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Crônica de Ademar Rafael

A FEIRA LIVRE

Tenho por hábito, desde a infância, visitar o espaço das feiras livres é grande a minha identificação com o que ali acontece. Trabalhei em feiras. Inicialmente ajudando feirantes nas montagens das barracas e na arrumação das mercadorias nos domingos em Jabitacá e depois como vendedor nas feiras de Afogados da Ingazeira e Tavares, como empregado do saudoso Aniceto Mariano nos tempos do Bazar das Miudezas.

Além de ser umas das maiores e mais prestigiadas feiras do Pajeú a feira de Tabira foi fonte de inspiração para o magistral poeta Dedé Monteiro criar o poema “Fim de feira”. São estrofes que definem com brilhantismo as cenas verificadas nos momentos finais de uma feira livre. A grande feira da capital do agreste pernambucano inspirou o poeta para com compor a música “A feira de Caruaru”, um dos inúmeros sucessos de Luiz Gonzaga. Sobre o tema o paraibano Sivuca e a paraibana Glorinha Gadelha fizeram a extraordinária música “Feira de mangaio”, que a mineira Clara Nunes interpretou com maestria. A letra merece todos os aplausos e a melodia é um das obras primas do grande instrumentista de Itabaiana.

Na condição de funcionário de funcionário do Banco do Brasil trabalhei em duas cidades baianas cujas feiras são dignas de registros a de Serrinha e de Vitória da Conquista, no bairro Brasil. Sobre a primeira fiz esta estrofe em 2002: “Aqui existe uma feira/ Que lembra Caruaru/ Tem farinha, tem beiju/Foice, facão e peixeira/ Balde, panela e peneira/Tem coentro e cebolinha/Tem bode, frango, sardinha/E pomada para unguento/ Se você quer sortimento/Venha a feira de Serrinha.”

Recentemente li o livro “Dias de feira”, do blogueiro Júlio Bernardo, que decifra em detalhes o entorno de uma feira livre. Narra as regras entre os feirantes, a relação de confiança entre feirantes e clientes, as rotinas do antes, durante e após feiras. Quem gosta o assunto fica encantado com a narrativa do filho de um feirante e, principalmente, com as lições que a feira livre nos dar gratuitamente.


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HELIO NORONHA
2 anos atrás

Mais uma bela reflexão de Ademar. Feira é folclore puro! Parabéns!