação de uma réplica da escultura Torre Cinética e de Iluminação, de autoria de Abelardo da Hora, com oito metros de altura. Criada originalmente em 1961 e instalada na Praça da Torre, a obra foi destruída em 1964 pelo Exército por ter sido considerada subversiva.
ESCOLHA DO CASARÃO – O casarão do Sítio Trindade foi cedido pela Prefeitura do Recife e ressalta a relevância histórica. Tombado por sua importância cultural, o local já acolheu o Forte Arraial do Bom Jesus, no século XVII, foco de resistência contra os invasores holandeses. Seu chalé, entre 1960 e 1964, foi a sede do Movimento de Cultura Popular (MCP), que reuniu nomes como Paulo Freire, Abelardo da Hora e Francisco Brennand e teve as atividades encerradas após ser invadido por tanques na ditadura militar.
HOMENAGEM – O nome do Memorial da Democracia de Pernambuco é uma homenagem ao coordenador geral da CEMVDHC, Fernando de Vasconcelos Coelho (1932-2019). Advogado, Fernando se destacou nas ações de combate ao regime militar (1964-1985).
Estiveram presentes à cerimônia os secretários estaduais Cloves Benevides (Justiça e Direitos Humanos), Fernando Jucá (Ciência, Tecnologia e Inovação), Marcelo Canuto (chefe de gabinete do governador) e Gilberto Freyre Neto (executivo de Relações Internacionais); o presidente da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), Ricardo Leitão; o procurador-geral do Estado, Ernani Medicis; o prefeito do Recife, João Campos; o procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco, Marcos Antônio Matos; os desembargadores Jones Figueiredo e Bartolomeu Bueno, do Tribunal de Justiça de Pernambuco.
Também prestigiaram a inauguração o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco (OAB-PE), Fernando Ribeiro Lins; o reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Marcelo Carneiro Leão; a reitora em exercício do Instituto Federal de Pernambuco, Juliana Andrade; a ex-primeira dama de Pernambuco Renata Campos; o deputado estadual Antônio Fernando; além de secretários municipais do Recife, membros do GT Memorial da Democracia de Pernambuco e familiares de vítimas da ditadura. Fotos: Aluísio Moreira/SEI