Por: Milton Oliveira
Para quem gosta de ler, não é surpresa alguma se deparar com toda sorte de informações, as quais, de alguma maneira, poderão acrescentar algo importante, curioso, extraordinário ou até mesmo interessante. Li, há poucos dias, que o médico britânico, Richard Smith, considera que, dos vários males que podem exterminar nossa vida, o câncer é o melhor deles, porque o enfermo pode se despedir dos parentes e amigos, dos prazeres, rever locais antigos, perdoar a quem julgar digno de perdão, partir para o andar de cima com mais serenidade. Mais ou menos isso. E fiquei até tarde da noite me virando na cama, sem sono.
Estou no rol das pessoas que foram atingidas pelas garras dessa doença tão temida, e agradeço a Deus por me conceder essa experiência. Não se trata de fanatismo, de uma espécie moderada de ausência de lucidez, não. De forma alguma! Tenho consciência da evolução da vida e da consequência fatal que aguarda a todos nós. Por acreditar num ser superior que me deu a vida, como deixar de reconhecer o direito dessa dádiva voltar para onde veio?
Quedando-me em reflexões, descubro-me, ansioso, com o desejo de rever alguns parentes a quem defiro sincera amizade, pessoas que moram noutras localidades e que nunca mais nos avistamos. Igualmente, gostaria de abraçar alguns amigos queridos, com os quais usufrui os melhores anos da minha infância e adolescência. Os colegas do internato e inúmeros outros que a vida me presenteou ao longo dos últimos anos. Ah! Como seria bom encontrá-los! Mas não pretendo, com isso, despedir-me deles; desejo revê-los, apenas, porque não será esse o momento do adeus. Todos nós adoecemos, seja do que for, e isso não quer dizer que é chegado o fim.
Sempre fui sentimental, assumido mesmo, desses que não gostam de entabular relacionamento sem que haja um pouco de ternura. A bem da verdade, sempre dei preferência ao enlevo de sentir o coração bater mais apressado, em face da ternura de um olhar recheado de interesse. Como fui criticado por isso! Às vezes de forma desapiedada, a censura velada transmudando-se em inverdades, em acerbas críticas sem fundamento algum, em insultos desnecessários. Noutras, porém, desfrutei da compreensão daqueles que não concordavam comigo, mas me deixaram de lado.
Aprendi, entre outras coisas, que a felicidade é não guardar rancor, e o perdão é um bálsamo para o espírito. A leveza da alma é um tesouro inestimável.
Censurar o próximo é uma imaturidade ímpar. Todos nós temos imperfeições, e muitas!, mas isso não pode ser motivo de condenação, de execração, de insultos graciosos. Aquele que se compraz em rotular as pessoas, padece de miopia quanto ao seu comportamento, porque, mesmo cometendo o que critica nos outros, julga que ninguém sabe de suas falhas, ou que elas são menores que as alheias, e não é bem assim.
Quem não comete atrocidades com o poder da mente? Fantasias sexuais, adultérios, vinganças, maledicências inconfessáveis. Nem por isso deixamos de ser íntegros e bons, dignos do apreço dos nossos pares. A intimidade é uma particularidade dimensionada de acordo com a cultura de cada um. Viva a sua, aproveite-a intensamente, seja feliz, sem a menor censura, porque a soma de suas experiências definirá os matizes da sua existência.
Lição de vida, e não é para todo mundo. É muito raro, levando à musica de Caetano, a nossa fera interior, não sair ferida. Sua crônica transmite positividade.
Um extraordinário relato de quem se debruça sobre o seu papel aqui na terra. A vida é bela e é prá ser bem vivida. Aproveitar os prazeres e compartilhar com o próximo. Senão, ela passa rápido como uma ventania e não deixa aproveitamos os benefícios se remoendo em angústias e tristezas. Que nosso tempo terreno seja mais uma dádiva do que um peso imenso a ser levado à eternidade. Vida longa meu amado irmão Milton.
Parabéns Dr. Milton pela matéria em apreço, tratando dos prazeres da vida que cada um deve abraçar.
Abraços ao meu amigo Milton Oliveira.
Agradeço por sua amizade e ainda mais pela sua oratória e saber esplêndido.
Abraços, abraços.