ESCOLHAS
Tenho poucas dúvidas sobre a extinção da prudência provocada pela ação devastadora do mundo dos “ismos”, representado pelo consumismo, imediatismo, fanatismo, individualismo e outros. Seguido este raciocínio os ensinamentos dos nossos avós, dos quais extraímos as partículas “um pé atrás” e “de orelha em pé”, são realmente coisas do passado. Para este tipo de posicionamento não tem espaço no mundo atual.
Não temos tempo para pensar, medir os riscos e decifrar o binômio custo x benefício. Hoje é comum decidir em cima do que enxergamos como certo, não interessa a base superficial, interessa o resultado que vemos ao fazermos as escolhas. Para que estudar se as redes socias tem todas as respostas? Se a comunicação virtual decifra todos os enigmas?
O térreo fértil desse universo, quase sempre composto de areia movediça, acolhe fundamentos apresentados pelos economistas George Arthur Akerlof e Robert James “Bob” Shiller no livro “Pescando tolos – A economia da manipulação e fraude”. George e Robert, ganhadores do prêmio Nobel de Economia em 2001 e 2013, respectivamente, apontam como as pessoas estão sendo facilmente induzidas ao consumo por meio de mensagens esteticamente desenvolvidas para atrair ‘tolos’ e que representam verdadeiras “iscas”. Tais mensagens alcançam pescarias vinculadas a alimentos, medicamentos, cigarro e álcool, consumo de bens duráveis e ativos financeiros.
Na ligação entre o enunciado do início deste texto e mensagem principal do livro encontramos: “…histórias que as pessoas estão contando para si mesmas.”. Simplificando, diríamos que em nome da modernidade estamos ouvindo e seguindo apenas o que nos interessa, estamos deixando de lado o julgamento aprofundado. Damos atenção a mídia e aos especialistas em marketing de massa. A hora nos remete ao lema dos escoteiros: “Sempre alerta” ou o ditado popular “Prudência e caldo da galinha não fazem mal a ninguém”. As escolhas são suas, os prejuízos também.
É verdade, reforçando o que você comentou. Vivemos, nesse aspectos da economia comportamental, o uso de estratégias que capturem a nossa subjetividade e nos manipule.