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Crônica de Ademar Rafael

POUCA EVOLUÇÃO

Se fizéssemos uma comparação entre as práticas dos donos do poder e a Teoria da Evolução, defendida por Charles Darwin em “Origem das Espécies” publicado no ano de 1859, observaríamos total incompatibilidade na relação dos estudos do biólogo e naturalista britânico com as práticas brasileiras. Leiam e tirem suas conclusões.

O escritor Laurentino Gomes, no segundo livro da trilogia “Escravidão”, cita um registro da inglesa Jemima Kindersley, datado de 1764, do qual transcrevemos uma parte. “…É política assente do governo manter o povo na ignorância, já que isso o faz aceitar com mais docilidade as arbitrariedades do poder.”

Na mesma obra o jornalista paranaense relata com extrema clareza o loteamento das capitanias entre “amigos do rei”, o compadrio e as nomeações de parentes. Considerando que a questão das capitanias é mencionada em nossa história, vamos aqui citar o caso em que o poderoso ministro do rei Dom José I, Sebastião José de Carvalho e Melo – Marquês de Pombal, nomeou seu irmão Francisco Xavier de Mendonça Furtado como Governador do Grão-Pará e Maranhão.

Os donatários das capitanias ocupam atualmente áreas menores, divididas em estados e municípios e os critérios de indicação para cargos vitalícios e de alta gestão continuam com os vícios do tempo do império.

Ainda segundo Gomes, no século XVIII várias áreas do país eram infestadas por bandos de salteadores que dominavam o espaço à revelia da lei e da ordem, extorquindo, roubando e matando. Com o tempo os nomes destes foras da lei foram sendo alterados: Cangaceiros, pistoleiros de aluguel, esquadrão da morte, crime organizado, milícias, novo cangaço e outros, as práticas e os objetivos seguem os mesmos. Com as ponderações acima, mesmo sendo variáveis diferentes, podemos afirmar que as espécies evoluíram mais que o jeito brasileiro de ser?


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