NÃO AO DESALENTO
Neste espaço consideramos um ciclo anual cada conjunto de cinquenta e duas crônicas. Assim sendo, esta é a primeira crônica do ano onze e o tema escolhido destina-se a nos manter motivados para enfrentar e vencer os desafios diários. Entendo que esta motivação precisa estar assentada sobre uma base constituída pela fé, pela força de vontade e pela ação.
Quando mergulhamos no assunto desemprego encontramos a palavra “desalento” para classificar as pessoas que perderam o ânimo para continuar procurando uma colocação. Os institutos que pesquisam o
assunto consideram desalentados “Pessoas que não realizaram busca efetiva por trabalho, mas gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar no período da pesquisa.”
São diversos os motivos que levam uma pessoa a perder o estímulo e deixar de lutar por dias melhores. O filósofo coreano Byung-Chul Han, no livro “Sociedade do cansaço” dá algumas pistas. Apresenta vários fatores que geram a o “esgotamento”, destacamos a competitividade exacerbada, a cobrança individual e coletiva por desempenho crescente, os excessos na comunicação e o abandono da vida contemplativa. Sem muito esforço podemos detectar outros, precisamos fugir deles e focar no tripé acima citado, tudo dentro dos limites suportáveis por nosso organismo.
O autor com lucidez atesta que “o hiper capitalismo transforma todas as relações humanas em relações comerciais”, que “enchemos o mundo com objetos e mercadorias com vida útil cada vez menores” e que “o
mundo perdeu sua alma e sua fala. O alarido da comunicação sufoca o silêncio.”
Para sair desse labirinto o poeta Dedé Monteiro, com extrema competência nos apresenta a ação da “esperança” nos dois últimos versos do soneto “As quatro Velas”, após ouvir as mensagens da “paz”, da “fé” e do “amor”, que se auto apagaram: “Não desiste ninguém, que a vida é bela/ E acendeu novamente as outras três”. Não ao desanimo, sim a ação.