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Crônica de Ademar Rafael

ANTÔNIO MARTINS DE MORAIS

De forma simplificada entendo que o mundo é formado por dois grupos de pessoas. No primeiro grupo estão aquelas que ao tomarem lugar em uma mesa cheia fazem com que trinta minutos depois todos que antes estavam sentados tenham se retirado, ninguém suporta a enfadonha conversa do recém chegado. O grupo dois é integrado por pessoas disputadas pelos que estão no ambiente na hora da sua chegada, todos se sentem bem ao seu lado. Antônio Martins faz parte do segundo grupo. É, de fato e de direito, uma pessoa agregadora que por meio do seu carisma torna os ambientes mais leves e harmoniosos.

Recentemente numa conversa com o amigo Elias Mariano, Professor e comentarista esportivo dos bons, comentei que dos grandes times do futebol brasileiro eu classifico como a melhor dupla de defensores Figueroa e Marinho no Internacional e Antônio Martins e Clóvis de Dóia como a melhor nos clubes regionais. Bila, como carinhosamente o chamamos, ratificou meu comentário e mencionou momentos que viu a dupla neutralizar ataques de times adversários como se estivessem deitados numa rede, zero nível de estresse.

Sempre que encontro Antônio Martins nosso diálogo transita entre poesia, corrida de gado e futebol. Invariavelmente ele cita grande jogadores com quem atoou. A relação é longa e aqui registro quatro nomes citados em todas as oportunidades: Seu parceiro Clovis, Biu de Zeca, Pedoca da Estação e Ademir. Ouvi várias vezes: “Biu de Zeca e Ademir colocavam a bola em lugares inimagináveis para os comuns e deram muita fama para atacantes.” Como duvidar de quem esteve ao lado desse craques.

Em um desses diálogos ele relatou que na época que esteve no Ferroviário de Recife participou de um jogo treino contra o Santa Cruz. O tricolor do Arruda na época tinha o quinteto: Luciano, Betinho, Ramon, Fernando Santana e Givanildo. Segundo Antônio Martins com poucos minutos esse ataque já havia feito cinco, Ramon infernizou a vida dele. Muitos anos depois, quando estava trabalhando na CAVASA, construindo pontes na zona da mata de Pernambuco foi convencido por um amigo a disputar uma partida de futebol na cidade onde nasceu Ramon. Ao entrar em canto quem estava como centro avante do time adversário? Ramon. Veio o filme do jogo treino contra o Santa Cruz. A sorte é que a ausência dos quatros companheiros e a idade não permitiram que Ramon fizesse o estrago que havia feito nos anos 1970.

Hoje fora dos gramados Antônio Martins nos brinda com suas agradáveis histórias e cantando forró ou música “seresta raiz” acompanhando os amigos Genailson na sanfona ou Chico Arruda no violão. Se faltar tocador ele tira acordes e canta com a mesma espontaneidade. É titular do Programa “Vida de gado” aos sábados na Rádio Pajeú, atração que brevemente completará 40 anos no ar. Este programa já foi registrado neste espaço numa crônica de 15.07.2019, quando dos 35 anos de sucesso entre os amantes do esporte praticado pelos que vestem a “toga de couro”.


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